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23/02/2007

É um processo...

Não sei se existe alguém que tenha acordado de manhã e tomado uma decisão: "Vou ser palestrante!". Dar palestras é algo que acontece naturalmente. Você fala aqui e ali, e acaba um dia descobrindo que poderá transformar aquilo em profissão. Mas para alguém que está neste rumo, sugiro que aprenda a respeitar seu público. Ele é o seu cliente. Se você tiver sempre isto em mente, irá fazer das tripas coração para agradá-lo. Aí a preparação irá exigir muitas horas de estudo e pesquisa. Ser palestrante na era da Internet é algo tremendo, já que temos informação sobre tudo ao alcance da mão.

Uma outra coisa muito importante é aprender técnicas de oratória, ou em cursos especializados ou pesquisando e observando as pessoas. Sua voz e expressão corporal compõem o prato e os talheres com que você irá servir o jantar aos convidados. Precisam estar limpos, colocados de maneira correta, afiados e bem manejados. Mas é importante lembrar que não deve ser o prato que deve chamar a atenção, mas o que é servido nele. O palestrante deve ser o meio apenas, para comunicar. Se quiser chamar a atenção sobre si, não demorará para ser rejeitado pelo público. As pessoas não vão à palestra para ver o palestrante, mas o que ele tem a dizer.

22/02/2007

Dando a partida

Para mim a parte mais crítica de uma palestra é o início. Não acredito que exista um palestrante que já comece tranqüilo uma palestra. Como já escrevi ontem, é como velejar. Você não entra no mar já sabendo qual é a força e a direção do vento. São precisos alguns minutos para se habituar.

Outra grande dificuldade é o temor de decepcionar o público. Aquelas pessoas investiram seu tempo e dinheiro e precisam sair satisfeitas. Isto coloca sobre o palestrante uma responsabilidade muito grande. É claro que a palestra também é um produto que está sendo vendido naquele momento, mas se você vende fogões, a satisfação ou insatisfação do cliente só irá se manifestar mais tarde. Quando você vende conhecimento, a reação pode ser imediata. É muito parecido com o que faz um artista. As vaias ou aplausos são uma reação imediata de seu trabalho, e isto cria uma expectativa muito grande no palestrante.

21/02/2007

Característica de um bom palestrante

Embora muitos pensem que oratória seja a característica mais importante de um bom palestrante, eu aposto que a principal seja gostar de aprender e deixar claro para sua audiência que continua em processo de aprendizado. Qualquer platéia é capaz de identificar alguém metido, que se acha conhecedor de tudo. Nenhum de nós leu todos os livros, portanto sempre podemos aprender algo novo.

Acho que criatividade e intuição são outras características que podem ajudar muito, mesmo porque uma mesma palestra para dois públicos diferentes nunca é a mesma coisa. Durante a palestra vou acompanhando as reações, olhares, sorrisos, expressões ou ruídos na platéia, e é isto que irá determinar como serão os minutos seguintes. O rumo nunca é o mesmo. É como velejar. O veleiro é o mesmo, o mar é o mesmo, mas os ventos mudam. É preciso saber identificar para onde estão soprando e ir ajeitando as velas para aproveitá-los ao máximo.

20/02/2007

Performance no palco

Obviamente, para ser palestrante é preciso saber se comportar diante de uma audiência, o que inclui oratória, linguagem corporal e outras coisas. Nunca fiz um curso de oratória formal, mas sempre estudo o assunto, leio, pesquiso. Falar em público é um pouco como ser ator. Há técnicas de entonação de voz, do uso do silêncio estratégico, do movimento das mãos e do corpo. Há expressões que devem ser usadas em alguns momentos, gaguejos. Até a parada para beber água deve ser estudada.

O importante em tudo isso não é criar uma imagem toda-poderosa de alguém que deseja subjugar a platéia, mas criar empatia. Fazer o palco descer ao nível da platéia ou, na maioria dos casos, fazer a platéia subir. É importante que vejam na frente um igual e que aquilo está sendo uma troca. Eu troco meu conhecimento por sua atenção. Ambos têm algo de valor que pode ser trocado.

Jamais o palestrante pode se colocar na posição de quem sabe tudo, ou mesmo que sabe tudo sobre aquele assunto que está abordando. Ninguém sabe tudo. Aliás, acredito que os bons palestrantes são os que sabem menos que os especialistas, mas são capazes de traduzir o que um especialista falou ou escreveu. Durante uma palestra falei algo que fez um senhor levantar a mão na primeira fila. Eu havia citado uma determinada lei das probabilidades e ele me corrigiu, apontando uma falha em minha explicação.

Voltando-me para a platéia, disse a eles que eu tinha vindo ali para ensinar mas tudo indicava que tinha chegado minha hora de aprender. E estimulei aquele senhor, um professor universitário, a falar mais sobre o assunto. Aquilo trouxe um enriquecimento a todos, inclusive a mim. É importante reconhecer nossas limitações e considerar qualquer aparte como uma ajuda para enriquecer o evento, e não um motivo para discutir ou tentar defender uma reputação.

19/02/2007

Personalização

A palestra é uma forma privilegiada de passar e receber conhecimento e normalmente o crescimento deste mercado está associado ao crescimento de todo o mercado de eventos, feiras e exposições. Quanto mais sofisticada uma sociedade, mais as pessoas buscam por conhecimento privilegiado sobre diversos temas, e é por isso que o mercado só tende a crescer.

A necessidade de capacitação das pessoas nas empresas, indo além da mera capacitação técnica, também impulsiona o mercado de palestras com temas como marketing, comunicação, gestão de pessoas ou vendas. Ao contrário do conhecimento técnico, que pode ser mais facilmente passado por livros ou até treinamentos a distância, um tema relacionado a como falar em público, por exemplo, exige uma boa parcela de presença pessoal, já que as pessoas aprenderão mais pela observação do palestrante do que pela própria informação que ele procura transmitir.

Outro dia uma empresa me procurou para desenvolver um treinamento de vendas que eles pudessem multiplicar internamente. Meu papel seria apenas desenvolver o material e as pessoas da própria empresa se incumbiriam de ensinar às outras como fazer. Achei melhor enviar uma proposta para eu mesmo ministrar meus treinamentos, pois expliquei que dificilmente eles obteriam o mesmo resultado apenas utilizando as informações e o material que eu passasse. Existe muito de pessoal na forma de transmissão de conhecimento, e um palestrante dificilmente se sentirá à vontade deixando que outro transmita aquilo que ele próprio desenvolveu para ser transmitido com o tempero de seu estilo pessoal.

18/02/2007

Como se preparar

Se quiser fazer uma boa palestra é bom começar pesquisando seu cliente, seu público, seu assunto e tudo o que estiver relacionado ao evento. Dar palestra é como preparar uma aula, é preciso conhecer seus alunos e ter um bom domínio do assunto.

Alguns palestrantes são altamente técnicos e especialistas no assunto que tratam, e geralmente falam para uma audiência também de especialistas. Porém, a maioria dos palestrantes falam de comportamento, relacionamento e outros assuntos mais humanos.

Acho que, neste sentido, o trabalho do palestrante é também muito parecido com o do jornalista no aspecto da preparação do tema. Um jornalista precisa escrever uma matéria sobre transplantes, por exemplo, e sai à cata de informações. Entrevista pessoas, pesquisa, estuda, levanta os pontos relevantes e escreve. O resultado final não é um compêndio científico, mas uma tradução do tema para qualquer pessoa entender.

Um médico que leia a matéria poderá descobrir o que outros colegas estão fazendo. Um estudante aprenderá os pontos relevantes do assunto. O leigo entenderá o tema. Na realidade o jornalista será apenas um tradutor e fará a ponte entre o complexo e o simples. Este é o trabalho do palestrante. Ninguém pode pensar que aprenderá tudo em uma palestra de hora e meia. Mas se ela servir de aperitivo e abrir o apetite dos presentes para o tema, o objetivo foi alcançado.

Com versatilidade é possível dar palestras como um jornalista escreve suas matérias. Posso falar de um produto e despertar numa platéia de clientes em potencial o desejo de compra, sem pedir que comprem. Ou despertar nos funcionários de uma empresa a paixão de que precisam para fabricar aquele produto, mostrando a eles a importância do que estão fazendo. Ou abrir os olhos tanto de uns como de outros para o que há de novo.

14/02/2007

Humor

Se pretende usar humor em suas palestras, aqui vão algumas dicas. O mínimo de humor é o que a maioria faz, que é contar piadas. É o humor mais seguro porque você pode usar piadas já consagradas, mas pode correr o risco de usar piadas muito conhecidas e ninguém rir.

Se você não for o tipo de pessoa que incorpora o humor em seu dia-a-dia, em suas conversas e nas coisas que escreve, provavelmente não irá se dar bem querendo ser engraçado para seu público. Existe uma naturalidade no humor de quem já é engraçado em qualquer situação que é difícil de reproduzir de forma artificial. Mas se puder abrir sua palestra com uma piada ou comentário engraçado, isso ajudará a quebrar o gelo e a criar ima imagem simpática.

Quando falamos em humor, há algumas técnicas que são aplicadas e são as mesmas razões pelas quais rimos de algo. Primeiro, rimos quando existe uma vítima, como acontece com o português da anedota e o pateta que leva a torta na cara. Rimos porque nos sentimos superiores, ou porque nos identificamos secretamente no papel da vítima, como acontece em comédias como A Grande Família, que mostram os absurdos das atitudes que todos nós tomamos e das coisas que todos nós experimentamos.

Outra razão de rirmos é quando somos surpreendidos por uma situação que não prevíamos, o que equivale ao primeiro caso, já que aqui somos nós que ocupamos o papel de vítima. No fundo estamos rindo de nossa incapacidade de ter visto o poste chegando, de não conseguirmos descobrir a mágica ou de vermos que o resultado do problema era tão simples que nos sentimos verdadeiros idiotas tendo tomado outro caminho.

Uma terceira coisa que provoca o riso são situações inusitadas, improváveis ou impossíveis, como se víssemos passar na rua uma zebra rosa e azul. De qualquer modo, aqui também teríamos uma vítima, a zebra.

Se leu minhas crônicas ou viu uma de minhas palestras você deve ter reparado que exploro todas essas situações, mas a vítima geralmente sou eu, já que me coloco na situação do ridículo. Sugiro que também use a si mesmo de vítima para gerar risos e tome muito cuidado se for usar outra pessoa.

O humor que pega uma vítima da platéia é bastante delicado e perigoso, a menos que você tenha bastante segurança e tato de como fazê-lo. Outro cuidado deve ser tomado com o humor que usa diferentes etnias, minorias, portadores de deficiência, raças e outras classes de pessoas.

Você corre o risco de ser processado e até preso, dependendo de como seu público irá interpretar seu humor. Sei de dois palestrantes que se deram muito mal por contarem piadas com conotação racista ou de discriminação sexual.

13/02/2007

Tempo e propósitos

Muitos eventos não dão certo por falta de definição de propósitos. O que o cliente ou promotor do evento deseja do palestrante? O que ele quer que aconteça com o público? Que impressão ele quer que o palestrante cause? Estas informações são importantes e às vezes você precisará ajudar seu cliente ou promotor do evento a deixar bem claro o que você irá fazer ali.

Outra coisa importante é a duração da palestra. Ao contrário do que muita gente pensa, em palestras quanto menor o tempo, mais difícil a preparação e a apresentação. Se você tem tempo suficiente para experimentar sua audiência, criar um diálogo, sentir a resposta do público, tudo ficará mais fácil. Digamos que isso leve uns 10 a 15 minutos até você realmente "ganhar" a confiança do público. O resto do tempo a coisa flui.

Mas se você foi contratado para falar apenas 30 ou 40 minutos, prepare-se para uma tarefa difícil. Não se espante se encontrar pessoas que tentarão negociar o preço de sua palestra reduzindo o tempo, como se isso tornasse a palestra mais fácil. Na verdade ela fica mais difícil e é por isso que o que eu cobro para uma palestra de uma hora é pouca coisa menos do que cobro para um treinamento de 8 horas. Em 8 horas há muito tempo disponível para interagir com a audiência, conhecer as pessoas, obter feedback e corrigir seu rumo caso tenha tomado um caminho errado.

Em uma palestra breve, se começar errado provavelmente você não conseguirá remediar em tempo. Mark Twain dizia que para fazer um discurso de 5 horas ele precisava de 5 minutos para se preparar. Para falar 5 minutos ele precisava de 5 horas (ou algo assim).

Seu cliente provavelmente irá solicitar uma reunião onde passará horas explicando todos os detalhes do negócio, a história da empresa, as dificuldades e necessidades e alguns darão uma lista de coisas que você deverá abordar e de coisas que sua palestra deverá mudar nas pessoas, achando que uma palestra de uma hora irá ter o efeito de um curso de pós-graduação. Se acontecer, ajude-o a entender que palestras servem de pontapé inicial ou amarra final de um conjunto de ações da empresa, nunca para ensinar os detalhes de qualquer assunto.

11/02/2007

Palestras motivacionais

Existe muita confusão em cima da palavra "motivacional". Alguns colocam qualquer palestrante dentro dessa designação, outros entendem ser apenas as palestras-show, mas há quem considere uma palestra bem-humorada como motivacional. Há também uma classificação por tema.

Não me considero um palestrante "motivacional", como costuma ser chamado o profissional que trabalha com temas como auto-estima, espiritualidade, pensamento positivo e coisas assim. Esses profissionais têm o seu papel na infusão de ânimo em determinados eventos, porém esse ânimo pode ser apenas superficial se não existir um trabalho mais profundo de conhecimento e convicção.

Pessoalmente enxergo que muitas palestras motivacionais são mais entretenimento do que capacitação e é importante que o RH das empresas tenha bem claro em mente qual resultado pretende antes de contratar um palestrante. Se for o caso de um evento festivo, por exemplo, com a presença de trabalhadores e familiares, é óbvio que um palestrante de conhecimento específico como marketing não serve. A platéia é heterogênea demais para se obter qualquer resultado além da diversão.

Costumo orientar a pessoa que contrata para evitar surpresas desagradáveis. Em alguns eventos mais festivos, as empresas costumam contratar, além de mim, algum profissional para fazer a parte mais lúdica ou de entretenimento, como um mágico, um grupo de teatro ou um cômico. Dessa forma, enquanto eu transmito o conhecimento e o recado que a empresa quer passar aos seus colaboradores, os outros profissionais motivam o público com brincadeiras ou coisas mais leves.

Uma vez uma empresa me procurou para uma palestra para ser ministrada na festa de aniversário. Procurei saber mais e informaram que a palestra seria em um bar fechado em São Paulo, por volta da meia-noite, depois de uma banda de jazz e antes de um bolo gigante, com muita bebida e salgados rolando nas mesas.

Logo vi que estavam equivocados ao me procurar, por isso perguntei se já tinham procurado algum outro profissional. Quando informaram que a decisão estava entre mim e um mágico, sugeri imediatamente que contratassem o mágico. Eles não precisavam de um palestrante, mas de entretenimento para a festa.

Por esta razão no formulário de solicitação de proposta em meu site deixo claro que o que faço é ajudar o público a enxergar novas tendências em tecnologias, negócios e carreira, compartilhar conhecimento e conceitos com profundidade, inspirar e motivar a mudança de atitude no trabalho e relacionamentos, encorajar com bom humor o empreendedorismo e a proatividade, além de alertar para a gravidade do momento, convidando à reflexão.

Para evitar equívocos, faço também uma ressalva, informando que não canto, danço, faço mágicas e caretas, não crio êxtases com beijos, abraços, risos e choros, nem faço o público gritar, pular e rolar no chão.

10/02/2007

Temas

Meus temas são marketing, vendas, comunicação, gestão de pessoas, negociação e vendas, e marketing pessoal, o que significa que meu público é formado principalmente por pessoas interessadas nessas áreas. Tenho também um tema sobre segurança no trabalho, porém enfocando a importância da segurança para a competitividade da empresa e do profissional. Em todos os casos a idéia é mostrar que a parte mais importância de uma empresa são as pessoas, e que elas devem viver em contínuo aprendizado e atualização, se quiserem permanecer ativas no mercado.

Meus treinamentos de comunicação, marketing, negociação e vendas, que podem durar até dois dias, são dirigidos a profissionais liberais e profissionais de vendas de serviços ou produtos de grande valor agregado. Geralmente são empresas que me contratam para treinar suas turmas de gerentes ou vendedores de máquinas, autopeças, serviços etc.

Também faço um trabalho de coaching para executivos que desejam aprender a falar em público. A quase totalidade de meu trabalho acontece em eventos in company e não em eventos públicos, pois são palestras, workshops e treinamentos ricos em conteúdo e adaptados à realidade da empresa. Eventualmente faço palestras em eventos abertos ou em universidades, mas sempre deixo claro que não me enquadro na categoria de palestras-show, do tipo que faz a platéia dançar, cantar, rolar no chão, fingir de morto... :)

09/02/2007

Alguns conselhos

Primeiro, seja humilde! Ninguém gosta de pessoas orgulhosas, pessoas soberbas, para ensinar alguma coisa, se posicionando como o maioral, o que sabe tudo. Eu acredito que se você quer ser um palestrante, tem que ser um aprendiz!

E só quando estiver na posição de aprendiz é que poderá ensinar. Porque no momento em que se colocar só a ensinar, você deixará de aprender e se deixa de aprender você não tem nada de novo para passar.

Comece com humildade e aprendizado contínuos. Leia sempre, assista à palestras de outras pessoas, a gente aprende uns com os outros nesta área, ninguém sabe tudo, nenhum é o melhor, todos são bons naquilo que fazem, alguns são melhores em alguns momentos e péssimos em outros. Há de se ter esta humildade e este posicionamento de um contínuo aprendiz. Isso é o essencial, porque o conhecimento que irá passar são das coisas que aprende.

Já tive um caso de fazer uma declaração, numa palestra em Fortaleza, e um senhor de certa idade me dizer que era professor da universidade local e que eu estava enganado, que o que eu falei não era bem daquele jeito. Então, eu falei que estava ali para ensinar e que acabei por aprender e agradeci a oportunidade que ele me deu.

Outro ponto importante é estar sempre preparado para pedir desculpas, reconhecer eventuais erros e se de repente você não está preparado ou não sabe responder a uma determinada resposta, falar a verdade, dizer que não sabe, que vai pesquisar, mas que depois responderá. Ninguém vai à palestra para ouvir Deus, eles vão ouvir seres humanos. Então, a humildade, acima de tudo, é essencial!

Também é importante para o novo palestrante falar, trabalhar com entidades, escolas e universidades para saber se comportar diante de um platéia e estar melhor preparado.

08/02/2007

Adrenalina e recompensa

Falar em público gera muita adrenalina, porque você nunca tem o total controle da situação e nem sempre é possível prever como o público vai reagir. Nunca existe uma segurança de que as coisas vão sair bem. Então você entra no palco, sempre sabendo que algo poderá dar errado e que os olhares poderão ser contrários.

E tem o humor da platéia. Você pode pegar a platéia num mal dia! Ela é um organismo, às vezes acorda bem, às vezes acorda mal, está de bom ou mau humor. Tem também a influência do horário e o tempo que você tem para falar. Então, o palco é um lugar perigoso, quando você entra tem alguns minutos para descobrir em que ambiente está andando para depois começar a desenvolver.

Creio que todo palestrante sente isso, mas há alguns receios. Eu tive cãimbra no meio de uma palestra. Meu pé sofreu cãimbras terríveis e eu não podia fazer nada, eu tinha simplesmente que continuar, me posicionar da melhor maneira que eu pudesse!

Existem essas coisas, mas existe também a gratificação de terminar uma palestra e a pessoa dizer: “Mário, eu precisava ouvir isso!” Ou algo deste tipo. Já recebi e-mails que me deixaram emocionado. Depois de uma palestra que eu achei que não foi legal, em que eu senti que não estava nos meus melhores dias, recebi e-mails de pessoas dizendo que era exatamente aquilo que elas precisavam escutar, que aquilo ajudou muito na carreira.

Fora outras pessoas que escrevem depois de meses após algum evento e dizem que hoje estão em uma determinada posição, ou trabalhando em um determinado lugar e agradecem os conselhos e conceitos que compartilhei. Isso é muito importante e gratificante para qualquer pessoa que trabalhe na área de palestras, como para professores também, que têm muito em comum com o palestrante neste sentido.

07/02/2007

Saia justa

Saia justa eu tive uma vez, na faculdade. Eu era mágico num grupo de teatro para entidades assistenciais e abri aquela caixinha, da qual tiramos lenços. Então perguntei para a platéia: “O que tem aqui dentro?” E o pessoal respondeu: “Um espelho!” Eles viram o truque da mágica!

Como profissional eu me lembro de uma palestra que dei para funcionários do Banco do Brasil, de várias agências, que foram reunidos para um evento de três dias de treinamento. Fechei o evento e até brinquei que eu acabei com o evento deles!

Porque no encerramento contei que meu pai foi funcionário do banco até se aposentar, depois faleceu e eu fui criado na família Banco do Brasil e era sempre aconselhado pela minha mãe a seguir carreira lá porque existia a possibilidade de se ter uma vida muito boa.

Aquilo tinha um lugar muito forte no meu coração. Dei a palestra com o coração na mão, porque eu estava falando para as pessoas que eram amigas, que eu nunca conheci, mas que viviam no mesmo ambiente em que eu vivi. E no final da palestra eu quis brincar com a idéia, que minha mãe sempre falava: “Filho vá trabalhar no Banco do Brasil!”.

Eu contei essa história para eles e tentei brincar com isso no final, dizendo: “Gente, vou sair daqui agora e vou ligar para minha mãe, e vou dizer para ela que agora eu trabalho no Banco do Brasil!”.

Mas quando eu fui falar isso, me deu um nó na garganta, vieram à tona todos os sentimentos que tinha de infância e eu comecei a chorar na frente da platéia. Logo, não falei mais nada, o que eu fiz foi baixar a cabeça e sair. Uma pessoa que estava me acompanhando percebeu e correu lá para encerrar.

Eu pensei que seria expulso do recinto, mas pelo contrário, as pessoas vieram me abraçar, muitas delas chorando, emocionadas, porque realmente foi um discurso de coração para coração.

É um privilégio que você tem nesta área, quando você pode falar assim com as pessoas.

Como comecei

Minha história como palestrante começou quando eu morava no meio do mato, criava cabras e me congregrava numa pequena congregação de cristãos. Numa certa noite, me convidaram para falar. Eu não sabia como falar em público, então fui me preparar para falar e, como na congregação seria difícil me preparar, fui treinar com as cabras, numa casinha de palha que tinha em meu sítio.

Meu primeiro público foram as cabras! Eu até me orgulho disso, nenhuma delas me vaiou naquele dia! Ao logo do tempo fui adquirindo experiência para falar em público, era convidado várias vezes para falar e nunca era remunerado, por mais de 20 anos eu falei em público. Naquela época eu também lecionava, o que é um excelente treino para quem pretende dar palestras.

Trabalhei também no Banco Itaú, mas não como palestrante, trabalhei na área de negócios, assim como na Themag e na Companhia do Metrô. Dirigi uma editora durante dez anos, fui diretor de comunicação e marketing de uma empresa e foi lá que realmente me profissionalizei.

A empresa programou um evento, convidou uma centena de grandes clientes e, na véspera, o presidente percebeu que a coisa não iria dar certo. É que o palestrante seria um diretor técnico, que iria explicar o aspecto técnico de nossos serviços, usando uma linguagem técnica. Na última hora ficou claro que o público seria principalmente de empresários e pessoas da área comercial, e um papo técnico só iria gerar bocejos.

Então eu sentei com o diretor que iria falar, ele me passou tudo o que era preciso dizer, traduzi aquilo em linguagem comum, acrescentei algumas histórias, casos, piadas e a palestra foi um sucesso. A partir daquele dia tornei-me o palestrante oficial da empresa e depois acabei seguindo carreira por conta própria.

Hoje desenvolvo palestras, consultoria e estratégias e redação para Internet. Já escrevi cinco livros que foram publicados, tenho mais um inédito, um curso de multimídia para consultórios médicos esgotado, e mais alguns projetos.

06/02/2007

Livros, site, blog, vídeos, etc.

Você precisa ter seu site, blog, livros, vídeos, podcast, tudo o que puder para mostrar suas habilidades e conhecimento. Lembre-se de que quem contrata um palestrante deseja duas coisas: competência naquilo que sabe e capacidade de comunicação. A primeira sem a segunda dá sono. A segunda sem a primeira é vazia.

Um site é essencial. Acho que 99% dos meus clientes chegam através do site de busca. Uma grande parte vem também dos meus artigos e crônicas já publicados por mais de 500 veículos. Esta é uma estratégia minha de comunicação, de permitir que outros veículos publiquem o que escrevo.

O palestrante é um comunicador, ele é um profissional da área de comunicação, ele tem que saber não só falar em público, mas saber se comunicar usando todos os meios possíveis de comunicação. Ele tem que saber como atuar hoje dentro do mercado como um todo, atingindo seu público, utilizando diferentes formas de comunicação.

Você tem que ter, de preferência, a habilidade de escritor. Se vai a um lugar e diz para a pessoa que é empresário, consultor, ou qualquer palavra assim, existe todo um respeito. Mas a conversa muda quando você diz que é autor e escreveu tantos livros. Porque o livro, por menos que o autor brasileiro ganhe, é o que mais status concede a um palestrante. O palestrante também ganha pontos se for também professor.

05/02/2007

Escolha de palestrante

Nem sempre o cliente sabe escolher o palestrante ou definir o perfil ideal para seu evento. Eu me lembro de uma empresa que me consultou querendo um trabalho na área de logística da informação. É um assunto que domino, então pesquisei no site dessa empresa, para desenvolver uma proposta voltada para as necessidades que ela me colocou.

Apresentei a proposta, passou um tempo e eu não recebia resposta alguma. Entrei em contato e descobri que eles tinham contratado um mágico. O que tinha acontecido ali? A pessoa incumbida pela contratação não sabia o que a empresa queria ou qual a necessidade do momento. Estavam precisando muito mais de um trabalho motivacional, o evento era mais festivo, do que de um profissional para falar de logística da informação.

Numa outra empresa, por exemplo, onde eu desenvolvi um trabalho de gestão e mudanças, eles planejaram maravilhosamente bem. Era uma semana da qualidade, fiz a palestra de abertura, criando então o caminho para todos os outros que viriam naquela semana, como consultores contratados, internos, etc. E, no último dia, fecharam aquela semana com um churrasco para todos os colaboradores e um circo empresarial.

Ficou ótimo, porque eles souberam colocar cada atividade, cada tema, cada perfil, no momento certo. O evento começou preparando o caminho e fechou com um momento grandioso e festivo, alegre e divertido. Aquilo marcou muito, tanto que eu voltei outras vezes e os outros profissionais também, porque eles souberam aplicar o projeto, souberam como investir.

É muito importante que a empresa que contrata saiba o que quer para ter os resultados que ela busca. Porque em alguns momentos ela vai precisar de alguém que chegue lá na frente, não conte nenhuma piada e ensine várias coisas e o pessoal saia com algo novo. Em outros momentos, vai precisar que eles aprendam, mas aprendam com bom humor, etc.

É importante que a empresa aprenda a conviver com os palestrantes ou escolher estes profissionais e se aperfeiçoem em relação à cultura e à aquisição de serviços de palestrantes. Mas é importante também que você saiba aconselhar a empresa. Se perceber que aquilo que desejam não é sua praia, não insista em vender algo que irá causar uma decepção depois.

04/02/2007

Por que há mais homens que mulheres?

Os homens, até por uma questão cultural da nossa sociedade, estão mais atuantes na sociedade, no mercado de trabalho. Não que eles sejam melhores, mas têm uma atuação mais antiga no mercado de trabalho. Grande parte das empresas é dirigida por homens, mas isso está mudando. O homem tende então, a tomar esta posição de primeiro palestrante, os números mais significativos de palestrantes são formados por homens. Mas tem surgido uma leva de excelentes palestrantes mulheres, com um recado para dar, que nós homens não conseguimos.

Como já falei da diferença de idade, existem também diferentes naturezas de palestras. Cada um, homem ou mulher, terá que fazer sua parte dentro da sua área de atuação. Nós somos bem diferentes, sabemos disso desde crianças, então, existem habilidades e capacidades diferentes.

Eu acredito que logo o mercado começará a perceber que as mulheres têm algumas habilidades a mais que os homens na comunicação, por exemplo. Elas têm um poder de comunicação muito grande, têm uma intuição muito apurada. Elas conseguem perceber as nuances de comportamento de uma platéia. E por isso elas são muito hábeis no tratamento com o público.

Eu acredito que é só uma questão de tempo, até nós termos mais mulheres atuando. É claro que elas não estarão atuando como homens, assim como os homens não atuarão como mulheres. Elas vão atuar dentro das características que têm e que são próprias. Nós não vamos ter uma substituição do mercado masculino, nós vamos ter uma complementação. No Brasil nós temos muitas mulheres complementando aquilo que os homens não sabem fazer, ou tentam fazer e fazem mal feito.

03/02/2007

Qual a melhor idade?

A idade depende da área em que você vai atuar. Se atuar numa área de aconselhamento empresarial, assessoria empresarial, na parte de estratégias ou coisas assim, não que seja essencial, mas é necessário ter uma certa experiência.

Isso que estou falando pode ser o contrário no caso de grandes empresas ou grandes idéias que surgiram justamente da cabeça de jovens sem nenhuma experiência. Mas é claro que em algum momento eles precisaram de alguém com experiência para fazer a empresa funcionar.

Em algumas áreas, como a de esportes, por exemplo, os esportistas geralmente são pessoas jovens, eles estão na ativa, estão com o sangue fluindo livre pelas veias. E é claro que têm uma capacidade muito maior para falar de esportes do que alguém como eu que está com pouca atividade física ou coisas deste tipo.

Há outros exemplos como pessoas que começaram desde muito cedo na carreira de músico ou especialistas da área de informática, que é uma área nova em que os jovens têm feito coisas extraordinárias. Enfim, tudo vai depender de qual será o tema e qual será o público para o qual ele vai falar.

02/02/2007

Como começar?

Ser palestrante acaba sendo uma conseqüência de uma carreira. Quando você tem alguma atividade, acaba extravasando o conhecimento que tem dela e isso se torna então uma nova carreira. Porém, sempre como conseqüência de uma carreira que você já trilhou antes.

Acredito que em todas as profissões, carreiras, formas de trabalho, enfim, em qualquer atividade humana, você tem características que são inatas, em que as pessoas têm uma determinada facilidade de lidar com uma característica em particular e assim acabam por se sobressair.

Para um palestrante é importante ter uma experiência passada, porque ele nada mais é do que um futuro. Ele ensina e motiva as pessoas, baseado em experiências que já viveu ou conheceu. Para isso é preciso um preparo anterior, mas o talento e a habilidade naturais pesam muito.

Outra coisa importante: você pode saber muito, mas ninguém saber que você existe. As pessoas contratam palestrantes não apenas porque sabem, mas porque ouviram falar do profissional.

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