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18/12/2008

Mais dicas para a carreira de palestrante

O nome pesa muito no preço. Se o seu nome é conhecido, o preço sobe. Se for desconhecido, ainda que tenha uma ótima bagagem, seu preço cai. Um palestrante que tenha presença na grande mídia não fica barato. É importante lembrar que você vende datas de uma agenda que, se não estiver concorrida, o preço cai. Portanto você vende e cobra segundo a demanda. Estabeleça um preço para começar a trabalhar e depois vá aumentando, se perceber que está fechando negócios, ou diminuindo, se nada acontecer.

É essencial que tenha um bom site (menos é mais em termos de site, esqueça coisas mirabolantes) e talvez um blog para humanizar. Escrever artigos e distribuir por aí também é uma boa idéia. Participar de alguns eventos de cortesia, mas de grande visibilidade e com platéia de formadores de opinião também ajuda a ganhar projeção.

Escrever muito, ter livro publicado, ser visto, são essenciais nessa profissão. Você pode também se cadastrar em agências de palestrantes. Algumas têm conseguido boas oportunidades para mim, mas o que vende mesmo é meu site. Para saber a razão, digite "palestrante" no Google. Evidentemente isso muda o tempo todo, mas neste momento aparecem mais de 1,5 milhão de páginas e meu site na terceira colocação, atrás apenas de duas agências.

O título e tema de sua palestra precisa ser coerente com o tipo de público. Palestras motivacionais geralmente são mais solicitadas para enventos com o pessoal da produção ou de vendas no varejo. Falo daquelas palestras nas quais o palestrante dança, canta, conta piadas, espalha bexigas ou distribui dinheiro. Mesmo assim a demanda por esse tipo de palestra está em baixa hoje em dia. Hoje já não se vende palestrantes motivacionais (de fazer rir e chorar) como se vendia antigamente.

Mesmo assim, ainda que você vá ensinar física quântica em sua palestra, tem que ter o estilo de um professor de cursinho, bem divertido, ou terá uma atuação bastante limitada no grande circuito. Se for muito acadêmico, acabará dando palestras de graça para universidades, o que não é um bom negócio no longo prazo.

15/12/2008

Contratos para palestras e treinamentos

Na grande maioria dos serviços que presto, não é feito um contrato para palestras ou treinamentos, já que trabalho mais com empresas grandes. Minha proposta de palestra, workshop ou treinamento já traz as condições, e geralmente as grandes empresas não costumam pagar o palestrante antecipado ou pagar um sinal para reservar a data da palestra.

Nos outros casos o palestrante pode fazer um contrato, porque, ao contrário das grandes empresas, há casos em que o promotor do evento não tem a verba garantida. É muito comum ocorrer isso em eventos promovidos com venda de ingressos, no qual existe algum risco para o promotor de não conseguir cobrir todos os custos com suas vendas. Aí é melhor pedir um adiantamento a título de garantia da data e redigir um contrato.

Até hoje só deixei de receber de um cliente, e mesmo assim 70% do valor. Falhei em me garantir, já que se tratava de um diretório acadêmico de uma faculdade. Depois do evento creio que não apenas o cachê meu, mas o dos outros palestrantes acabaram sendo bebidos pelos estudantes em algum boteco.

O contrato de palestrante pode seguir um contrato normal de prestação de serviços. Alguns clientes às vezes estipulam uma multa para o caso do não comparecimento, por isso é bom ficar de olho para que a multa seja de porcentagem sobre o preço da palestra e não sobre o custo do evento, como já conteceu de um cliente solicitar. Como nunca sabemos quanto custará o evento (vai que o cliente contrata também um show da Madonna!) é bom você ficar de olho aberto.

Algumas informações que vão em minha proposta:

  • Hospedagem: Por conta do cliente, quando necessário.
  • Despesas de viagem: Por conta do cliente para eventos a mais de 150 km de São Paulo. Para viagens aéreas, dar preferência para partidas e chegadas no Aeroporto de Viracopos, Campinas, SP. A data e horário do evento podem exigir que a chegada e/ou partida seja(m) um dia antes e/ou após o evento.
  • Forma de pagamento: Depósito, transferência bancária ou boleto.
  • Organização do evento: Por conta do cliente, bem como a divulgação, segurança, serviços, pessoas e equipamentos contratados pelo cliente.
  • Sala ou auditório compatível com o número de participantes.
  • Equipamento de projeção (datashow ou projetor multimídia), para conectar ao notebook do palestrante e tela ou superfície de projeção.
  • Microfone sem fio e amplificação para audiência com + de 40 pessoas.
  • Contingência: Microfone reserva, lâmpada sobressalente p/ projetor, pilhas p/ microfones.
  • Apenas para Treinamentos: Amplificação do som do notebook (cabo P2), Flip-Chart, marcadores, canetas e papel.
  • Livros: o consultor é autor de 6 livros, porém não comercializa livros em eventos.
  • Preferência: No caso de mais de uma solicitação na mesma data, a preferência é dada ao cliente que efetuar o depósito do adiantamento. O consultor se reserva o direito de não participar de eventos políticos ou promovidos por organizações religiosas, além de empresas do segmento de tabaco, armas e munições.
  • Cancelamento: Se efetuado pelo cliente em prazo inferior a 30 dias da realização do evento, será cobrado 10% da remuneração total a título de ressarcimento dos custos de reserva e preparação da apresentação. No caso de cancelamento pelo consultor por motivo de força maior, os valores pagos serão devolvidos integralmente.

12/12/2008

Antes e depois da Palestra

A hora de chegar e sair de um evento também é importante para o palestrante. Às vezes você deve chegar mais cedo para conversar com os organizadores do evento ou com gerentes e diretores da empresa que o contratou, caso seja um evento in company. Essa conversa prévia costuma ser valiosa porque nela há fios da meada que acabam sendo úteis na palestra.

Chegar cedo demais, porém, pode trazer alguns inconvenientes. Um deles, em eventos abertos onde o palestrante é tratado como uma espécie de "estrela", pode tirar o elemento surpresa. Outro inconveniente é chegar em um evento in company onde sua palestra é precedida de palestras e reuniões que tratam de assuntos estratégicos da empresa. Nem sempre a empresa deseja que alguém de fora saia de lá com informações sigilosas.

A chegada cedo demais e a participação de palestras prévias pode também atrapalhar o ânimo do próprio palestrante. Nem todos os que falam em um evento, principalmente em um evento interno, são profissionais, e há muitas palestras que agem como soníferos ou são tão carregadas de pessimismo que podem contaminar o palestrante mais otimista.

Onde você fica antes de sua palestra também pode ter influência em seu humor. Cada um se comporta de maneira diferente neste aspecto, mas eu prefiro não ficar em bastidores, que geralmente são salinhas abafadas e isoladas. Isso aumenta a tensão e a dúvida quanto ao que você irá encontrar quando surgir no palco. Prefiro arrumar um local num canto qualquer da platéia para já ir sentindo o clima.

Quando sua palestra termina, você pode ser convidado a ficar ou não para o restante do evento. O convite pode ser apenas uma formalidade, se for o caso de um evento in company, por exemplo, em um hotel fazenda em clima de descontração. É importante perceber que nesses encontros entre os funcionários da empresa, você será a única pessoa que não terá qualquer coisa em comum com aquelas pessoas. Elas têm uma linguagem própria, suas piadas, suas gozações, e a presença do palestrante pode ser um inibidor.

Além disso, o gerente ou diretor que fez as honras da casa pode estar mais interessado em tomar umas e outras com seus colegas do que continuar de cicerone de um palestrante com quem está se encontrando pela primeira vez e talvez nunca mais. Ele pode se sentir constrangido e você acabar sendo o fardo que ele terá de carregar. Lembre-se de que você é o único ali que não faz parte da família.

Eu sei que existe o argumento de conhecer pessoas, criar relacionamentos e até gerar contatos para outros trabalhos, mas isso funciona melhor quando se trata de um evento aberto, público, no qual as pessoas não têm o vínculo do trabalho. Aí sim pode ser uma boa oportunidade de você conversar, conhecer pessoas e trocar cartões.

28/11/2008

O palestrante e a marca do cliente

Um cuidado importante do palestrante é com a marca do cliente. É muito desagradável errar a marca do cliente, o nome da empresa ou dos diretores presentes, por isso a melhor coisa, se você tiver memória fraca e for distraído como eu, é simplesmente evitar qualquer um desses nomes.

Às vezes há nas paredes do local do evento banners com o nome da empresa ou de seus produtos, e isso ajuda muito a evitar agradecer a Antarctica pelas Brahmas. Às vezes a simples menção do nome ou da marca da empresa ou de um de seus diretores ou do presidente pode causar constrangimento, se você não souber pronunciá-la corretamente. Já pensou você ir fazer uma palestra na Casa Branca e chamar o presidente dos EUA de Barraco Urbano?

Evite também usar a logomarca da empresa em seus slides e em seu site. Toda empresa grande tem uma política para o uso de sua marca, e nem sempre gostam de vê-la aplicada no lugar errado, com as dimensões inadequadas ou as cores distorcidas. Além disso você corre o risco de se atrapalhar e, na hora de montar sua apresentação, se esquecer de trocar a logomarca de um dos slides e surpreender o público com a logomarca do concorrente, como já vi acontecer.

Mostrar produtos e empresas concorrentes em seus "cases" também não é uma boa idéia, embora eu ache que as empresas que têm chiliques com isso poderiam economizar muito dinheiro em pesquisas e focus groups e aproveitar o episódio para trabalhar melhor sua marca. Se durante a palestra o palestrante disse a marca X do concorrente ao invés da marca Y do cliente, o palestrante precisa tomar remédio para memória e a empresa precisa dar vitamina para melhorar o recall de sua marca.

22/11/2008

Ser palestrante

Entrevista concedida ao jornal A Gazeta em 26/04/2008 para a matéria "Empregoterapia - Eles fazem carreira ensinando você a fazer carreira".

Entrevistas como esta costumam ser feitas para a elaboração de matérias, portanto nem tudo acaba sendo publicado. Eventualmente são aproveitadas apenas algumas frases a título de declarações do entrevistado. Para não perder o que eu disse na hora, costumo gravar ou dar entrevistas por escrito. A íntegra do que falei na entrevista você encontra no texto e na simulação em vídeo.



O trabalho do palestrante

Como você começou a atuar como palestrante?

Mario Persona -
Sempre tive uma certa facilidade de comunicação em público, provavelmente por ter ensinado crianças durante muitos anos na Escola Dominical e também por ter lecionado para jovens e adultos. Isso acaba ajudando a desenvolver a técnica de falar em público.

Por causa dessa facilidade, e também porque escrevia, fui convidado a ser o porta-voz e palestrante de uma empresa de tecnologia da informação na qual atuava como diretor de comunicação e marketing. Para convencer nossos clientes em potencial decidimos parar de fazer palestras técnicas, como era o costume numa empresa assim, e passamos a promover eventos com palestras informativas e bem-humoradas. Como eu não era técnico, mas leigo, fui escolhido para traduzir o que fazíamos em uma linguagem que qualquer um pudesse entender.

Logo eu estava fazendo palestras em eventos no auditório da empresa para gerentes e diretores de grandes indústrias. Depois vieram as palestras em grandes eventos e feiras de TI e nos road-shows que promovíamos visitando as principais capitais. Nessa época eu me limitava a falar de Internet, que era a grande novidade, e sua aplicação na empresa, na logística, no comércio etc.

Quando saí para trabalhar por conta própria em 2001 eu já era relativamente conhecido por meus textos e entrevistas em vários sites, jornais e revistas, além das palestras. Aos poucos fui deixando de falar de Intenet, que não era mais novidade, para me concentrar em comunicação, marketing e carreira. As duas primeiras eram áreas que já dominava, a última recebe uma boa ajuda dos anos de estrada.

Qual o perfil de empresas que te procuram para esse trabalho?

Mario Persona -
Geralmente são empresas médias e grandes, que precisam aprimorar sua força de vendas. Minha especialidade é em vendas business-to-business, pois também já trabalhei como comprador e vendedor, conhecendo os dois lados da mesa. Também sou chamado para trabalhos de comunicação, gestão de mudanças, conhecimento e carreira.

Sou chamado também para palestras comportamentais em eventos da SIPAT, a Semana Interna de Prevenção de Acidentes no Trabalho, e na Semana do Meio-Ambiente. As grandes empresas treinam e equipam suas equipes, mas a questão comportamental continua sendo uma grande vulnerabilidade na segurança e também uma causa importante de desastres ecológicos.

Os segmentos são os mais diversos. Costumo ser chamado tanto por indústrias como por empresas de distribuição e varejo, além de empresas de serviços, cooperativas e associações de profissionais liberais. Onde existirem pessoas existirão necessidades de comunicação, marketing, negociação, vendas, carreira e comportamento, ou seja, tudo aquilo que você hoje encontra em meu cardápio de serviços.

Quais são as técnicas?

Mario Persona -
Minha principal técnica para desenvolver meus temas é a curiosidade. Sou muito curioso, muito indagador, atrevido até. Se você se sentar ao meu lado durante um vôo pode esperar que em algum momento da conversa estará sendo a entrevistada. Não é apenas curiosidade, mas um desejo muito grande de aprender. Quando garoto costumava ler muito, até volumes de enciclopédias. Acho que isso ajudou.

Uma vez peguei um táxi com uma mulher ao volante. Durante o percurso de mais de uma hora do aeroporto até uma cidade próxima, fiquei surpreso com a capacidade de conversar da motorista. Falava um português correto, conversava sobre qualquer assunto e demonstrava estar muito bem informada. Logo ela revelou o segredo. Como atendia principalmente executivos, procurava puxar conversa para aprender com eles.

Esta é a principal técnica, aprender sempre, mas para isso é preciso deixar o orgulho de lado e assumir a carteira do aprendiz. Também traduzo livros acadêmicos das áreas em que atuo. Com isso vivo aprendendo, pois não basta falar para ser palestrante, é preciso ter bagagem e também saber como traduzir assuntos complexos para transformá-los em algo tão simples e divertido quanto um bom caso contado em uma roda de amigos.

Como se sente ao ver que conseguiu motivar as pessoas em suas carreiras?

Mario Persona -
Recebo muitos e-mails de ex-alunos e de pessoas que participaram de minhas palestras e treinamentos, ou leram algum livro ou crônica de minha autoria. É gratificante saber que o que faço é plantar sementes, mas o crescimento fica por conta de cada um. Mal sabem elas que também aprendi com cada uma dessas pessoas com as quais tive contato.

Motivação e empregabilidade andam juntas?

Mario Persona -
Acredito que sim, porque ninguém está disposto a contratar aquela hiena do desenho animado, que vivia dizendo "Oh dia! Oh vida! Eu sei que não vai dar certo!". É péssimo viver cercado de pessoas negativas, desmotivadas e derrotadas. Porém, se por um lado gosto de otimismo, por outro gosto de realismo, de pé no chão. Não me dê de presente um desses livros do tipo "Fique rico em dez lições" ou "Descubra o vulcão que há em você", por que nem vou ler.

Não me interessa ficar rico, porque dá muito trabalho. E dentro de mim não há um vulcão, mas no máximo um fósforo aceso. Se eu me achar tudo isso, se ficar embasbacado com minha própria capacidade, vou acabar estagnando ou me tornar prepotente. Prefiro ser grama a ser coqueiro. A grama ainda tem muito espaço para crescer. O coqueiro tem tudo para cair.

Depois das palestras, há retorno dos participantes?

Mario Persona -
Algumas empresas costumam distribuir formulários de avaliação durante palestras e treinamentos, e às vezes recebo os resultados. Até hoje têm sido positivos, mas há também casos isolados de pessoas que não gostam de meu trabalho.

Depois de uma palestra onde exaltei as qualidades das mulheres, um sujeito que devia ser muito machista escreveu tudo o que tinha no coração a meu respeito. Na verdade tomei aquilo como alguma queixa que ele devia ter contra as mulheres, e não contra mim em particular.

Pessoas muito racionais também têm dificuldade para entender meu estilo, pois devo ter nascido sem o hemisfério esquerdo do cérebro, aquele da razão. Minha formação original em arquitetura e urbanismo, e muitos anos dedicados ao desenho, pintura e a escrever acabaram me levando a pensar e a falar em linguagem conceitual, e a usar atalhos de criatividade, como o humor, para me comunicar.

Uma pessoa que me ouviu terminar uma lista de dicas com uma piada, comentou que não podia acreditar em tudo o que eu disse antes, só porque no final eu fiz as pessoas rirem. Segundo o seu raciocínio lógico, por fazer humor, eu não era uma pessoa digna de ser levada a sério.

Porém, qualquer palestrante sabe que o humor é o adesivo do cérebro, e se quisermos que uma mensagem fique para sempre na mente do ouvinte, a melhor técnica é transmiti-la mesclada com humor. É por isso que você se esquece facilmente de um relatório de uma página que lê dez vezes, mas se lembra para sempre de uma piada de mesmo tamanho que ouviu só uma vez.

Você consegue atingir seus objetivos?

Mario Persona -
Palestras e treinamentos não costumam ter resultados imediatos, como se fosse uma injeção milagrosa. Leva tempo para as pessoas assimilarem o que aprenderam e transformarem aquilo em ação. Desconfio das palestras motivacionais de efeito rápido, daquelas que você sai sentindo-se super-demais, porque isso é como droga. Atingiu apenas a emoção, e quando o efeito acabar, fica muito pouco.

É preciso que exista também algum tutano, algum conhecimento fundamental, ao qual a pessoa possa recorrer em seu trabalho no dia-a-dia, e não apenas palavras de ordem, bexigas ou gritos tresloucados. Somos seres emocionais, e na comunicação deve existir emoção. Mas não são as emoções que devem nos guiar 24 horas por dia.

Qual a principal necessidade das pessoas que participam de suas palestras?

Mario Persona -
Vejo que quase sempre a necessidade é de conhecer melhor a natureza humana, tanto a própria como a das outras pessoas. Nos iludimos pensando que existam técnicas imutáveis de comportamento, e por isso tentamos adotar procedimentos rígidos para todas as situações. Não pode ser assim. É preciso desenvolver uma capacidade muito grande de observação e assimilação de informações, para agir de acordo em cada situação.

Por exemplo, é comum eu encontrar vendedores que seguem um roteiro praticamente igual de visita ao cliente, oferta de produtos, discussão de preços e esforço para obter um pedido. O caminho correto é muito diferente, e começa no entendimento de quem é o cliente, de seu potencial de compra, dos problemas que tem, das implicações que esses problemas trazem e dos benefícios que ele possa desejar.

Só então vem a tentativa de aplicar tudo isso ao produto e serviço, que é algo que praticamente não é oferecido pelo vendedor, mas solicitado pelo cliente. Há muitas deficiências na área comercial das empresas porque todo mundo acha que sabe vender, e que o cliente é que não sabe comprar.

O que as pessoas mais precisam para se desenvolver profissionalmente?

Mario Persona - Vontade, objetivos e disposição para começar de baixo. Todo mundo quer ser chefe logo de cara, mas não imagina que para saber liderar é preciso entender como se sente um liderado. É preciso também ser observador para perceber para onde caminha o mercado.

Por exemplo, por que eu iria me especializar, fazer cursos, investir em minha carreira de projetista de telefones daqueles de antigos, de disco, quando percebo que as pessoas só querem telefones de teclas? Uma boa observação do mercado ajuda o profissional a se precaver contra a perda de tempo em atividades que estarão extintas em poucos anos.

Existe também um grande inimigo da carreira que é a ilusão de que uma grande carreira só é possível em uma grande empresa. Isso é falso. São as pequenas e médias empresas que absorvem o maior número de profissionais, e muitos se dão muito bem em suas carreiras nessa faixa de empresas. Afinal, é sempre mais provável encontrar ouro em um terreno inexplorado do que na imensa cratera onde muitos trabalham.

Quais as técnicas de motivação profissional que você utiliza?

Mario Persona - Utilizo o humor como o caminho mais curto para o cérebro, e a compreensão da natureza humana como forma de entender-se a si mesmo e entender quais os motivos, razões e expectativas das pessoas que nos cercam. O estímulo para aprender sempre, colocando-se na posição de um humilde aprendiz, uma esponja que só consegue reter o líquido porque tem muitos espaços vazios, e é capaz de transformar a pressão em oportunidade para crescer.

Em minhas palestras não utilizo shows de estímulos visuais ou sensoriais, mas convido os participantes a colocarem a inteligência para funcionar e a aprenderem a não só escutarem o que digo, mas também o que não digo, mas está nas entrelinhas. É na capacidade de ler nas entrelinhas e enxergar o que a maioria não vê que está a diferença dos melhores profissionais.

Minhas palestras e treinamentos costumam ser uma espécie de "entre tapas e beijos", aquela coisa de acariciar com uma mão e bater com a outra. Digo isto porque realmente chamo os participantes a refletirem sobre suas falhas, dificuldades e carências, ao mesmo tempo em que faço isso de uma forma agradável e bem-humorada.

31/10/2008

Palestras em tempos de crise

A dúvida de muitos palestrantes está no quanto a atual crise pode afetar o mercado de palestras e eventos. A resposta é que pode afetar muito, está afetando e vai afetar ainda mais. Muitas empresas estão revendo e cancelando gastos com eventos já programados e, em função da época do surgimento da crise, irão planejar o orçamento para o próximo ano levando em conta tempos bicudos. Mesmo que o tsuname não passe de marola, o orçamento estará cicatrizado então.

Não se pode culpar os empresários por estarem fazendo mais um ou dois furos no cinto, mas também é bom enxergar que a ameaça é relativa. Palestrantes mais voltados ao entretenimento devem sofrer mais com a crise, já que os eventos puramente festivos serão reduzidos. O panetone de fim de ano também será de marca inferior.

Aqueles que têm uma mensagem puramente motivacional, do tipo auto-ajuda, você pode, você consegue etc., ainda podem ser de alguma ajuda para motivar equipes desanimadas e trabalhando sob ameaça de cortes, mas muitas empresas já estão um pouco cansadas de experiências vazias nesse sentido.

Mas, se o profissional for bom, e não ficar apenas naquele oba-oba vazio de frases feitas tipo alguns horóscopos piegas de jornal, ele poderá ajudar a equipe.

Creio que quem se dará melhor nestes tempos de crise serão os palestrantes capazes de realmente ajudar as empresas a venderem mais, a prepararem suas equipes e a reduzirem seus custos. Neste caso os workshops e treinamentos, mais longos e com mais conteúdo são mais úteis, por não se limitarem ao mero empurrão que normalmente é dado de forma resumida numa palestra. Só que aí entra a questão do preço.

Um palestrante de renome pode cobrar mundos e fundos para falar uma hora, pois sua marca e exposição na mídia, além de seu conhecimento, ajudam a determinar seu preço. Mas quando o assunto é treinamento, o mercado é completamente diferente e nem sempre os palestrantes bam-bam-bam atuam nesse segmento, pois aí estarão concorrendo com as consultorias que dão treinamentos cobrados por hora. Obviamente um palestrante que cobre dez mil reais para falar uma hora em uma palestra não vai poder cobrar 80 mil para falar um dia inteiro. O que fazer?

O jeito é estar consciente dessa diferença e ter um preço adequado para treinamentos. O cálculo é simples: Considerando que ele cobre dez mil para falar uma hora em um dia que provavelmente será gasto exclusivamente para atender aquele cliente, se falar algumas horas a mais isso não precisa necessariamente ter uma influência exponencial no preço. Raramente um palestrante consegue atender mais de um evento em um mesmo dia, principalmente porque a maioria dos eventos envolvem viagens. Dependendo do lugar e do horário do evento, ele pode ter sido obrigado a comprometer um dia para a viagem de ida, um dia para o evento e mais um dia para a viagem de volta.

Portanto, se quiser atuar com workshops e treinamentos, seu preço não poderá ser muito mais do que o praticado para uma palestra de uma hora ou ele ficará astronomicamente fora dos padrões da concorrência que agora inclui também empresas de consultoria sem qualquer exposição na mídia. Mesmo assim o treinamento feito com um palestrante de renome será mais caro do que o de uma consultoria. Será que o cliente concordará em pagar? Minha experiência tem demonstrado que sim, principalmente por causa do efeito McDonald's.

Um amigo que viajava muito por todos os países do mundo costumava dizer que só comia no McDonald's. Não que ele gostasse tanto assim, mas porque sabia o que iria encontrar. Uma refeição em um boteco qualquer da Índia ou Guatemala podia até ser melhor e mais barato, mas sempre seria um risco. Então ele só ia no McDonald's, que às vezes podia sair até mais caro. Eu mesmo gosto de ficar em hotéis de grandes redes por este motivo. Dá trabalho entender o quarto e o serviço de cada hotel, e os quartos e serviços de hotéis de rede são sempre iguais.

Ao contratar o treinamento de uma empresa de consultoria o cliente nem sempre tem a garantia de que o ministrante será bom. Já fui contratado por empresas que tiveram uma experiência ruim em um treinamento anterior, quando contrataram uma grande consultoria internacional e no dia do treinamento apareceu um jovem recém formado sem qualquer experiência. Um desses clientes exigiu que eu colocasse no contrato que seria eu mesmo que ministraria o treinamento, o que obviamente sempre acontece.

Portanto, se você é palestrante, prepare-se para incluir treinamentos em seu cardápio, e se você é empresário lembre-se que em tempos bicudos a concorrência é maior e sua equipe precisa estar melhor preparada do que a do concorrente. Muito melhor.

23/10/2008

Linguagem e público

Em uma visita a um cliente antes de um evento ele quis se assegurar de que eu não falaria palavrões durante a palestra, não faria baixarias, não usaria linguagem apelativa ou imoral e nem causasse constrangimento em pessoas da platéia. Assegurei que não é meu estilo fazer essas coisas.

Antes de cada palestra nas empresas que me contratam eu procuro me policiar com a seguinte pergunta: "Minha apresentação poderia ser vista por pessoas de qualquer idade, sexo, etnia, formação e classe social?". Um palestrante voltado para o público empresarial não pode ter uma apresentação que seja de algum modo imprópria.

Uma vez uma empresa fez questão de conversar pessoalmente comigo antes de me contratar para quatro palestras, pagando todos os custos para essa reunião prévia só para ter certeza de que não se repetiria a experiência que tiveram com outro palestrante no ano anterior. Ele não apenas chegou à empresa acompanhado de uma garota de programa que apresentou como sua "assistente", como fez várias piadas envolvendo a marca da empresa e seus funcionários.

Outra empresa teve o mesmo cuidado por causa de uma decepção no ano anterior, quando o palestrante insistiu em contar várias piadas envolvendo a nacionalidade dos donos da empresa. O constrangimento foi grande entre os funcionários, que não sabiam se podiam rir ou não.

Em um evento do qual participei, um dos palestrantes passou boa parte de sua palestra dando apelidos e fazendo gozações com um empresário obeso sentado na primeira fileira. Em outro, o palestrante se viu em maus lençõis depois de fazer piadas sobre gays. E sei de um palestrante que foi processado por discriminação racial por um dos presentes.

Portanto, se a sua intenção é atender o mundo corporativo com palestras de temas de interesse para esse mercado, lembre-se de que deve manter seu conteúdo e tudo mais dentro dos princípios de ética e respeito, policiando-se para evitar qualquer linguagem, tema ou humor que impróprio para qualquer pessoa que trabalhe naquela empresa. Afinal, naquele momento você está trabalhando para aquela empresa e seu público é seu cliente. Nenhum cliente gosta de ser constrangido, humilhado ou assediado.

22/10/2008

Roupas de risco

Um dos cuidados que as mulheres precisam ter neste segmento é com a roupa. Dependendo do tipo de temas que irão abordar, dos clientes, locais e horários das palestras, a escolha errada da roupa pode causar constrangimentos na hora da palestra.

Digo isto pensando principalmente em palestras feitas dentro de indústrias, onde há restrições a determinados tipos de roupas, como saias, vestidos e sapatos de salto alto. Quando a palestra acontece dentro da área de produção algumas grandes indústrias não permitem a entrada de pessoas com roupas de mangas cavadas, saias, bermudas, sandálias, calçados abertos ou de salto alto por questões de segurança.

Calçados abertos e sem meia aumentam o risco de ferimentos, contaminação e queimaduras com substâncias ou gases que possam vazar e ficar no nível do solo. Saltos altos podem prender em orifícios como chapas perfuradas que são usadas com freqüência em seções de pisos e escadas de áreas industriais. Cabelos longos e soltos podem também representar risco quando muito próximos de máquinas em funcionamento.

Quem faz palestras para empresas que trabalham em turnos também deve se preparar para apresentações no meio da madrugada, o que exige que o palestrante seja precavido no modo de vestir para evitar congelar no meio da palestra.

Quem sonha ser palestrante costuma se imaginar em um palco imenso em um ambiente de luxo, com ar condicionado, falando para uma platéia de executivos de terno e gravata. A realidade é bem outra. É bom se preparar para fazer palestras em tendas, ao ar livre, em fazendas, em barracões adaptados, refeitórios e até na área de produção de algumas indústrias.

A última coisa que você irá querer usar é um terno e gravata em um galpão industrial ou barracão de fazenda onde sua platéia é formada por operários vestidos de macacão ou lenhadores e vaqueiros em roupa de trabalho. Bem-vindo ao mundo real.

09/10/2008

Clima do evento

A experiência tem demonstrado que o clima do evento, que é muitas vezes um reflexo do clima organizacional da empresa cliente. Portanto às vezes é importante gastar algum tempo conversando com o cliente para tentar obter o máximo de informações sobre o clima organizacional.

Seu contato na empresa irá provavelmente tentar explicar organogramas, fluxogramas e tantos outros gramas que não terão tanta importância na hora da palestra ou treinamento como terá o estado emocional dos participantes.

Tente explicar ao cliente que uma palestra de uma hora e pouco não é exatamente uma consultoria, onde você tem dias ou meses de contato, observação e análise antes de propor alguma solução. O palestrante deve navegar no plano conceitual e raramente poderá descer ao plano da prática dos processos da empresa, ou correrá o risco de sua audiência perceber que ele não está totalmente inteirado dos processos e problemas do dia a dia daquela empresa.

Mas voltando ao assunto do clima, este sim deve ser adequadamente medido porque você pode ser o pior palestrante do mundo e sua palestra ser um sucesso porque o público tinha acabado de ganhar na loteria, ou ser o melhor palestrante do mundo e sua palestra ser um fracasso por pegar um público em seu pior dia.

Não sou o melhor palestrante do mundo e nem passo perto disso, mas um de meus fracassos foi uma palestra feita no início da manhã para funcionários de uma agência bancária. Senti-me péssimo com a falta de atenção do público, sua apatia e olhar distante. Isso dos poucos que não olhavam para o chão. O que eu dizia entrava por um ouvido e saía pelo outro sem causar qualquer impacto.

Foi só quando a palestra terminou que a gerente da agência contou algo que não quis contar antes com medo de me deixar desmotivado. A agência tinha sido assaltada no dia anterior e aquele mesmo grupo de pessoas tinha ficado até tarde da noite rendidos sob a mira de pistolas e metralhadoras.



Desperte! É Tempo de Falar em Público    
TANIA CASTELLIANO
Alem de dicas, a autora oferece uma serie de exercicios para melhorar a diccao e aperfeicoar a pronuncia. Praticar e uma das maiores preocupacoes da autora. 


Clique aqui e veja mais detalhes.

10/08/2008

Palestras em dupla

Algumas pessoas me procuram para parcerias, para apresentarmos palestras em dupla, mas eu creio que não funciona. Uma vez tentei fazer isso com um grande amigo e experiente executivo, mas não funcionou e hoje posso entender algumas razões.

Se você pretende atuar em palestras de grandes eventos públicos (menos de 5% no meu caso), quem costuma escolher os palestrantes que irão dividir o palco são os promotores do evento. Neste caso eles também preferem variar dependendo do evento e do público. Portanto, ainda que você trabalhe em dupla com outro palestrante, para um evento desses é provável que um ou outro seja contratado, não os dois.

Caso sua atuação seja in company (mais de 95% no meu caso), geralmente a empresa contrata apenas um palestrante por evento, ou então um palestrante externo e um consultor local, ou um palestrante e um mágico, um comediante, um teatro e assim por diante, dependendo do evento. A empresa não vai contratar dois palestrantes porque fica caro, e também porque vai querer diversificar, se o evento for maior. Mesmo que a empresa contrate vários palestrantes, provavelmente irá querer que sejam de áreas diferentes.

Outro problema em se trabalhar em dupla é o nome. Geralmente o palestrante constrói seu nome como um cantor, não como uma dupla sertaneja. Todo o seu trabalho de divulgação é construído em cima de sua marca, e fazer isso com dois pode diluir o poder de sua marca, pois nem sempre os dois agradarão o mesmo público.

Duplas ou equipes funcionam melhor quando não existe um nome só envolvido e nem é isso que o cliente busca, como por exemplo no caso de treinamentos. Um cliente pode contratar uma empresa de assessoria de imprensa para treinar seus executivos a se relacionarem com a mídia. Aí sim é provável que no pacote venham um jornalista, um especialista em marketing pessoal, alguém para ensinar falar em público e por aí vai. O cliente não está contratando "o palestrante" ou a dupla de palestrantes, mas uma empresa que irá disponibilizar os talentos que melhor atendam a uma necessidade específica para um treinamento de várias horas ou dias.

04/08/2008

O que levar na viagem

Um amigo costumava dizer que, quando viajar, o segredo é levar metade da roupa e o dobro do dinheiro. É verdade. Quanto menor sua bagagem, melhor, principalmente porque você poderá carregar tudo na mão e não precisará despachar a mala se viajar de avião. Isso pode acarretar uma demora maior para quem for apanhá-lo no aeroporto e você ainda corre o risco de extravio.

Uma boa idéia é ter um terno preto com duas calças (antigamente, muito antigamente, as lojas Ducal de São Paulo lançaram a promoção: um terno, duas calças). Por que preto? Porque basta trocar a gravata e parece que trocou de roupa. Um terno marrom ou cinza não produz o mesmo efeito.

Um blazer azul-marinho e calças cinza ou beige também serve para eventos informais e durante o dia. Para eventos bem informais em praias e fazendas, calça e camisa resolvem. O bom é estar sempre um pouquinho mais bem-vestido do que a platéia, porque eles esperam isso de você.

Em uma maleta de mão você consegue colocar a roupa que vai usar em uma viagem de ida e volta para um ou dois dias fora. O paletó ou blazer vai na mão. O check-list que tenho em meu Palm pode servir de idéia para você. São os itens que costumo levar ou verificar antes de sair de viagem:

  • Reserva de hotel
  • Dinheiro
  • Passagens
  • Proposta (para me lembrar do tema, condições, etc.)
  • Livro para ler na viagem
  • Documentos pessoais (você não embarca sem um RG, passaporte ou carteira de motorista originais)
  • Endereços
  • Contato de quem vai me buscar no aeroporto
  • Cartões de visita
  • Mapa (uso http://maps.google.com quando preciso de um mapa para chegar ao local)
  • Celular e carregador
  • Palm e carregador
  • Notebook e carregador
  • Pen-drive
  • Fones de ouvido
  • Backup da apresentação (CD, pen-drive e, para garantir, uma cópia na Internet para baixar em caso de ser assaltado)
  • Caneta
  • Medicamentos
  • Barbeador
  • Itens de higiene pessoal
  • Linha, agulha e botões

Roupas ficam ao seu critério. Um sapato (o que vai no pé) basta para mim. Camisa para a palestra eu sempre levo duas, porque sempre pode acontecer de cair algo em uma (quem já tomou banho de refrigerante em avião sabe o que é). Finalmente, espero que você não seja daqueles que não conseguem dormir em travesseiro diferente, e viajam com um travesseiro debaixo do braço.

09/05/2008

Quanto cobrar por uma palestra

Eu sei que estava falando de entrevistas, mas vamos fazer um intervalo para os comerciais e atender a alguns pedidos de mais informações sobre quanto cobrar por uma palestra.

Quando não existe exposição na mídia, os preços caem. Palestrantes profissionais são avaliados pela marca, ou por quanto são conhecidos do público. Então você pode encontrar alguém que entenda muito pouco de um assunto (eu, por exemplo), cobrando mais do que alguém que é especialista no assunto (o Dr. Jlhoxkyo Owercngruslpw, Phd, por exemplo).

Para quem está começando, uma referência é cobrar como cobraria para uma consultoria. Quem está começando meeesssmo pode cobrar por hora de consultoria, um valor que também varia muito conforme a marca. Ou cobrar por um dia de consultoria, embora trabalhe apenas uma ou duas horas, caso se sinta mais confortável.

Outra referência é cobrar por número de participantes, fazendo um cálculo rápido de quanto cada um estaria disposto a pagar para assistir uma palestra. Palestrantes profissionais, porém não cobram por hora, por público ou por dia, mas segundo o valor que é atribuído à sua marca.

Esse "cobrar" sempre exclui os valores de locomoção, hospedagem e outras despesas, mas eu geralmente só coloco para o cliente pagar hotel e locomoção, e esta apenas do aeroporto onde chego e saio (não incluo minha locomoção até o aeroporto mais próximo de casa).

Também não me preocupo em cobrar lanches ou refeições feitas fora do hotel, embora alguns não incluam isso na autorização que dão ao hotel, e na hora de fechar acabo arcando com essas refeições. Considero indelicado, depois de fazer um trabalho de 4 ou 5 dígitos, discutir por causa de um misto-quente.

Se você quiser tomar como referência o que cobraria um consultor, sugiro um passeio pelo site do IBCO - Instituto Brasileiro dos Consultores de Organizações, onde há muita informação e também uma pesquisa de valores de honorários para você baixar em PDF. Divirta-se com as tabelas.

Aqui eu falo um pouco mais sobre quanto cobrar por uma palestra:

Idéia de valores
Como cobrar
Quanto eles cobram nos EUA

08/05/2008

Entrevista no rádio

As entrevistas para programas de rádio podem ter diversos formatos. Já dei entrevistas em estúdios, por telefone e até por MP3. O importante em qualquer caso é conversar antes com o entrevistador para saber qual será o escopo da conversa, para você não ser pego desprevenido.

Em hipótese alguma, no rádio, TV ou mídia impressa, faça propaganda de algum produto ou serviço, a menos que isso seja previamente conversado e acordado com o entrevistador ou repórter. O entrevistador enxergará você como um aproveitador, se quiser martelar seus produtos. É preciso entender que a oportunidade de aparecer na mídia deve ser aproveitada como uma oportunidade institucional, não promocional.

Qual a diferença? Institucional é a exibição de uma marca (no caso você) de forma ampla, sem qualquer apelo para vender um produto ou serviço. Promocional é a venda específica. Por exemplo, você falar que aprendeu a fazer pastéis com sua avó, e que isso lhe possibilitou abrir a "Pastelaria Ventania" que está obtendo um sucesso considerável no bairro, é uma forma de propaganda institucional. Você não ofereceu nada, apenas mencionou uma particularidade interessante de seu negócio (a receita da vovó) e criou um certo interesse na audiência.

Uma propaganda promocional seria você "aproveitar o ensejo" para anunciar uma promoção de pastéis de inhame, do tipo, "compre dez e pague cinco", mas só esta semana.

Durante a entrevista, procure articular bem as palavras, evitar vícios ("né", "então", "ou seja"), e eu particularmente detesto ouvir alguém falando "nós isso", "nós aquilo", por denotar falsa modéstia. Vai que o entrevistador pergunta onde você nasceu e você responde: "Nós nascemos em Minas Gerais". A audiência do programa de rádio, por não conseguir enxergar que há só um entrevistado, vai pensar tratar-se de gêmeos siameses.

Quando a entrevista for por telefone, pergunte antes se vai ser ao vivo ou gravada, porque no primeiro caso você tem menos chances de errar. No segundo, se falar besteira, pode até pedir licença para começar de novo e solicitar a edição daquele trecho. Evite dar entrevistas no trânsito, falando ao celular e dirigindo, para sua entrevista não ir parar também no programa policial ou nos anúncios funerários.

Se estiver em casa ou no escritório, procure um lugar tranquilo, desligue o telefone e o celular, porque é horrível eles ficarem tocando durante a entrevista, e certifique-se de que o cachorro do vizinho (o animal, não o vizinho) não esteja latindo, seu bebê não esteja chorando e a máquina de lavar roupas não esteja ligada. O resto vai depender de seu talento.

07/05/2008

Modos de entrevista

Você pode ser requisitado para uma entrevista por telefone para rádio ou TV, ao vivo ou gravada, por telefone para a imprensa e por e-mail. Sempre que possível dê preferência ao e-mail para as entrevistas que serão publicadas. Você tem maior liberdade para responder em seu melhor momento e com as idéias mais claras.

Além disso, a entrevista por e-mail permite que você pense melhor sobre o assunto e até pesquise algo que possa enriquecer o que diz. Ao responder, porém, faça como se estivesse conversando, e não como se estivesse escrevendo uma tese científica. É importante aprender a escrever do jeito que você fala. Sabe como é, assim, sem muito floreado, tá?

Não espere que aquelas cinquenta laudas de resposta que deu serão publicadas na íntegra. Nem mesmo a hora e meia que falou ao telefone para o reporter gravar, porque sua entrevista pode ser (na maioria das vezes) apenas para acrescentar informações a uma matéria da qual participam outros entrevistados. Uma vez eu falei quase uma hora com um repórter e vi uma frase minha publicada na matéria na revista.

Depois falo mais sobre entrevistas por meio de recursos síncronos (telefone, skype, pessoalmente), por telefone, para a imprensa, rádio ou TV.

04/05/2008

Relacionamento com a imprensa

A imprensa pode ser uma alidada importante do palestrante, mas é bom entender que a função do jornalista é informar, não fazer propaganda de você. Portanto, nem pense em tentar usar a mídia. Quem lê isso pode achar uma contradição, pois há pouco eu ensinava como se valer de jornais, revistas e sites para divulgar sua marca.

Bem, os resultados são proveitosos para o palestrante, mas a abordagem nunca deve ser no sentido de levar vantagem. Não entendeu? Raciocine assim: se me esforço para criar informações e conteúdo de qualidade para aparecer na mídia, isso não significa explorá-la, mas criar uma vantagem para ela. O efeito colateral disso é exposição. A imprensa busca por informação e conteúdo. Quem estiver disposto a investir seu tempo nisso é beneficiado com os resultados.

Vamos supor uma situação inversa, para entender melhor. Hoje é muito fácil para um palestrante escrever meia dúzia de livros (nossa! exatamente meu número até aqui!), produzir puro lixo na forma de artigos e entupir a Internet com isso. Falo de ficar escrevendo artigos que não dizem nada, só para criar volume. Quer ver? Vou dar um exemplo usando o
"Fabuloso Gerador de Lero-Lero":

O que temos que ter sempre em mente é que a hegemonia do ambiente político auxilia a preparação e a composição do orçamento setorial. A certificação de metodologias que nos auxiliam a lidar com o acompanhamento das preferências de consumo aponta para a melhoria dos paradigmas corporativos. Caros amigos, a determinação clara de objetivos representa uma abertura para a melhoria da gestão inovadora da qual fazemos parte.

O que viu aí? Absolutamente nada, só palavras bonitas. Pois é, nem tente obter uma colocação privilegiada nos meios de informação gerando lero-lero. Nenhum jornalista procuraria você para falar disso. Ele precisa de fontes que sirvam para gerar boas informações para a matéria que está escrevendo. Qualquer profissional de comunicação percebe de longe o cheiro de vigarice.

Por outro lado, se você trabalhar duro e gerar informação de qualidade, com o tempo você acabará com seu nome anotado no caderninho de alguns jornalistas, e isso será sua recompensa. Continuarei falando desse relacionamento com a mídia e mais sobre entrevistas na próxima. Até lá.

03/05/2008

Otimizando sua produção

Há anos escreve semanalmente (ou quinzenalmente, dependendo do tempo), artigos e crônicas de vida, carreira e negócios, com foco em marketing, vendas, comunicação e outros temas de minhas palestras e treinamentos.

Ao final de um ou dois anos eu tenho material para um livro, podendo revisar, expandir, alterar, agrupar, fazer o que quiser. O importante disso é que eu escrevo quando as idéias vêm, e depois posso retomá-las na edição de um livro. É muito mais fácil do que partir do zero para escrever.

Essas mesmas crônicas eu publico primeiro em meu blog Mario Persona CAFE, e também ofereço para quem quiser publicar de graça ou como colaboração em sites, jornais e revistas. Tem gente que fica tão preocupada com isso que enche seus textos de "Marca Registrada", "Copyrights", cadeados etc. Eu não.

Se alguém pode roubá-los? Claro que pode, e algumas pessoas já fizeram isso, colocando-se como autores. Raciocine assim: quanto você ganha escrevendo? Muito pouco. Quanto você ganha se o seu nome estiver espalhado por aí em centenas de sites, jornais e revistas? Muito muito.

É claro que também forneço serviços de autor para algumas revistas segmentadas, escrevendo crônicas exclusivas, mas estes são outros quinhentos.

Continuando, como já escrevo para meus textos durarem, dificilmente trato de temas do noticiário, mas conceituais. Como são textos leves, principalmente para ler na Web, não gasto mais de 600 ou 700 palavras em cada um. Meus textos são então publicados em meu blog e vai saber onde mais, já que incentivo a cópia descarada, desde que acrescentem um www.mariopersona.com.br aos créditos. Você não imagina o bem que isso faz para sua marca nos sites de busca!

O mesmo texto segue também para os 9 mil assinantes de minha newsletter (importante, não mande SPAM, crie uma newsletter e conquiste assinantes que sejam assinantes porque gostam do que escreve).

No momento em que tenho o texto, tenho o script para meu vídeo. E é o que faço, criando um vídeo daquele texto, em casa mesmo. Depois eu extraio o áudio daquele vídeo e publico em meu podcast. Veja só: Eu escrevo uma vez, e esse texto vai virar:

  1. Material para meu blog
  2. Material para minha newsletter
  3. Colaboração para os blogs, jornais, revistas e sites dos outros.
  4. Material para um futuro livro
  5. Vídeo
  6. Podcast

Se isso não for otimização da produção, não sei o que é. Quem vê tudo isso por aí acaba pensando que minha produção é gigantesca. Nem tanto. Ah, e tem mais: as entrevistas. Mas isso fica para a próxima conversa...

02/05/2008

Escrevendo seu livro

Como o próprio Tom Peters disse em sua entrevista (veja texto anterior), todo palestrante deve procurar escrever um livro. Mesmo que você só venda para sua mãe ou sua irmã, ou dê de presente, ter um livro faz uma grande diferença porque, além de palestrante, você entra no mundo dos autores. Obviamente é preciso que tenha qualidade, ou você entrará para o mundo dos autores medíocres.

Eu tive a felicidade de encontrar duas editoras que quiseram publicar meus livros. Mas mesmo que isso não seja possível, hoje existe a possibilidade de produção sob demanda. Geralmente as editoras que trabalham assim cobram um valor para produzir, digamos, cem ou duzentos livros. A venda pode ficar por conta da editora ou por sua conta.

A experiência nesse segmento sob demanda demonstra que quem vai precisar vender mesmo é o autor, porque esses livros acabarão não entrando na distribuição das livrarias. O que leva ao ponto de que o elo mais importante na produção do livro não é a editora, mas a distribuidora. Mas este é outro assunto.

No próximo texto vou mostrar como faço para otimizar ao máximo a produção de meu material para livro, sites, entrevistas, vídeos, podcasting etc. Enquanto isso, assista o vídeo abaixo.

01/05/2008

SIPAT, CIPA e Palestras de Segurança no Trabalho

Um mercado interessante é o de palestras para a SIPAT, a Semana Interna de Prevenção de Acidentes no Trabalho. De acordo com legislação, as empresas são obrigadas a dedicar, anualmente, uma semana para palestras e conferências sobre acidentes de trabalho, e isso é uma excelente oportunidade para o palestrante.

Algumas considerações, porém. Palestras técnicas de segurança devem ser ministradas por pessoas da área, como técnicos e engenheiros de segurança. Geralmente é isso que acontece no dia-a-dia das empresas e também na SIPAT. Porém muitas grandes empresas estão bem servidas nessa área e, durante a SIPAT, procuram trazer palestrantes também da área comportamental.

É aí que eu entro, e é aí que muitos palestrantes atuam. A rigor eu não poderia falar de segurança no trabalho por não ser um técnico no assunto, e é por issso que sempre pergunto antes o que a empresa procura. Se querem que eu ensine como usar EPI (Equipamentos de Proteção Individual), procedimentos, etc., então sugiro que procure um profissional da área.

Mas na maioria das médias e grandes empresas todo mundo está mais que informado e treinado em segurança. A brecha fica por conta do comportamento, das atitudes, da responsabilidade pessoal. É aí que o palestrante comportamental entra, pois não vai se intrometer nos procedimentos de segurança já adotados pela empresa, os quais ele provavelmente não será capaz de conhecer pela limitação do tempo, mas irá motivar os colaboradores a adotar os procedimentos.

Enfim, é uma palestra puramente comportamental, e quem trabalha com gente, com comportamento, com motivação, e tem boas histórias para contar para conscientizar o público da importância da segurança, tem os elementos necessários para atuar nessa área.

Agora vem a melhor parte. Como as empresas precisam promover a SIPAT, isso significa que elas já reservam uma verba todos os anos para o evento. E daí? Daí que já não se trata de vender seus serviços de palestrante, mas de eles serem comprados. Não é o caso de você tentar convencer o cliente a promover o evento, mas apenas uma questão de competência, alinhamento com os objetivos da empresa, e preço.

Agora vem a parte menos melhor. Por se tratar de uma atividade geralmente atendida pelos próprios técnicos e engenheiros de segurança da empresa ou prestadores de serviço, você irá concorrer com o preço "de grátis" que esses poderão estar cobrando, por seus serviços já estarem inseridos no pacote de seu contrato.

30/04/2008

Aprendendo com Tom Peters

Quer uma dica? Baixe este arquivo em MP3 e ouça uma entrevista de meia hora com o palestrante Tom Peters. A entrevista de meia hora foi para o blog "For Authors". Alguns pontos que anotei:

  • Para manter uma agenda de palestrante tão ativa quando à de Tom Peters ele diz que precisa ter algo de genético. É preciso muita energia para aguentar horas e horas de vôo e eventos. Sem falar dos cafezinhos.
  • Para ser palestrante é preciso estar entusiasmado para resolver problemas. Palestras são uma forma de informar soluções. "Poucos líderes querem ser líderes, eles são levados a ser líderes para consertar algo que vêem que está errado" (citando outro autor)
  • Tom deve muito à sua mãe, um misto de mulher extrovertida e excelente oradora. Sua oratória foi uma inspiração para ele, e sua educação fez dele um leitor voraz. Bons palestrantes precisam de alimento para o cérebro. Precisam ler muito.
  • Curiosidade é uma característica vital. Pessoas assim podem ser interrompidas no meio de um trabalho pois vêem a interrupção como oportunidade para aprender algo.
  • O início da carreira foi natural, fazendo palestras na empresa onde trabalhava e, com o tempo, quem via acabava convidando para falar em outro lugar e outras empresas, por pessoas que assistiram uma palestra sua.
  • Desde o princípio, falar em público nunca foi estressante ou apavorante para ele como palestrante.
  • A trajetória de cada pessoa é única. Tom começou fazendo uma palestra para 7 pessoas em sua empresa.
  • É bom aprender as lições dos comediantes para saber que histórias funcionam e quais não funcionam em público. Humor é importante.
  • Nunca abra a boca a menos que esteja preocupado e tocado pela situação ou pelo tema que vai apresentar.
  • O palestrante não transmite só idéias, ele transmite emoções, portanto uma boa palestra deve ser um bom momento emocional.
  • O palestrante não é muito considerado enquanto não escreve um livro. Existe uma relação muito íntima entre escrever livros e ficar conhecido.
  • Escrever um livro faz parte do processo de organizar idéias, como acontece numa boa palestra.
  • Quando falar para pessoas de outras culturas, ainda que cometa erros o público pode perceber que você é sincero e dar um desconto pelo fato de você ser estrangeiro.

    Bem, há muito mais. Vá lá, baixe o arquivo para ouvir.

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