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16/01/2009

Técnicas para falar em público

Fui entrevistado pelo site Bolsa de Mulher para uma matéria sobre falar em público. Como o tema é particularmente útil para palestrantes, decidi publicar a íntegra da entrevista aqui.

Por que é tão importante saber falar em público e por que há tantas pessoas que têm tanta dificuldade para fazê-lo?


Palestrante - A comunicação sempre foi importante, pois sem ela não teríamos a civilização que temos hoje. Um dos grandes diferenciais da raça humana é sua capacidade de se comunicar, de articular seus pensamentos, de transmitir idéias de forma ordenada. Cada vez mais somos solicitados a falar em público, seja em uma festa familiar, em uma reunião no trabalho ou em um evento qualquer. Qualquer pessoa deveria dominar essa técnica.

Obviamente ninguém precisa ser um palestrante profissional para falar em público, e nem a audiência espera isso da pessoa. Quanto maior sua capacidade na profissão ou atividade que você exerce, maior o desconto que sua audiência dará para possíveis falhas em seu modo de falar. Portanto, se você tem coisas importantes para dizer, vá em frente e diga, sem se torturar com a possibilidade de não ser 100% em sua capacidade de oratória. Quando você põe isso em mente deixa de fazer aquela cobrança excessiva de si mesmo na hora de falar, e reduz o estresse. Em suma, sua oratória até melhora quando você não se estressa por causa de sua oratória.

A dificuldade da maioria das pessoas está no medo, mas ele não deve ser eliminado e sim administrado e transformado em aliado. Quem fala deve aprender a transformar a adrenalina, liberada pelo medo, em energia e vigor para a comunicação. Os atletas se superam quando existe pressão, e não é diferente na atividade de falar em público.

Uma boa técnica para se eliminar o medo é não começar logo com o assunto, mas começar falando de si mesmo, de sua família, de seu time de futebol e outras amenidades. Essa técnica reduz a tensão do orador e também permite que o público o enxergue como um ser humano e passe a relevar suas falhas.

Além disso, se você começar falando daquilo que você está acostumado a falar, daquilo que é capaz de falar até dormindo, irá evitar aquele branco na memória que é o pavor de qualquer um na hora de falar em público. Tudo fica mais fácil quando você começa falando de um assunto corriqueiro. Depois desse aquecimento fica fácil fazer a transição para o assunto da palestra.

Suas características naturais também podem servir como uma moldura para o seu discurso. Se você tem um perfil bem-humorado e costuma contar piadas para os amigos, pode usar essa característica, mas nem tente ser engraçado em público se não for esse o seu modo de agir naturalmente quando está entre amigos.

Como uma pessoa extremamente tímida, que precisa se apresentar para garantir um emprego, por exemplo, pode superar seus medos e se sentir mais confiante?


Palestrante - O que mais atrapalha é o medo de se expor, de achar que as pessoas estão reparando naquele fio de cabelo fora do lugar, no gaguejar ou nas mãos trêmulas. Quem fala tem uma percepção muito maior desses detalhes do que sua audiência, que está prestando atenção na mensagem. A mensagem, esta sim, é o recheio de uma apresentação e deve ser interessante o suficiente para atrair e cativar a audiência.

Se a preocupação é com as falhas, o melhor mesmo é que o seu público fique sabendo delas logo de início. Se você falar de seus defeitos, seu público não terá a chance de descobri-los, portanto é você quem está no controle. Vale a pena assistir o filme "8-Mile A Rua das Ilusões" para ver como o cantor supera seus medos ao se abrir diante do seu público. Quando não temos mais nada para esconder, perdemos aquele medo de que as pessoas percebam que exista alguma coisa de errado conosco.

Quais são as principais técnicas e dicas para uma boa apresentação em público?


Palestrante - Analisar bem o público, a ocasião, os objetivos. Quem fala em público está ali como quem vai vender um produto, que são suas idéias. Isso deve ser feito da maneira que gerar uma maior satisfação para os ouvintes.

Você pode também treinar diante de um espelho, para analisar postura, expressões, timbre de voz, articulação das palavras. Se puder gravar ou filmar a si mesmo, o que hoje dá para fazer até com um celular, você poderá analisar o resultado, fazer correções e pedir críticas e sugestões a algum amigo. Nos meus treinamentos de comunicação verbal eu costumo pedir aos participantes que venham à frente para falar sobre algo enquanto são filmados e depois analisamos juntos os resultados.

Há diversas dicas práticas que a pessoa que fala em público pode conseguir com a ajuda de um profissional ou lendo livros sobre o assunto. Uma é trabalhar a entonação da voz e aprender a fazer uso do silêncio para sublinhar suas palavras. Outra é decidir se deve falar de improviso, usar anotações ou slides, ou ainda ler um texto corrido. Cada forma tem vantagens e desvantagens.

Se você decidir ler um texto, nunca faça isso segurando uma folha de papel na mão, pois ela fatalmente irá denunciar qualquer tremor e comprometer a segurança que a sua fala deveria transmitir. Aconselho o uso de pequenos cartões, que não revelam que as mãos estão tremendo.

Há fatores físicos que podem comprometer ou colaborar com o desempenho da pessoa?


Palestrante - Sim, tudo pode acontecer durante uma palestra. O uso de microfones e o manuseio das apresentações no computador são coisas que precisam ser treinadas de antemão, para não correr o risco de ter problemas de som ou perder minutos preciosos tentando entender o equipamento. Microfones podem se transformar em instrumentos de desastre, quando não são usados da forma correta.

As falhas técnicas acabam desviando a atenção do público, e o mesmo acontece com vícios de linguagem, como o uso excessivo de expressões como "ou seja", "sendo assim", ou então sons como "hããã", "né". Movimentos estranhos com o corpo, com os pés e com as mãos também são inimigos do orador por desviarem a atenção.

Quem fala em público deve se imaginar na tela de uma TV apresentando um telejornal. Isto implica manter o público atento à sua boca e expressões, e aos movimentos de suas mãos, que devem ser mantidas dentro dessa "tela" de TV imaginária. As mãos só devem enfatizar a fala quando mantidas acima da cintura para não desviar a atenção para muito longe do rosto do orador.

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