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25/06/2009

O escritorio do palestrante

Responda rápido: se você fosse um gerente de recursos humanos de uma multinacional, acaso pegaria seu carro e iria ao endereço de um palestrante para contratá-lo para uma palestra? De jeito nenhum. Mais raro do que um cliente ir ao escritório de um consultor é ele ir ao endereço do palestrante.

Portanto, a menos que você viva há 40 anos, quando uma linha com a frase "Sede Própria" em seu cartão podia significar alguma coisa, não se preocupe em ter um escritório se pretender ser palestrante. Escritório significa custo de aluguel, instalações, funcionários... O palestrante vende conhecimento, não produtos tangíveis, portanto você não vai precisar de almoxarifado de temas ou depósito de palestras.

Se você for o Tarzan, morar numa árvore e já tiver trocado sua operadora de tambor por uma de celular, então está equipado para ser palestrante, o que diz respeito ao escritório. Agora é só manter a Chita calada quando alguém ligar, para a pessoa do outro lado da linha não pensar que você é o Tarzan, mora numa árvore e vive com a Chita.

O palestrante precisa mesmo é de uma presença na Web na forma de site, blog, comunidades virtuais, redes sociais etc. e o indispensável email. O atendimento você mesmo pode fazer no início, quando não terá tantas solicitações de palestras, mas depois pode contratar um atendimento terceirizado para ter um "número comercial". Esse atendimento pode eventualmente receber ligações com pedidos de palestras, embora uma boa presença na Web será responsável por 90% dos primeiros contatos.

Seu atendimento terceirizado pode ser contratado por um valor fixo mensal, fixo mais porcentagem ou como achar melhor. Ele poderá fazer o follow-up, ligando para saber se o cliente recebeu a proposta, por exemplo, algo absolutamente necessário considerando que muitas empresas têm bloqueios para determinados provedores de emails ou até mesmo para anexos, como provavelmente será sua proposta. Se for o caso, seu atendimento poderá reenviar a proposta ou você poderá colocá-la para download em uma área de seu site, caso a rede do cliente tenha bloqueio contra anexos. Seu atendimento poderá também cuidar de sua agenda.

Uma alternativa a um atendimento é você ter um bom relacionamento com agências de palestrantes, as quais tentarão vender você. Por razões óbvias, as agências só farão isso se você já tiver algum nome, caso contrário não irão querer arriscar perder negócio quando possuem tantos outros nomes em seu cardápio. Logo você descobrirá que palestrante é como Tostines: é mais fresquinho porque vende mais e vende mais porque é mais fresquinho. Você entendeu que o "fresquinho" aqui é apenas modo de dizer, não é mesmo?

Nas viagens o palestrante leva o escritório junto em seu notebook e, considerando que hoje qualquer hotel que não seja o que o Tarzan frequenta tem Internet Wi-Fi, o mesmo acontecendo com aeroportos, seu escritório ficará fechado só na hora dos pousos e decolagens, já que durante o voo você as duzentas as duzentas propostas solicitadas enquanto estava na sala de embarque. Você entendeu que "duzentas" aqui é apenas modo de dizer, não é mesmo?

20/06/2009

Palestrante escritor

Você não precisa ser escritor para ser palestrante, e nem todo escritor é palestrante. Portanto, se você deseja ser palestrante, mas não sabe escrever o suficiente para ter um livro, não se preocupe com isso. Ninguém é menos palestrante por não ser escritor.

Mas o livro é importante para a carreira do palestrante, pois além de criar uma aura de alguém erudito, permite que suas idéias permaneçam mesmo quando ele para de falar. Se você for um palestrante com pouca habilidade para escrever, contrate um ghost writer para colocar suas idéias no papel.

Geralmente quando o palestrante pensa em em escrever, pensa em livros, mas essa é uma visão limitada. Se por um lado o interesse por livros tem caído nos últimos anos com a competição das novas mídias, a atividade de escrever só tem crescido. Se um dia os livros deixarem de existir, os escritores continuarão existindo.

Todo tipo de mensagem, seja ela em formato texto, áudio ou vídeo, acaba tendo um escritor por trás. Quando o Jô fala em seu programa, ele não fala tudo de si, mas fala o que sua equipe escreve. Quando o âncora do telejornal fala, ele lê o que outro escreveu. A novela nada mais é do que um romance escrito por alguém e levado à tela em capítulos diários.

Quando os roteiristas de Hollywood fazem greve, o Brad Pitt fica mudo. Quando a equipe de escritores de humor do David Letterman para, o David perde a graça. Todos eles dependem dos textos dessas mentes extraordinárias que trabalham nos bastidores.

Mas, infelizmente, ainda tem muito jovem talentoso olhando para o mercado com as lentes do passado. Jornalistas, em especial, sonham trabalhar numa daquelas redações da década de sessenta, sem perceber que tem cada vez menos gente lá.

Como palestrante, ganho dinheiro escrevendo, mas não vendendo livros, porque não são best-sellers. Meus livros eu escrevi para ganhar dinheiro como palestrante, e eles têm ajudado. Escrevo meu blog com a mesma intenção (exceto meus blogs e vídeos onde falo de minha fé). É por isso que não levo livros para vender em palestras, e nem insisto para o cliente comprar meus livros, porque quando vou fazer uma palestra o objetivo do livro já foi atingido, que é o de ajudar no fortalecimento de minha marca e gerar contratos.

Escrevo o tempo todo, e não apenas pensando em livros. Até as entrevistas eu procuro dar por escrito (ou gravo enquanto falo) para ter depois material para meu site ou para transformar em matéria da TV Barbante. Aliás, escrever traz também surpresas agradáveis, como saber que meus textos têm sido usados em várias provas de concursos públicos. Se você pretende prestar concurso, comece a ler meus textos...

Resumindo tudo, eu não seria o palestrante que sou se não fosse escritor, mas poderia ser palestrante assim mesmo. Portanto, qualquer palestrante que tenha alguma inclinação para as letras deve traçar sua estratégia de carreira com a seguinte pergunta em mente: como posso capitalizar em cima de meus textos? Na maioria das vezes a resposta não será "escrevendo um livro" ou vendendo seus textos, mas simplesmente ajudando as pessoas com a disseminação da informação que você tem para transmitir.

16/06/2009

Filmar o palestrante?

Alguns palestrantes têm reservas quanto à filmagem ou gravação de suas palestras pelo cliente. Alguns contratos trazem uma cláusula proibindo a filmagem da palestra ou sua retransmissão. Você encontra também palestrantes que evitam ao máximo deixar que vídeos de suas palestras acabem no Youtube. O que fazer?

Primeiro é preciso que o palestrante entenda que vivemos um momento ímpar do acesso à tecnologia e não há como atuar hoje da mesma maneira como atuávamos há 20 anos. A tecnologia e o acesso a dispositivos de gravação e filmagem cada vez mais sofisticados vai continuar e hoje já posso ver pessoas na platéia com o braço erguido segurando um celular ou câmera para gravar minha palestra. Devo descer lá para confiscar o equipamento? Expulsá-las do recinto? Processá-las por uso indevido da imagem do palestrante? De jeito nenhum. Quando não puder lutar contra o inimigo tecnológico, junte-se a ele.

Há situações especiais quando o cliente pretende transmitir a palestra, ao vivo ou gravada, para diversas unidades da empresa no Brasil ou no mundo, o que pode de certa forma criar uma situação de perda de receita. Quando o palestrante faz uma palestra só que será reutilizada por todas as unidades, ele está deixando de ser contratado para as demais. Em casos assim pode até existir um acordo para acrescentar algum valor ao contrato, mas eu acho que isso também vai ficar tão usual quanto alguém filmar com o celular.

Algumas empresas têm suas unidades conectadas por vídeo como forma de integrar as equipes, e vai chegar uma hora quando o recinto onde você está em uma grande empresa não terminará mais nas quatro paredes. Então os palestrantes terão de se acostumar com a idéia de que na sala onde está fazendo sua apresentação o Big Brother está presente mandando sua imagem para outros lugares. É bom ir se acostumando ao olho de vidro que nos vê em todo lugar.

O que eu faço com relação a tudo isso? Primeiro, não me importo que filmem, mas você perceberá que não tenho material em DVD por exemplo para enviar para os clientes. Tenho vídeos caseiros e trechos de palestras na TV Barbante no Youtube que, como o nome diz, é amarrada com barbante, portanto quem assistir sabe que não está vendo uma gravação profissional. Isto ajuda a proteger minha apresentação.

Por que? Porque toda gravação em vídeo, por mais profissional que seja, jamais conseguirá transmitir o calor da presença pessoal, e um DVD enviado a um cliente pode até atrapalhar na contratação. Porém, se o cliente sabe que os únicos vídeos que poderá ver são as mambembes produções que coloco no Youtube, acabará pensando consigo mesmo, "Bem, acho que ao vivo ele deve ser melhor do que isso". Antes que me esqueça, já fechei vários negócios com empresas que me viram  no Youtube ou receberam por email um link que algum amigo mandou.

Uma outra questão é se o palestrante deve ou não publicar trechos ou cenas de palestras no Youtube, porque suas melhores cenas podem ser também seus pulos do gato, que podem ser copiados por outros palestrantes ou atrapalharesm na contratação, já que o cliente não vai querer ver de novo o que já viu. Duas observações cabem aqui.

Primeiro, quem copiar a letra e a música do Roberto Carlos pode, no máximo, se apresentar como um cover dele, cobrando uma fração do artista original, mas nunca será o Roberto Carlos. Segundo, por uma interessante característica do comportamento humano, quem assiste uma palestra em vídeo no Youtube geralmente está pensando em algo como "isso aqui serve para o José" ou "a Maria precisava ouvir isso". Então essa pessoa acaba se tornando uma agente em potencial, que acabará "vendendo" a idéia de me contratar na empresa onde atua. E ainda que os quinhentos colaboradores da empresa assistam todos os vídeos, dificilmente aquilo será exatamente o que falarei no evento para o qual me contratarem.

As piadas podem até ser as mesmas, mas eles não estão me contratando como humorista, mas como palestrante.

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