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15/11/2012

O assunto do palestrante

Se você pretende atuar como palestrante, cuidado para não cair no erro de pensar que basta repetir nas palestras o que leu nos livros que tudo ficará bem. O papel do palestrante não é o de "copiar e colar" aquilo que lê em livros ou vê, principalmente nesta era em que todos têm acesso à informação via Internet. O papel do palestrante é mastigar, deglutir, digerir e sintetizar enzimas do conhecimento que sejam interessantes o suficiente para mesmerizar a plateia.



Isto não acontece da noite para o dia, mas é resultado de uma vida de pesquisa, aprendizado e experiência do palestrante. Ninguém irá querer sair de casa só para ver um vídeo que está no Youtube, ouvir uma notícia que está na seção de economia de todos os jornais ou ouvir a leitura de um texto que encontra na banca.

O papel do palestrante é contextualizar a informação, não apenas repeti-la. O palestrante é como um chef, que pega aquela comida que qualquer um pode comprar no açougue, feira ou supermercado e a transforma em um show de sabores. Um bom exemplo para ilustrar isto é o que ocorreu comigo na década de oitenta em um restaurante na região dos Jardins, em São Paulo.



Se observou bem, peguei um fato corriqueiro, contextualizei para associá-lo ao assunto que estava tratando e acrescentei uma pitada de dramatização para colorir a coisa toda. Portanto o palestrante deve prestar muita atenção em cada coisa que acontece ao seu redor, até as mínimas expressões do comportamento humano, para poder usá-las como calda dourada para o seu assunto. É este o segredo para transformar uma informação commodity à qual todos têm acesso em uma experiência única.

Uma imagem vale por mil palavras e se o palestrante criar uma imagem mental em seus ouvintes eles sairão com o conceito bem gravado na memória. Veja estes dois exemplos que acabam de ocorrer comigo. Anotei para utilizá-los em alguma próxima palestra contextualizados com o que eu for tratar.

O rapaz que controlava a mesa de áudio e vídeo no evento de ontem devia estar entediado com a sessão de perguntas e respostas com os três palestrantes. Enquanto eu respondia a uma pergunta ele decidiu assistir um filme da Universal-Marvel (acho que seria Homem-Aranha) e ninguém entendeu nada. Ele esqueceu que o notebook continuava ligado nos telões.

- Ô, xará! Acho que esse filme não tem nada a ver com o evento, tem?" - reclamei.

- Oops! - disse ele.

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E mais este:

Eu e um amigo conversávamos ontem à noite num sofá no saguão do hotel quando um funcionário aumentou o volume da TV ao ponto de ficar difícil conversar. Como vimos que não havia outros hóspedes ali, decidimos diminuir o volume direto na TV pois ninguém iria reclamar. Mas aí o funcionário saiu de detrás de uma coluna com cara de quem não gostou.

- Diminuímos o volume porque não tem ninguém aqui vendo TV e ficou difícil conversar" - expliquei.

- Eu estou vendo - retrucou ele com a mesma cara de antes.

Decidimos nos sentar em outro lugar, longe da TV. Aparentemente nesse hotel o cliente interno é quem tem razão.

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