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09/04/2013

O palestrante nos bastidores

Se você for palestrante, ou deseja ser, e não faltou às aulas de inglês uma boa dica é assistir o documentário "The Motivator - The business of selling hope", do cineasta Dan Perez. Você pode ir para o link do vídeo no site do produtor em http://vimeo.com/6525803#at=0 ou no Youtube (em partes): http://youtu.be/SflhzSrgPkA O filme foi lançado em 2008 no Rincon International Film Festival, onde ganhou o "Director's Choice Award". Também participou do "Orlando Hispanic Film Festival" de 2008 e do "Sunscreen Film Festival" de 2009.




Aqueles que já estão na estrada há alguns anos irão se reconhecer no palestrante motivacional Victor Antonio, com suas viagens constantes e na vida doméstica. Alguns pontos que anotei enquanto assistia foram:

- A família não tem tanto interesse no palestrante quanto seu público.

Isto é um fato. Em casa o palestrante já contou as mesmas histórias centenas de vezes e ninguém está muito interessado em ouvi-las outra vez. Mas cada uma é inédita para o público. Portanto, se você, palestrante, encontrar indiferença em casa, isto não significa que não fará sucesso no palco. Eu nem tenho certeza se minha família assistiu alguma palestra minha inteira. Mesmo quando trazia alguma gravada em vídeo ela ia direto para a estante sem passar pelo DVD da sala. "Santo de casa não faz milagre", e menos ainda em casa.

- Um bom palestrante é a mesma pessoa em casa e no palco.

Palestrantes engraçados são engraçados em casa; palestrantes sérios são sérios em casa; palestrantes chatos são chatos em casa. Não é bem uma regra, mas deveria ser, porque se você fingir para seu público ser alguém que não é dificilmente irá conquistar simpatia. Genuinidade é uma das melhores qualidades de um palestrante.

- O palestrante sempre tem boas histórias para contar.

Você percebe a mudança no olhar e atenção do público quando começa algo como "Uma vez, quando eu estava visitando um amigo em..." e segue contando uma história. As histórias, por mais simples que sejam, têm um poder tremendo sobre as pessoas. Quando crianças adorávamos ouvir histórias para dormir e o palestrante deve se especializar em contar histórias. Desde que não sejam para o público dormir.

- A mentira tem pernas curtas.

Palestrantes mentirosos já não conseguem ficar imunes ao escrutínio do público. Hoje com a tecnologia da informação, o Google e as redes sociais é muito fácil as pessoas descobrirem se você falou abobrinha em sua palestra. As pessoas irão conferir e logo seu nome estará mais sujo que pau de galinheiro. Cuide muito bem de sua marca e venda-se em embalagem transparente.

- Apenas humor e diversão não são suficientes. É preciso conteúdo.

Muitas palestras terminam com as pessoas rindo ou chorando, mas e aí? O que terá ficado para o dia seguinte? De que modo elas saíram melhores daquela experiência? O palestrante precisa saber dosar muito bem o conteúdo com humor e entretenimento. Um desequilíbrio na fórmula e sua palestra passará a ideia de oca por não passar de oba-oba, ou indigesta como feijoada crua, se exagerar no conteúdo técnico ou conceitual.

- O que mais fala e usa menos microfone é seu corpo.

A linguagem corporal é importantíssima numa palestra. Com seu corpo o palestrante transforma as palavras em ação e os sentimentos em imagens vívidas diante de sua platéia. Não estou falando aqui daqueles palestrantes que ficam correndo de um lado para outro, mas dos que criam uma experiência multimídia associando a fala aos gestos. Quando eu falo do profissional se moldar às circunstâncias, vou me encolhendo como uma massa de modelar, e quando falo de flexibilidade mexo meu corpo, ou me estico todo ao falar de elasticidade.

- Imitar palestrantes de sucesso é o melhor caminho para aprender.

Cada um tem seu próprio estilo, mas todos nós aprendemos por imitação, e neste segmento de palestras não é diferente. Escolha um palestrante com o qual você se identifica e analise sua atuação, imitando e adaptando seus gestos e sua fala. Não falo de copiar, mas de tomar como exemplo algo para procurar fazer melhor. Tudo ficou mais fácil com o Youtube.

- Dosar o andamento da palestra para introduzir um elemento surpresa a cada cinco minutos.

Se você traçar um gráfico da palestra no tempo o resultado não pode ser uma linha horizontal ou declinando até o final. Uma boa palestra é como um serrote, com altos e baixos. Entregue algum conteúdo e cause um pico de atenção, contando uma história comovente, um caso engraçado ou simplesmente mudando a entonação de sua voz. Para saber se o público está atento verifique se as pessoas estão olhando em redor, dormindo ou indiferentes.

- Cuidado com a imagem e o vídeo que todo mundo viu.

Antigamente os palestrantes faziam muito sucesso introduzindo uma foto engraçada ou um vídeo comovente em suas palestras. Com o acesso que todos têm a tudo, dificilmente você encontrará algum material inédito para apresentar, portanto não fique dependente da foto ou do vídeo, mas crie o diferencial que ninguém seria capaz de encontrar na Web. Então aquela foto que é carne de vaca vira um delicioso churrasco, e aquele vídeo que é arroz de festa no Youtube é transformado por você em uma alegoria ou parábola que não está em canto algum.

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