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20/11/2013

Falar em publico - Dicas de oratoria para palestrantes

A ferramenta do palestrante é sua oratória e como toda ferramenta deve estar sempre afiada. Nunca perco uma oportunidade de aprender com outros palestrantes, observando sua oratória, sua linguagem corporal, sua articulação de palavras etc. Falar em público é como qualquer outra atividade: precisa de aperfeiçoamento e treino constantes, ou pode perder seu brilho. Embora algumas pessoas tenham maior facilidade para se comunicar em público, todos nós precisamos de aprimoramento. Por isso assista a mais este vídeo no qual dou dicas de oratória.




http://youtu.be/mJW3w8AOHB8

Acredito que o principal motivo de alguém sentir-se paralisado na hora de falar em público seja o medo da exposição que isso traz. Nós sempre achamos que as pessoas enxergam mais o que elas realmente veem em nós, e isso nos leva a uma atitude de defesa para evitar a transparência. É instintivo. Este é o mesmo comportamento que, inconscientemente, nos leva a procurar as mesas próximas às paredes nos restaurantes ou a evitarmos sentar com as costas voltadas para a porta.

É normal alguém ter dificuldade para falar em público?

Qualquer atividade humana precisa ser aprendida e aperfeiçoada, e com a oratória não é diferente. Falar a um grupo de pessoas é bem diferente de conversar com apenas um ou dois interlocutores.

Problemas de oratória podem dificultar a vida de um profissional?

Eu não diria que a dificuldade de falar em público cause dano na vida de alguém, pois muita gente consegue viver muito bem sem jamais precisar se dirigir a uma multidão. A questão está mais relacionada ao tipo de atividade que a pessoa pretende ter. A maioria das pessoas jamais precisará se preocupar com o assunto, portanto eu não criaria um alarde em torno disso. Mas existem profissões que efetivamente exigem capacidade de oratória, mas mesmo dentro dessas profissões você encontra uma maior ou menor necessidade disso.

Ben Feldman, um norte-americano que começou a vender seguros em 1942 e não parou mais até morrer em 1993, foi considerado o maior vendedor de seguros de sua época. No entanto ele era meio gago, às vezes ficava mudo na frente do cliente e quando foi convidado a fazer uma palestra insistiu em fazê-la escondido atrás da cortina do palco, de tão tímido que era. Mas quando ele visitava um possível cliente a sua presença transpirava confiança e seus silêncios eram tão bem colocados que sublinhavam de forma poderosa o que ele dizia. Este é um exemplo de como comunicação não se limita à eloquência no falar, mas é algo mais complexo que isto.

Quais os sintomas de alguém com dificuldade para falar em público?

São vários os sintomas, e o mais temido é a perda de memória. O orador pode ainda ficar com a boca seca, sentir um nó na garganta, começar a transpirar de forma exagerada e a tremer as mãos, além de parecer estar com a língua inchada, o que irá também alterar o modo como articula as palavras. Casos mais severos de um pavor de falar em público geram náuseas, taquicardia e cãibras, além de gagueira acompanhada de lábios trêmulos. Os joelhos também costumam tremer.

Como combater o medo na hora de se apresentar?

Primeiro é preciso entender que todos estes sintomas são experimentados em maior ou menor grau por todas as pessoas em situações de medo. Eu mesmo, apesar de ser palestrante profissional, posso dizer que já senti a maior parte deles, até cãibras, inchaço na língua e o mais temido: a perda da memória. Uma técnica que funciona para alguns é colocar algo no bolso, como um clipe de papel, e falar com uma mão agarrada a esse objeto. Como o medo é causado por insegurança, existe em nós certo alívio quando podemos segurar em alguma coisa.

A técnica para enfrentar a perda de memória no palco é entender que ali provavelmente só exista uma pessoa que sabe que o orador se esqueceu do que iria falar. A menos que todos já o tenham visto falar do mesmo assunto, o mais provável é que ninguém saiba o seu discurso, portanto se ele não apresentar o discurso que preparou e esqueceu ninguém vai saber.

Existem técnicas para melhorar a oratória?

Sim, há muitas técnicas, além da que eu já citei, que é segurar algo no bolso para sentir-se seguro. Sei de palestrantes que atum com frequência no circuito corporativo e só conseguem falar se estiverem segurando algo. Um deles eu já vi fazer uma palestra inteira segurando em um botão da camisa, outro não fala em público se não colocarem um púlpito ao qual ele se segura o tempo todo. A dificuldade que eles têm neste particular não os torna menos brilhantes, porque são palestrantes de conteúdo e não de discursos vazios.

Existe uma preparação prévia para se apresentar em público, caso seja uma apresentação formal. É preciso levantar informações sobre a ocasião, os objetivos, o perfil da audiência, os recursos disponíveis e o que pode ou não ser dito. Fazer anotações ou criar apresentações em Power-Point podem ser necessárias, dependendo do caso.

Não há nada de errado em se ler um texto durante uma apresentação, desde que o texto tenha sido escrito para ser falado em público. O presidente dos Estados Unidos faz discursos convincentes lendo de um teleprompter, mas é óbvio que seus assessores que escrevem os discursos sabem muito bem como escrever algo que pareça natural quando lido em público.

Uma boa técnica, quando não existem recursos mais sofisticados como os teleprompters transparentes usados por presidentes, é resumir o conteúdo do discurso ou palestra na forma de tópicos e anotá-los em cartões que vão sendo passados para trás à medida que são usados para lembrar dos principais tópicos a serem falados. Nunca se deve usar uma folha inteira de papel, pois o tremor das mãos é amplificado e percebido pelo balançar da folha, e mesmo ao segurar os cartões o melhor é fazê-lo com as duas mãos para evitar este efeito.

Outra técnica que ajuda muito é gravar de antemão o discurso e ouvi-lo para detectar onde a entonação pode ser melhorada, onde palavras possam ser substituídas por outras etc. Além disso, ao ouvirmos uma gravação estamos ouvindo como realmente soa a nossa voz, já que ao falarmos o som chega aos nossos ouvidos alterado pela ressonância da caixa craniana.

Sempre que existir a oportunidade vale a pena fazer o que costumo chamar de “urinar no palco”, isto é, conhecer de antemão o ambiente para tomar posse dele. Isto ajuda muito, é como se o orador marcasse seu território, para sentir-se em casa nele. Uma visita assim antes do evento também ajuda a detectar com mais atenção possíveis degraus, fios e outros obstáculos que possam causar alguma queda na hora da apresentação, caso o orador decida caminhar pelo palco.

Outras técnicas envolvem entrar sorrindo e “batendo”, como faz um pugilista contente. Uma entrada mais agressiva permite criar confiança no orador e fazer com que se sinta como se estivesse colocando o público no seu devido lugar de ouvintes. Todo professor sabe muito bem o poder que tem isto.

Para iniciar o melhor é falar de algo bem trivial que seria impossível esquecer, como contar alguma coisa sobre a família, falar de seu time preferido ou de algum episódio que tenha acabado de acontecer nos bastidores. Isto ajuda a descontrair tanto a plateia quanto o orador, e faz com que este evite começar logo falando do assunto que preparou, pois é este o momento crítico do esquecimento. Quando começamos falando de algo trivial podemos passar depois naturalmente ao nosso assunto, reduzindo assim a possibilidade de nos esquecermos das primeiras frases que preparamos.

O ideal é olhar nos olhos das pessoas, mas para aqueles que se sentem receosos de fazer isto eu aconselho não olhar, pois acabarão fixando e desviando o olhar, criando assim uma impressão de insegurança na plateia. Neste caso é preciso imaginar que exista uma fileira atrás da última fileira de espectadores e falar olhando para pessoas imaginárias nessa fileira. Como os da frente nunca irão olhar para trás para conferir, imaginarão que existem pessoas lá atrás.

Para evitar o desânimo e o medo é bom nem olhar para feições negativas, mas escolher na plateia aqueles que parecem felizes e concordes com o que está sendo dito. Falar em público é uma atividade que depende não só de quem fala, mas também de quem ouve. Existe uma simbiose entre ambos.

Um problema que pode ocorrer em algumas apresentações é o de pessoas que fazem perguntas ou interrompem o orador. É preciso muito tato em situações assim, pois às vezes a pessoa que faz a pergunta pode não estar querendo realmente saber, mas simplesmente buscando uma oportunidade de se expor.

A técnica infalível para se lidar, não com sinceros aprendizes, mas com os chatos e inconvenientes interruptores de palestra é baseada no encanador que é chamado para consertar um cano sob a pia da cozinha da dona Maria. O Zezinho, garotinho filho da mulher, fica perturbando o encanador com um milhão de perguntas e não o deixa trabalhar.

- O que é isso aqui, tio? Pra que serve? Você já terminou? Posso abrir a torneira? Posso mexer nas ferramentas?....

Com a paciência no limite, o encanador pergunta ao Zezinho se quer ajudar o tio. É claro que ele quer. Então o encanador pega um grifo, essas chaves de prender no cano, procura um cano por perto e prende o grifo nele. Aí diz para o garoto segurar firme aquela chave, sem deixar cair, e volta a trabalhar tranquilamente no conserto.

Uma hora depois o garotinho está lá, firme, e o encanador já terminou seu serviço. Ele agradece o menino, pega seu grifo, guarda na caixa de ferramentas e vai embora. O Zezinho, todo cheio de si, corre contar para a mãe como ajudou o tio a consertar o vazamento.

A técnica, aplicada à palestra, é esta: Interrompa o o interruptor que fica toda hora fazendo apartes em sua palestra para comentar algo, e diga assim:

- Isso que você disse é muito importante. Por gentileza, segure isso aí (e faz com a mão sinal de prender e segurar com uma chave) que daqui a pouco vamos voltar para comentar isso.

É interessante ver como a pessoa fica quietinha ali, segurando o que falou, só por ter sido valorizada pelo palestrante na frente de todos com um "muito importante". Se o comentário for relevante e você responder servir de ajuda para os presentes, ao final da palestra comente o assunto ou responda à pergunta. Se não tiver importância alguma e você tiver percebido que a pessoa só estava mesmo a fim de importunar, simplesmente ignore e vá embora no final da palestra. De qualquer modo, a chave que você deu para ele segurar o que disse era imaginária e você não vai perder nada. Fica com ele como prêmio de consolação.

3 comentários:

Rodrigo Freitas disse...

sou seu fã

Rodrigo Freitas disse...

sou seu fã

Unknown disse...

Excelentes dicas! Muito obrigado pela ajuda!

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