Quando o palestrante precisa acordar no meio da noite em um hotel longe de casa e pegar um táxi para o hospital, das duas uma: ou vai dar uma palestra para o turno da noite, ou está com cálculo renal. Eu estava com cálculo renal.
Era a madrugada de um evento e nem preciso dizer que fui obrigado a cancelar minha palestra naquele dia, algo que só tinha acontecido uma vez no dia do falecimento de minha mãe. Felizmente a empresa era cliente há anos e entendeu perfeitamente.
A lição aprendida? Primeiro, o palestrante deve cuidar muito bem de sua saúde, porque além dele e das pessoas mais próximas, pode haver uma platéia de dezenas ou centenas de pessoas esperando por sua palestra. Eu sempre procurei tomar cuidado com a alimentação em hotéis e restaurantes, e principalmente em não sair do hotel na noite que antecede o evento para evitar qualquer eventualidade.
Acidentes e assaltos são apenas alguns dos sinistros aos quais o palestrante está sujeito se decidir passear à noite em uma cidade desconhecida. Sem falar de palestrantes novatos que nunca saíram de casa e decidem cair na farra na véspera do evento. Vi um palestrante assim aparecer no evento com mais de uma hora de atraso, de ressaca, com a barba por fazer e ainda acompanhado. O cliente ficou por conta.
Alimentos contaminados são grandes inimigos do palestrante e por mais que você adote precauções, se já está na estrada há alguns anos como eu certamente sabe o que é ter uma dor de barriga daquelas de matar bem na hora da palestra.
Em eventos in company (99% de meus eventos são in company) fica sempre mais fácil o palestrante administrar um problema assim pedindo para alterar a ordem das apresentações ou até combinando com outras pessoas de tomarem seu lugar por alguns minutos enquanto vai aliviar seu fardo. Afinal, a última coisa que você deseja é se borrar todo na frente de todo mundo, não é mesmo? Bem, se a sua palestra for maçante isso pode até acrescentar alguma emoção ao espetáculo.
Não chegou a acontecer comigo, mas em uma ocasião cheguei a combinar com o grupo de teatro, que se apresentaria depois de mim, para inventar alguma intervenção em minha palestra caso eu desse sinal de tsunami iminente. Felizmente consegui controlar durante a hora e meia da palestra, permanecendo quieto no palco e com os pés bem juntinhos.
No caso da pedra no rim eu não tinha muito o que fazer. Foi hospital mesmo, seguido de uma semana de molho até a dita cuja decidir sair. Por isso o palestrante deve ter um bom plano de saúde e se informar se poderá utilizá-lo em caso de emergência em qualquer lugar do país. Alguns planos permitem serviços adicionais, como internações e tratamentos mesmo longe de casa.
É importante o palestrante ter em sua bagagem algumas coisas básicas, como analgésicos, anti-térmicos e outros apetrechos que podem ser úteis em emergências. Em minha mala até protetor auricular eu carrego, mas é só para dormir em voos barulhentos. Antes que me pergunte, é inútil em caso de diarréia.
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31/05/2009
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