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26/12/2009

O palestrante e as datas e horarios

A data e horário de uma palestra ou treinamento pode ter grande influência no resultado, tanto para o palestrante, como para o cliente e seu público. Por isso é bom dar uma olhada no calendário e no horário para detectar perigos em potencial.

26/11/2009

O palestrante que constrange

Um dos temas de meu cardápio de palestras é voltado para eventos comuns às médias e grandes empresas: segurança no trabalho e meio-ambiente. Essas empresas realizam todos os anos a SIPAT - Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho e a Semana do Meio-Ambiente.

03/11/2009

O palestrante e a Lei de Murphy

Palestrantes também estão sujeitos à Lei de Murphy, aquela que diz que se alguma coisa tiver de dar errado, dará. Vou tentar lembrar o que já deu errado comigo para você ficar esperto quando fizer suas palestras. Infelizmente, são coisas que, na maioria das vezes, até o palestrante mais preparado não pode prever.

  • O fotógrafo no palco enroscou o pé no fio de meu notebook que viajou de uma extremidade à outra da mesa e ficou balançando na beiradinha. Sugestão: Verifique se os cabos estão devidamente cobertos por fita adesiva ou carpete.
  • Garçom subiu no palco no meio da palestra, parou ao meu lado, despejou a água de uma jarra em um copo e ficou com a bandeja na mão esperando eu pegar o copo. Detalhe: eu estava no meio de uma história engraçada que perdeu a graça com a interrupção. Sugestão: Certifique-se de que não haverá interrupções em sua apresentação.
  • O "ténico" desconfigurou todo o meu notebook tentando fazê-lo funcionar com seu projetor multimídia enquanto eu ia enrolando o assunto porque a palestra já tinha começado e a telona continuava azul. Sugestão: Certifique-se de que o responsável por ligar as coisas sabe que apertando as teclas Fn+F5 (no meu é assim) a imagem irá para a telona.
  • A promotora de um evento pago me "prendeu" nos bastidores durante uma hora esperando chegar mais gente na bilheteria. Quando apareci no palco fui fuzilado com o olhar dos que chegaram na hora. Sugestão: Quando o evento for aberto com venda de ingressos, verifique se o promotor tem experiência na promoção e venda de eventos.
  • O vídeo que funcionava direitinho em meu notebook falhou no micro do evento. Sugestão: Se for usar um computador que não seja o seu, teste seus arquivos antes de iniciar a palestra.
  • O computador do evento resetou no meio da palestra. Sugestão: Tenha sempre uma história interessante na manga para contar em momentos assim e que leve o tempo do Windows reiniciar.
  • O controle remoto fornecido pelo evento estava com as pilhas fracas. Sugestão: Exija pilhas novas ou use seu próprio controle remoto. Se descobrir só depois de começar a palestra, sincronize seu andar pelo palco para estar o mais próximo possível do computador na hora de trocar o slide. Cuidado para não cair do palco.
  • Na versão sem controle remoto do "mico" acima o evento fornecia um "ténico" para ir trocando os slides. Sugestão: Pague um café na veia do técnico antes de sua palestra para não precisar acordá-lo no meio da palestra.
  • Em uma cidade pequena o promotor do evento voltado a um segmento profissional específico marcou a data da palestra na mesma data do principal congresso da região para aquele mesmo segmento. Sugestão: Alerte o promotor do evento para verificar o calendário de eventos da cidade para evitar que algum evento venha a drenar sua audiência.
  • Na versão estudantil do imprevisto acima o promotor marcou a palestra na semana das provas de todas as faculdades da região, predominantemente noturnas. Sugestão: Avise o promotor que aluno odeia prova, mas nem tanto.
  • Numa versão corporativa do imprevisto acima o diretor da empresa marcou o treinamento para um domingo quando os gerentes das diversas regiões do país preferiam estar em casa. Sugestão: Verifique com o diretor se ele quer mesmo que o treinamento seja no Dia dos Pais.
  • O contratante decidiu fazer um discurso de mais de uma hora antes de sua palestra para uma audiência já apertada de vontade de fazer xixi. Sugestão: Não reclame. Ele está pagando seus honorários
Seja qual for o mico que você for obrigado a pagar, procure ficar sempre de bem com quem o contratou. É preciso encarar os imprevistos com muito bom humor para não cair no erro de um palestrante que vi discutir com seu cliente de cima do palco e falando ao microfone. Depois de uma palestra bem no estilo "zen", na qual falava de amor, paz e respeito, o palestrante virou bicho só porque o promotor do evento distribuiu para a audiência questionários de avaliação com os nomes de todos os palestrantes, e não um questionário exclusivo só com o nome dele, como dizia estar em seu contrato.

25/09/2009

Dicas para o palestrante lançar um livro

Encontrei um texto muito bom com dias para o palestrante lançar seu livro. É claro que antes o palestrante precisa escrever o livro e publicá-lo, ou não terá nada para lançar. Para publicar seu livro a primeira opção é fazê-lo por meio de uma editora com grande capilaridade de distribuição em livrarias. Mas este é também o caminho mais longo e desgastante.

Por isso a alternativa para o palestrante-autor é a auto-publicação por meio de editoras e gráficas pagas: você paga e eles imprimem seu livro. Algumas podem até distribuir seu livro para algumas livrarias, mas a maioria se limita a imprimir os livros e você se encarrega de vendê-los, uma tarefa nada fácil.

A outra opção, que já tratei neste blog, é usar serviços de impressão sob demanda, sem custo, como Clube de Autores (Brasil), Lulu.com (EUA) e CreateSpace.com (EUA). E é do Clube de Autores o texto que reproduzo, com dicas de como fazer o lançamento de seu livro:

5 dicas para organizar o seu evento de lançamento

Para novos autores, o evento de lançamento é um dos momentos mais importantes de suas carreiras. Lá consegue-se reunir amigos e leitores em potencial em torno da sua obra, dando uma espécie de ignição nas vendas.

Quem nos acompanha aqui sabe que temos apostado bastante em lançamentos virtuais - que, de fato, apresentam resultados interessantes (principalmente, claro, quando bem divulgados). Isso sem falar no benefício de ser algo completamente gratuito e acessível - o que sempre ajuda.

Mas nada se iguala a um lançamento físico, rico tanto em pompa quanto em resultados.

A grande questão é: até que ponto vale a pena investir em um local para lançar o seu livro?

A boa notícia é que nem sempre isso é necessário. Aliás, dependendo da habilidade de negociação do autor, isso quase sempre pode sair de graça. Como? Compilamos algumas sugestões com base em eventos feitos por autores daqui do Clube. Confira abaixo:

1) Todas as grandes cidades tem algum tipo de centro cultural, por vezes funcionando com verbas públicas e destinado à divulgação da cultura. Uma rápida busca no Google (ou mesmo ligação para os canais corretos na prefeitura ou secretaria da cultura/ educação) certamente gerará uma lista, mesmo que pequena, de opções. Basta ligar para os locais e negociar o evento que, em grande parte, pode sair gratuito.

2) Cafés e restaurantes. Locais como esses vivem de fluxo de gente - de clientes que consomem e que deixam nos caixas dos estabelecimentos os seus sustentos. E um evento de lançamento de livros trará exatamente isso: gente. Assim, localize alguns desses locais e negocie com os seus proprietários. É possível que você não consiga bancar o coquetel em si para os seus convidados - mas não há nenhum pecado em fazer cada um pagar pelo que consumir.

3) Livrarias. Essas também vivem de gente - claro. Afinal, enquanto os seus convidados estiverem circulando e conversando com amigos no seu evento, eles também estarão olhando (e, possivelmente, comprando) outros títulos. Boa parte das livrarias não cobra nada pelo evento de lançamento - e ainda banca o coquetel. Da mesma forma que com bares, cabe a você escolher algumas livrarias, ligar e neociar o evento em si.

4) Eventos do setor. Aplicável principalmente (mas não exclusivamente) para livros mais técnicos, você pode negociar com a organização de eventos a realização de seu lançamento lá. Se o livro tiver a ver com o tema, o evento em si sairá ganhando, pois aumentará o fluxo de pessoas e ainda poderá sair como apoiador da sua obra.

5) Em sua própria casa. É fato que um lançamento em sua casa provavelmente se restringirá ao seu círculo de amigos. Todavia, essa reunião continua sendo caracterizada como um evento e será uma forma de começar a espalhar pelos quatro cantos que você está lançando um livro seu. Esses pequenos encontros, simples e baratos de organizar, podem ser o pontapé inicial na sua carreira de escritor.

Organizar um evento de lançamento pede a criatividade para se conseguir economizar e, ao mesmo tempo, alcançar resultados positivos. Mas se você já teve a criatividade suficiente para escrever um livro, isso certamente não será um problema!

19/09/2009

O palestrante e sua TV

A tecnologia atual permite que o palestrante aumente o número de canais de exposição. Não há razão para se esconder. Alguns evitam ao máximo a exposição de sua imagem e até proíbem a cópia de suas apresentações ou a filmagem da palestra. Mas eu já vendi palestras graças a pessoas que copiaram minhas apresentações e as fizeram circular em empresas, e os vídeos de minha TV Barbante já venderam várias palestras.

Para criar sua própria TV, não gaste com câmeras caras se o objetivo for vídeo para a Internet (baixa resolução). Comprei uma câmera de fita DV para substituir uma mais antiga, e mesmo assim a nova foi para o armário. A que uso mesmo é uma mini-câmera digital que usa cartão de memória. Gravo com ela e transfiro para o computador pela USB. A minha é uma Genius G-Shot igual à da foto, mas já tem coisa mais moderna.


Comprei um suporte desses de banner extensível sobre o qual prendo um fundo preto feito de tecido comum (que não amassa) preso em duas varas plásticas (pode ser cano de pvc), uma em cima e outra em baixo para fazer peso. O fundo preto reduz a quantidade de pixels que o vídeo precisa processar e evita misturar as cores da pessoa com as cores do cenário em vídeos de baixa resolução.

Em meu caso, como o entrevistado sou eu mesmo (rsss....), filmo com a câmera em um mini tripé sempre um pouco acima do nível dos olhos. Coloco ela na frente de meu monitor e leio o texto atrás dela, enquanto faço um scroll com o mouse sem fio. Atrás do monitor e à direita e esquerda há duas luminárias com luz incandescente, além da luz do teto. É importante ter duas assim a 45 graus do rosto para iluminar e reduzir as sombras. Luz de frente causa brilho nos óculos. Fecho a janela para não misturar luz solar com luz fluorescente (a filmadora se atrapalha).

O som eu gravo separado. Geralmente microfone de camera pega todos os sons do ambiente, portanto o melhor é um microfone que só pegue a voz da pessoa. Eu só uso o som da câmera para sincronizar o áudio na edição do vídeo. Uso um microfone barato colado sob a camisa na altura do gogó, abaixo do colarinho, colado com uma fita crepe no peito. Sim, eu tenho microfone melhor, com aquele pregadorzinho de lapela, mas experimentei vários, e acabei achando um que dava um som excelente. Parece brincadeira, mas é tipo o da foto (eu quebrei a haste e fiquei só com a ponta).


Quando preciso gravar longe do micro eu uso um gravador digital Olympus voice recorder igual ao da foto ligando o microfone nele:


Para editar o áudio e salvar em mp3 uso o programa free Audacity. Para editar o vídeo e acrescentar o áudio eu uso o Windows Movie Maker que vem com o Windows e depois publico no Youtube. Para ter mais uma via de acesso além do próprio Youtube, criei o blog da TV Barbante no Blogger.com.


Para colocar o logo da TV Barbante em alguns vídeos eu uso o VirtualDub (free), o qual também uso para transformar o vídeo 4x3 em 16x9 widescreen, já que minha câmera não grava esse formato aceito pelo Youtube. Para isso é preciso prever na hora do enquadramento que será cortada uma faixa em cima e em baixo do vídeo.

Taí. Agora como usar os programas que mencionei, aí você vai precisar buscar ajuda no help de cada um deles. :)

05/09/2009

Exigencias do palestrante

Não concordo com as exigências exageradas que alguns palestrantes fazem dos contratantes. Eu sei que podem existir exigências até plausíveis, como de qualidade do microfone ou de horários mais convenientes para viajar. Eu, por exemplo, evito ao máximo fazer viagens de carro à noite.

Mas já ouvi coisas absurdas, como um palestrante ter exigido um secador de cabelo para secar o suor dos pés antes de subir ao palco. Outros pedem um camarim com toalhas brancas, caixas de bombons ou cestas de frutas e até água mineral de uma marca específica. Não acredito que alguém coma uma cesta de frutas antes de uma palestra.

Porém, assim como há exagero da parte de alguns palestrantes, alguns contratantes negligenciam uma parte importante do evento, que é o conforto do palestrante. Não digo isto como crítica a quem contrata, pois o contratante é sempre o cliente do palestrante. Mas o promotor do evento pode obter um desempenho melhor do palestrante se usar do bom senso.

Por exemplo, existem opções melhores para trazer o palestrante do aeroporto que fica a 500 km do evento, do que uma Kombi 1959. Tudo bem, nunca me mandaram buscar de Kombi, mas já aconteceu de eu precisar empurrar o carro do promotor que ficou sem bateria. Um carro confortável pode ajudar no estado de espírito do palestrante.

Também não é aconselhável hospedá-lo naquele hotel só porque ele hospedou o presidente Juscelino. Fiquei num hotel assim e dava para ver que desde os dias em que hospedou seu hóspede mais ilustre ninguém tinha se preocupado em reformar ou fazer uma faxina no hotel. Fui procurar outro lugar para ficar de iniciativa própria.

A empresa que contrata o palestrante não está pagando pouco por seus honorários, portanto não faz sentido economizar alguns poucos reais no conforto, que pode dar um ânimo maior ao palestrante em sua apresentação.

Outro detalhe: alguns querem aproveitar a visita do palestrante de tal maneira que acabam por esgotá-lo para a hora da palestra. Pode ter certeza de que ele provavelmente estará tão concentrado na apresentação que irá fazer à noite que nem aproveitará o roteiro que você criou para o dia, levando-o a conhecer todos os pontos turísticos de sua cidade.

Se você deseja um palestrante descansado e revigorado depois de horas de viagem de avião e carro, o melhor mesmo é deixá-lo no hotel para ele estar pronto e disposto para a palestra. Mas não no hotel onde ficou o Juscelino.

29/08/2009

O palestrante e a legalidade

Parece brincadeira, mas nem todo palestrante dá atenção à questão da legalidade no exercício de sua profissão. O palestrante não pode se esquecer de que sua carreira é exemplar e ele é um formador de opinião. Muitas pessoas estão atentas à coerência do seu discurso.

A primeira providência é trabalhar dentro da legalidade, ou fornecendo recibo de profissional autônomo, ou constituindo uma empresa e fornecendo nota fiscal de serviços. Se optar por trabalhar na informalidade, tenha em mente que nunca irá conseguir crescer além de um certo limite. Empresas grandes não contratam serviços de profissionais informais, sem recibo ou nota fiscal.

É claro que algumas empresas menores podem propor algum tipo de alternativa, como fazer pagamento por fora e não exigir nota fiscal em troca de algum tipo de desconto. Quando isto acontece, costumo apresentar alguma razão para não fazer isso.

Inicialmente eu brinco que meu contador me matará se eu não emitir nota. Se o cliente ainda assim insistir, sou mais direto: eu não posso falar de coisas como ética, cidadania, crenças e valores para seus funcionários se eu mesmo não agir assim. Mas é raro acontecer, mesmo porque a grande maioria das empresas que atendo são empresas grandes.

A maioria de minhas palestras e treinamentos é realizada sem um contrato formal, ficando apenas o que tratamos verbalmente, os emails e a proposta valendo como carta de intenções. Nunca tive algum problema que exigisse que eu recorresse a um contrato, portanto deixo que o cliente peça se precisar. 90% das vezes não pede e as coisas funcionam mesmo assim.

O conteúdo do palestrante deve ser legal. Refiro-me à sua apresentação, textos, imagens, vídeos, músicas etc. Muita coisa disponível na Internet não é necessariamente gratuita, portanto é bom verificar se as fotos, os vídeos e as músicas que você utiliza não é material protegido por direitos. Do mesmo modo como você não gostaria que outros usassem suas palestras para ganhar dinheiro às suas custas, não vai querer fazer o mesmo.

Se quiser ter certeza de que suas fotos são legais (muita coisa na Internet é pirata), compre os direitos de uso das imagens. É muito barato e há sites que popularizaram a venda de fotos, como o www.istockphoto.com Como no passado fui cartunista, prefiro usar imagens de minha autoria em minhas palestras.

Você não pode passar vídeos inteiros em sua palestra, se estes tiverem direitos reservados, mas pode passar um breve trecho, pois isto tem o mesmo efeito de você citar um parágrafo de um livro, por exemplo. Três minutos de um filme de duas horas não passam de uma citação da obra, e além disso está sendo feito para fins educacionais e até mesmo para a promoção da obra, como se fosse um trailer. Mantenha sempre os créditos. Normalmente é isto o que é feito por palestrantes em treinamentos, mas se tiver dúvidas quanto ao modo como pretende usar vídeos, consulte um advogado de direitos autorais.

O uso de música em palestras já é um pouco mais complicado. Às vezes o próprio organizador do evento coloca música de fundo antes e depois de sua palestra, e é responsabilidade dele fazer o pagamento dos direitos autorais ao ECAD, que cuida disso no Brasil. Se a sua palestra utilizar música, então é quase certeza de que você será obrigado a pagar direitos autorais. Consulte o www.ecad.org.br

Alguns palestrantes têm a preocupação no outro sentido: nunca entregar ao cliente sua apresentação para evitar que roubem suas idéias. Há quem exija que, se a apresentação em Power-Point for copiada para o micro do evento, ela deve ser apagada assim que terminar a palestra.

Existe também uma preocupação muito grande quanto à filmagem, mas numa época em que cada celular é uma filmadora, é muito difícil você controlar isso. O que você vai fazer se perceber alguém na audiência filmando sua palestra com o celular? Vai interromper a palestra para mandar a pessoa parar? Vai confiscar o aparelho? Se você for bom no que faz, não vai encontrar apenas um fazendo isso, e se quiser se indispor com a platéia e sair dali com fama de vilão, experimente impedir.

Eu não me preocupo nem um pouco com isso. Podem filmar, copiar, usar minas apresentações, não importa. Até hoje isso me trouxe mais lucro do que prejuízo. Eu mesmo publico trechos de palestras no Youtube e já fui contratado várias vezes por empresas que viram meus vídeos.

Não se preocupe, se alguém roubar um vídeo seu para exibir para os funcionários da empresa, certamente será uma empresa que jamais iria contratar você. Ao ter seu vídeo pirata exibido para 200 ou 300 funcionários de lá, você ainda tem chances de um dia alguém de lá ir trabalhar em uma empresa que contrata palestrantes e sugerir você. Se não roubarem o seu vídeo para exibir naquela empresa, você terá perdido uma chance de isto acontecer.

Aliás, este é o argumento do Youtube para as gravadoras que têm chiliques quando vêem um clip de um artista seu exibido no Youtube. Obviamente o Youtube retira o vídeo do ar quando a gravadora reclama, mas seu argumento é que aquele vídeo conseguiu atrair a atenção de um milhão de pessoas que agora podem estar dispostas a comprar CDs daquele artista. A alternativa é aquele um milhão de pessoas nunca ter visto o artista. As gravadoras deviam aproveitar esse poder de atração e promoção que o Youtube cria, não lutar contra.

Geralmente "abandono" o arquivo com minha apresentação no computador do evento. Já fui contratado por uma empresa cujo funcionário fez circular em sua rede minha apresentação que recebeu de um amigo. E se outro palestrante usar? Pior para ele, porque minhas apresentações são muito personalizadas. Mesmo assim não me preocupo que alguém que não seja o Mario Persona pode até fazer a mesma apresentação, mas continuará não sendo o Mario Persona. Existe muito de pessoal na atividade do palestrante, algo como acontece com um cantor, por exemplo. Eu posso cantar a mesma música que o Roberto Carlos canta, mas ninguém irá querer pagar para me ouvir.

23/08/2009

O palestrante e seus equipamentos

Certa vez, em uma reunião prévia dos palestrantes com o cliente para um grande evento, este perguntou a cada um de nós palestrantes qual equipamento iríamos precisar para a palestra.

Cada palestrante expôs suas necessidades, principalmente de projeção, som, computador e microfone. Quando chegou a vez do experiente José Augusto Minarelli, ele disse simplesmente: "Um copo d'água". O cliente imediatamente disse que iria pedir para alguém servir água na sala, mas ele explicou que não era ali, era na hora da palestra.

Bons palestrantes conseguem fazer uma boa apresentação e reter a atenção do público só no gogó. Quem teve a oportunidade de ver um monólogo de duas horas com Paulo Autran sentado num banquinho no palco sabe o que é a soma de bom conteúdo com muito talento. As duas horas pareciam poucos minutos.

Com a tecnologia multimídia cada vez mais acessível, o palestrante deve tomar cuidado para não cair no erro em que caíam as gráficas quando começaram a fazer serviços usando o computador.

Antes elas tinham um número limitado de fontes para utilizar em seus textos e anúncios publicitários montados à mão. De repente, CDs com milhões de fontes ficaram disponíveis em todas a bancas e vivemos uma época quando os anúncios em jornais e revistas mais pareciam bilhete de sequestrador, daqueles que vêm com palavras montadas com letrinhas recortadas de jornais e revistas. Um verdadeiro festival de fontes.

O palestrante que se deixar seduzir pela tecnologia vai acabar indo pelo mesmo caminho e levando um caminhão de aparelhagem para sua apresentação. Alguns realmente necessitam disso, pois promovem shows de entretenimento dignos de um cassino de Las Vegas, com mágicas, danças e jogos de luz.

Mas a maioria não precisa disso e é bom ter em mente que quanto maior a parafernália tecnológica, maior sua bagagem e a exigência de pessoas para ajudarem a controlar tudo isso. Como você nem sempre encontrará gente habilitada para controlar seu show, pode acabar precisando levar gente só para isso, o que irá encarecer seus honorários.

O melhor mesmo é limitar ao máximo o uso de equipamentos e também evitar investir nisso. Alguns palestrantes compram seu próprio projetor (data-show) só para descobrirem depois que é um equipamento muito sensível e cuja lâmpada tem data de validade e custa quase o mesmo que o equipamento.

Também não vejo razão para levar seu próprio microfone, a menos que só consiga falar com um determinado tipo. Isto acontece quando o palestrante precisa usar as mãos durante sua apresentação ou é portador de alguma deficiência. Lembre-se de que, além de ficarem obsoletos rapidamente, equipamentos quebram, e é melhor que isto aconteça com o equipamento do cliente do que com o que você levou. Se acontecer com o seu, você será responsabilizado pela falha.

Se não for este o caso, o melhor mesmo é deixar que o cliente providencie tudo, pois há empresas especializadas para isso e o custo é irrelevante. Geralmente essas empresas dispõem de equipamentos de contingência e podem até enviar um técnico para controlar o equipamento.

Normalmente eu levo meu notebook e um pendrive com a apresentação, mas na maioria das vezes acabo usando o computador do próprio evento, que já está ligado e sendo usado por outros palestrantes. Não tem cabimento você exigir que o seu notebook seja ligado, a menos que tenha conteúdo exclusivo que só funciona em sua máquina.

Outro equipamento que levo e, este sim, considero importante, é um controle remoto para a troca de slides. É péssimo fazer uma palestra dizendo "o próximo, por favor", para um sonolento encarregado de mudar os slides em um micro longe de você.

18/08/2009

O palestrante-autor e a noite de autografos

Depois de publicar seu livro on demand, como ensinei no texto anterior, o palestrante vai precisar divulgá-lo. Além das opções normais de publicar em seu site, enviar uma mala direta ou anunciar na mídia, uma forma de divulgar é ter um lançamento ou noite de autógrafos, que pode acontecer várias vezes e em vários lugares para um mesmo livro.

Aqui também não será inteligente o palestrante gastar dinheiro, a menos que tenha condições de trazer um público considerável ao evento e ter certeza de que aquelas pessoas comprarão seu livro. Digo isto porque no Brasil nem todo mundo sabe o que é uma noite de autógrafos. Muita gente ainda acha que é uma oportunidade de ganhar um livro autografado, tipo uma noite de distribuição de amostras grátis.

Se preferir não investir, o palestrante pode optar por parcerias que podem ou não envolver uma palestra sua. Alguns promotores de eventos podem topar promover uma palestra mediante venda de ingressos que inclua um livro autografado, e aí também vai depender do peso do palestrante no mercado. Palestrantes de destaque vão ganhar na palestra, cobrando por ela, e na venda do livro, que deve ficar sempre a cargo de outras pessoas.

Não fica bem você descer do palco e ir correndo para a banca de livros fazer troco, conferir cheques, e ainda autografar. Neste momento as pessoas querem conversar com o palestrante-autor e não vê-lo atrás de um balcão.

Você pode também fazer uma parceria com algum dono de restaurante, bar, livraria, bufê ou qualquer estabelecimento que veja numa noite de autógrafos uma oportunidade para aumentar seu movimento. Inaugurações, estandes de feiras de empresas, eventos cívicos -- tudo pode ser aproveitado como oportunidade de divulgar e vender seus livros. O importante é que tenha público com o perfil adequado e que seu investimento seja o mínimo possível, aproveitando o momento criado por outros.

É bom lembrar que mesmo que não apareça ninguém em sua noite de autógrafos, o mais importante é o que a mídia vai dizer do evento, porque a mídia, formal ou de blogueiros, é que realmente irá multiplicar sua exposição.

Por exemplo, se você fizer as contas e achar que vai gastar mil dinheiros para lançar seu livro em uma livraria de shopping acompanhado de um coquetel, sugiro que use o dinheiro para comprar uma passagem para Nova Iorque.

Aí você arma uma mesa com seus livros no Central Park onde perceber que existe uma aglomeração e pede para alguém tirar fotos. Depois é espalhar seu release com o título “Brasileiro lança livro em pleno Central Park de Nova Iorque”.

Quem você acha que vai aparecer mais na mídia, você ou o Paulo Coelho em noite de autógrafos em alguma livraria por aí? O Paulo Coelho, claro, mas mesmo assim você vai aparecer mais do que se estivesse lançando seu livro em outra livraria do mesmo shopping.

11/08/2009

Palestrante e escritor

Já falei aqui de como um livro ajuda na imagem do palestrante. O livro faz o palestrante subir de status, já que escrever um livro é o sonho de todos nós. Mesmo assim, escritores são raros porque as pessoas preferem gerar filhos, que é considerado lazer, a plantar árvores e escrever livros, que exigem trabalho.

Se você é um palestrante que conseguiu escrever seu livro, já deve estar se sentindo esgotado depois da milésima porta que levou na cara das editoras que consultou. A solução é partir para a auto-publicação. A menos que você tenha uma centena ou mais de compradores certos, tipo família grande e todo mundo devendo favores, não invista seu dinheiro na impressão de seu livro.

A razão é simples: seu carro vai passar o resto da vida ao relento, porque a garagem vai ficar cheia de livros encalhados. O segredo do mercado de livros não está em imprimir, mas em distribuir. A menos que você consiga colocar seu livro no esquema editora-distribuidora-livraria, é melhor mandar imprimir só um exemplar e vender daqui a mil anos como livro raro.

Ou então usar os serviços de impressão sob demanda ou on demand para publicar sem gastar. Aliás, esta é a verdadeira essência do “publicar”, que é tornar público sem necessariamente “imprimir”. O livro fica disponível na Internet e só é impresso quando alguém compra. Os serviços que conheço são Lulu.com (EUA), CreateSpace.com (Amazon EUA), Clube de Autores (Brasil) e Bubok (Portugal).

O seu custo será zero, se você não precisou gastar com ghost-writer, revisor de texto e designer de miolo e capa. Mas seria uma boa idéia gastar nisso tudo se você não tiver talento para escrever, seu texto ser recusado pelo corretor ortográfico do Word, ou decidir usar a pintura a dedo de seu filhinho como capa.

27/07/2009

O palestrante e a parceria

Dependendo do estágio de sua carreira pode ser interessante o palestrante fazer parcerias, totais ou parciais. Evidentemente isso vai depender muito dos interesses do palestrante, do público e do valor agregado. Para o palestrante, fazer parceria simplesmente por fazer pode significar prejuízo se o público não for de formadores de opinião ou mesmo de possíveis clientes.

No início da carreira todas as parcerias podem ser interessantes, já que você precisa ficar conhecido de algum modo e também afinar seus instrumentos. A parceria significa risco, e o palestrante estará dividindo o risco com o promotor do evento. Mas pode chegar um dia em que o palestrante está com uma agenda bastante concorrida e uma parceria pode significar o bloqueamento de uma data que poderia ser vendida a um cliente pagante.

Há promotores de eventos que propõem parcerias como forma do palestrante vender seus livros no evento. É sempre bom fazer as contas antes de partir para uma parceria assim pensando que vai lucrar. A venda de livros em palestras é muito pequena, a menos que você seja um grande escritor ou tenha descoberto a cura para o câncer. Menos de 10% dos participantes do evento comprarão seus livros.

Para você ter uma idéia, se hoje eu entrasse numa parceria preocupado apenas com a receita obtida com a venda dos livros, considerando que o autor recebe da editora em média 10% do preço de capa, eu precisaria vender pelo menos 3 mil livros para receber um valor que compensasse participar do evento sem ganhar nada mais além dos royalties pela venda dos livros.

Como não sou um escritor de best sellers, eu me classificaria como os que vendem para apenas 10% do público presente, portanto seria preciso o promotor do evento colocar ali 30 mil pessoas, para o que ele iria precisar, não de um auditório, mas de um estádio! Mas, pensando bem, se o promotor realmente colocasse 30 mil potenciais clientes para assistirem minha palestra eu nem pensaria em ganhar com os livros...

24/07/2009

Palestrante que não faz só palestras

Quando iniciei no segmento de palestras eu já era palestrante na empresa da qual era diretor. Na época minhas palestras tinham por objetivo promover nossos serviços e eu atuava como palestrante em grandes eventos públicos, ou em eventos que nós mesmos promovíamos nas principais capitais convidando clientes em potencial. Nestes eventos eu entrava como palestrante conceitual e um colega era o palestrante técnico.

Por ser diretor de comunicação e marketing da empresa eu tinha um bom relacionamento com a imprensa e escrevia colunas para alguns jornais. Tudo isso ajudou a promover meu nome e ficou muito mais fácil depois quando me lancei como palestrante. Mesmo assim o começo da carreira de palestrante não foi fácil, mas essa exposição prévia de alguns anos ajudou para que eu não fosse visto como um palestrante desconhecido.

As empresas contratam o palestrante mais pelo que ele aparece na mídia do que pelo que ele efetivamente conhece. É por isso que você encontra grandes palestrantes que não têm grande bagagem, e grandes bagagens que não conseguem se tornar grandes palestrantes por não terem uma boa exposição. Trocando em miúdos, é mais provável que um ator de novela se torne um grande palestrante do que um professor de física quântica.

Deixar um emprego fixo para se lançar neste mercado é possível, desde que você tenha uma reserva para se manter por um bom tempo. Como em qualquer negócio, geralmente a roda não começa a girar em menos de um ano. Se você não for conhecido na mídia, isso vai levar muito mais tempo.

Hoje a Internet ajuda muito, mas você precisa ter a certeza de que está realmente sendo visto e, principalmente, mencionado em sites e blogs alheios. O que os outros falam do palestrante é muito mais importante do que aquilo que o palestrante fala de si mesmo.

Se você tem um emprego fixo e pretende se ingressar no segmento de palestras, o melhor mesmo é tentar levar as duas atividades paralelamente enquanto puder, e só pular para o barco exclusivo das palestras quando este estiver mais abastecido do que o do emprego fixo. São poucos os palestrantes no Brasil que vivem apenas de palestras. A maioria dos palestrantes atua em consultoria, ensino e outras atividades.

Durante alguns anos eu mesmo dividi meu tempo de palestrante com o trabalho de professor universitário e de MBA, além de consultor e tradutor. Hoje, em função do número de palestras e treinamentos em minha agenda, deixei de lecionar e de atender novos clientes de consultoria. Mantenho apenas um relacionamento com editoras traduzindo livros acadêmicos, pois isto me ajuda a estar sempre atualizado.

10/07/2009

Palestrante precavido vale por dois

Um palestrante precavido vale por dois, mas não espere receber dois cachês por isso. Se você não quer ter surpresas em seu trabalho de palestrante, é bom prever todos os problemas que podem surgir antes, durante e depois de uma palestra.

Comece revisando o tema que vai apresentar e dando uma última ligada para seu contato no cliente para os detalhes finais. Esse contato do palestrante com o cliente poucos dias antes é importante por várias razões. Se a sua agenda de palestrante for parecida com a minha, pode acontecer de você ter vários eventos seguidos e acabar misturando na memória o que conversou com cada cliente. Isso poderá confundi-lo.

Além disso pode acontecer do cliente ter decidido alterar alguma coisa no tema da palestra ou e ter se esquecido de avisar o palestrante. Já aconteceu comigo. Enviei uma proposta com temas "A" e "B" e o cliente decidiu fechar com o tema "A". Por alguma razão deixei de fazer o que estou sugerindo aqui e não liguei na véspera para afinar os instrumentos.

Quando cheguei ao local peguei o programa do evento e lá estava o meu nome e o tema "B" ao invés do "A". Imediatamente corri para um canto do auditório, abri meu notebook e montei rapidamente os slides do tema "B" dentro da realidade do cliente antes que chegasse minha vez de ir à frente.

Para isso é importante que o palestrante seja um Dom Quixote e seu notebook o Sancho Pança - inseparáveis. É comum o palestrante ir preparado para falar 2 horas e descobrir que os palestrantes anteriores tomaram mais tempo do que o combinado e sobrar meia hora para a palestra. Nessa hora o jeito é abrir o notebook e eliminar alguns slides para adequar o tema ao tempo disponível para o palestrante.

Levar a palestra em mídias alternativas também é uma boa precaução que o palestrante deve adotar. Notebook, CD, pendrive e até colocá-la em uma área Web é aumentar a segurança, caso roubem seu notebook, o CD dê erro, e o pendrive caia na privada. Se você já derrubou um celular na privada sabe que pode acontecer também o pendrive. Participei de um evento no qual um palestrante trouxe sua apresentação apenas em pendrive incompatível com o computador que havia no palco. Precisei emprestar a ele meu notebook, que foi capaz de ler o arquivo, para ele poder continuar.

Não custa também ter seu próprio controle remoto, porque não há nada mais chato do que ficar pedindo para alguém trocar os slides. Pode apostar, o cara vai dormir ou alguém vai contar quantas vezes você disse "O seguinte", "Não, o anterior", "Volte um" etc. Eu tenho dois controles remotos porque uma vez achei que tinha esquecido o meu em um evento e comprei outro. Achei o primeiro algum tempo depois em uma mala.

25/06/2009

O escritorio do palestrante

Responda rápido: se você fosse um gerente de recursos humanos de uma multinacional, acaso pegaria seu carro e iria ao endereço de um palestrante para contratá-lo para uma palestra? De jeito nenhum. Mais raro do que um cliente ir ao escritório de um consultor é ele ir ao endereço do palestrante.

Portanto, a menos que você viva há 40 anos, quando uma linha com a frase "Sede Própria" em seu cartão podia significar alguma coisa, não se preocupe em ter um escritório se pretender ser palestrante. Escritório significa custo de aluguel, instalações, funcionários... O palestrante vende conhecimento, não produtos tangíveis, portanto você não vai precisar de almoxarifado de temas ou depósito de palestras.

Se você for o Tarzan, morar numa árvore e já tiver trocado sua operadora de tambor por uma de celular, então está equipado para ser palestrante, o que diz respeito ao escritório. Agora é só manter a Chita calada quando alguém ligar, para a pessoa do outro lado da linha não pensar que você é o Tarzan, mora numa árvore e vive com a Chita.

O palestrante precisa mesmo é de uma presença na Web na forma de site, blog, comunidades virtuais, redes sociais etc. e o indispensável email. O atendimento você mesmo pode fazer no início, quando não terá tantas solicitações de palestras, mas depois pode contratar um atendimento terceirizado para ter um "número comercial". Esse atendimento pode eventualmente receber ligações com pedidos de palestras, embora uma boa presença na Web será responsável por 90% dos primeiros contatos.

Seu atendimento terceirizado pode ser contratado por um valor fixo mensal, fixo mais porcentagem ou como achar melhor. Ele poderá fazer o follow-up, ligando para saber se o cliente recebeu a proposta, por exemplo, algo absolutamente necessário considerando que muitas empresas têm bloqueios para determinados provedores de emails ou até mesmo para anexos, como provavelmente será sua proposta. Se for o caso, seu atendimento poderá reenviar a proposta ou você poderá colocá-la para download em uma área de seu site, caso a rede do cliente tenha bloqueio contra anexos. Seu atendimento poderá também cuidar de sua agenda.

Uma alternativa a um atendimento é você ter um bom relacionamento com agências de palestrantes, as quais tentarão vender você. Por razões óbvias, as agências só farão isso se você já tiver algum nome, caso contrário não irão querer arriscar perder negócio quando possuem tantos outros nomes em seu cardápio. Logo você descobrirá que palestrante é como Tostines: é mais fresquinho porque vende mais e vende mais porque é mais fresquinho. Você entendeu que o "fresquinho" aqui é apenas modo de dizer, não é mesmo?

Nas viagens o palestrante leva o escritório junto em seu notebook e, considerando que hoje qualquer hotel que não seja o que o Tarzan frequenta tem Internet Wi-Fi, o mesmo acontecendo com aeroportos, seu escritório ficará fechado só na hora dos pousos e decolagens, já que durante o voo você as duzentas as duzentas propostas solicitadas enquanto estava na sala de embarque. Você entendeu que "duzentas" aqui é apenas modo de dizer, não é mesmo?

20/06/2009

Palestrante escritor

Você não precisa ser escritor para ser palestrante, e nem todo escritor é palestrante. Portanto, se você deseja ser palestrante, mas não sabe escrever o suficiente para ter um livro, não se preocupe com isso. Ninguém é menos palestrante por não ser escritor.

Mas o livro é importante para a carreira do palestrante, pois além de criar uma aura de alguém erudito, permite que suas idéias permaneçam mesmo quando ele para de falar. Se você for um palestrante com pouca habilidade para escrever, contrate um ghost writer para colocar suas idéias no papel.

Geralmente quando o palestrante pensa em em escrever, pensa em livros, mas essa é uma visão limitada. Se por um lado o interesse por livros tem caído nos últimos anos com a competição das novas mídias, a atividade de escrever só tem crescido. Se um dia os livros deixarem de existir, os escritores continuarão existindo.

Todo tipo de mensagem, seja ela em formato texto, áudio ou vídeo, acaba tendo um escritor por trás. Quando o Jô fala em seu programa, ele não fala tudo de si, mas fala o que sua equipe escreve. Quando o âncora do telejornal fala, ele lê o que outro escreveu. A novela nada mais é do que um romance escrito por alguém e levado à tela em capítulos diários.

Quando os roteiristas de Hollywood fazem greve, o Brad Pitt fica mudo. Quando a equipe de escritores de humor do David Letterman para, o David perde a graça. Todos eles dependem dos textos dessas mentes extraordinárias que trabalham nos bastidores.

Mas, infelizmente, ainda tem muito jovem talentoso olhando para o mercado com as lentes do passado. Jornalistas, em especial, sonham trabalhar numa daquelas redações da década de sessenta, sem perceber que tem cada vez menos gente lá.

Como palestrante, ganho dinheiro escrevendo, mas não vendendo livros, porque não são best-sellers. Meus livros eu escrevi para ganhar dinheiro como palestrante, e eles têm ajudado. Escrevo meu blog com a mesma intenção (exceto meus blogs e vídeos onde falo de minha fé). É por isso que não levo livros para vender em palestras, e nem insisto para o cliente comprar meus livros, porque quando vou fazer uma palestra o objetivo do livro já foi atingido, que é o de ajudar no fortalecimento de minha marca e gerar contratos.

Escrevo o tempo todo, e não apenas pensando em livros. Até as entrevistas eu procuro dar por escrito (ou gravo enquanto falo) para ter depois material para meu site ou para transformar em matéria da TV Barbante. Aliás, escrever traz também surpresas agradáveis, como saber que meus textos têm sido usados em várias provas de concursos públicos. Se você pretende prestar concurso, comece a ler meus textos...

Resumindo tudo, eu não seria o palestrante que sou se não fosse escritor, mas poderia ser palestrante assim mesmo. Portanto, qualquer palestrante que tenha alguma inclinação para as letras deve traçar sua estratégia de carreira com a seguinte pergunta em mente: como posso capitalizar em cima de meus textos? Na maioria das vezes a resposta não será "escrevendo um livro" ou vendendo seus textos, mas simplesmente ajudando as pessoas com a disseminação da informação que você tem para transmitir.

16/06/2009

Filmar o palestrante?

Alguns palestrantes têm reservas quanto à filmagem ou gravação de suas palestras pelo cliente. Alguns contratos trazem uma cláusula proibindo a filmagem da palestra ou sua retransmissão. Você encontra também palestrantes que evitam ao máximo deixar que vídeos de suas palestras acabem no Youtube. O que fazer?

Primeiro é preciso que o palestrante entenda que vivemos um momento ímpar do acesso à tecnologia e não há como atuar hoje da mesma maneira como atuávamos há 20 anos. A tecnologia e o acesso a dispositivos de gravação e filmagem cada vez mais sofisticados vai continuar e hoje já posso ver pessoas na platéia com o braço erguido segurando um celular ou câmera para gravar minha palestra. Devo descer lá para confiscar o equipamento? Expulsá-las do recinto? Processá-las por uso indevido da imagem do palestrante? De jeito nenhum. Quando não puder lutar contra o inimigo tecnológico, junte-se a ele.

Há situações especiais quando o cliente pretende transmitir a palestra, ao vivo ou gravada, para diversas unidades da empresa no Brasil ou no mundo, o que pode de certa forma criar uma situação de perda de receita. Quando o palestrante faz uma palestra só que será reutilizada por todas as unidades, ele está deixando de ser contratado para as demais. Em casos assim pode até existir um acordo para acrescentar algum valor ao contrato, mas eu acho que isso também vai ficar tão usual quanto alguém filmar com o celular.

Algumas empresas têm suas unidades conectadas por vídeo como forma de integrar as equipes, e vai chegar uma hora quando o recinto onde você está em uma grande empresa não terminará mais nas quatro paredes. Então os palestrantes terão de se acostumar com a idéia de que na sala onde está fazendo sua apresentação o Big Brother está presente mandando sua imagem para outros lugares. É bom ir se acostumando ao olho de vidro que nos vê em todo lugar.

O que eu faço com relação a tudo isso? Primeiro, não me importo que filmem, mas você perceberá que não tenho material em DVD por exemplo para enviar para os clientes. Tenho vídeos caseiros e trechos de palestras na TV Barbante no Youtube que, como o nome diz, é amarrada com barbante, portanto quem assistir sabe que não está vendo uma gravação profissional. Isto ajuda a proteger minha apresentação.

Por que? Porque toda gravação em vídeo, por mais profissional que seja, jamais conseguirá transmitir o calor da presença pessoal, e um DVD enviado a um cliente pode até atrapalhar na contratação. Porém, se o cliente sabe que os únicos vídeos que poderá ver são as mambembes produções que coloco no Youtube, acabará pensando consigo mesmo, "Bem, acho que ao vivo ele deve ser melhor do que isso". Antes que me esqueça, já fechei vários negócios com empresas que me viram  no Youtube ou receberam por email um link que algum amigo mandou.

Uma outra questão é se o palestrante deve ou não publicar trechos ou cenas de palestras no Youtube, porque suas melhores cenas podem ser também seus pulos do gato, que podem ser copiados por outros palestrantes ou atrapalharesm na contratação, já que o cliente não vai querer ver de novo o que já viu. Duas observações cabem aqui.

Primeiro, quem copiar a letra e a música do Roberto Carlos pode, no máximo, se apresentar como um cover dele, cobrando uma fração do artista original, mas nunca será o Roberto Carlos. Segundo, por uma interessante característica do comportamento humano, quem assiste uma palestra em vídeo no Youtube geralmente está pensando em algo como "isso aqui serve para o José" ou "a Maria precisava ouvir isso". Então essa pessoa acaba se tornando uma agente em potencial, que acabará "vendendo" a idéia de me contratar na empresa onde atua. E ainda que os quinhentos colaboradores da empresa assistam todos os vídeos, dificilmente aquilo será exatamente o que falarei no evento para o qual me contratarem.

As piadas podem até ser as mesmas, mas eles não estão me contratando como humorista, mas como palestrante.

31/05/2009

O palestrante e a saúde

Quando o palestrante precisa acordar no meio da noite em um hotel longe de casa e pegar um táxi para o hospital, das duas uma: ou vai dar uma palestra para o turno da noite, ou está com cálculo renal. Eu estava com cálculo renal.

Era a madrugada de um evento e nem preciso dizer que fui obrigado a cancelar minha palestra naquele dia, algo que só tinha acontecido uma vez no dia do falecimento de minha mãe. Felizmente a empresa era cliente há anos e entendeu perfeitamente.

A lição aprendida? Primeiro, o palestrante deve cuidar muito bem de sua saúde, porque além dele e das pessoas mais próximas, pode haver uma platéia de dezenas ou centenas de pessoas esperando por sua palestra. Eu sempre procurei tomar cuidado com a alimentação em hotéis e restaurantes, e principalmente em não sair do hotel na noite que antecede o evento para evitar qualquer eventualidade.

Acidentes e assaltos são apenas alguns dos sinistros aos quais o palestrante está sujeito se decidir passear à noite em uma cidade desconhecida. Sem falar de palestrantes novatos que nunca saíram de casa e decidem cair na farra na véspera do evento. Vi um palestrante assim aparecer no evento com mais de uma hora de atraso, de ressaca, com a barba por fazer e ainda acompanhado. O cliente ficou por conta.

Alimentos contaminados são grandes inimigos do palestrante e por mais que você adote precauções, se já está na estrada há alguns anos como eu certamente sabe o que é ter uma dor de barriga daquelas de matar bem na hora da palestra.

Em eventos in company (99% de meus eventos são in company) fica sempre mais fácil o palestrante administrar um problema assim pedindo para alterar a ordem das apresentações ou até combinando com outras pessoas de tomarem seu lugar por alguns minutos enquanto vai aliviar seu fardo. Afinal, a última coisa que você deseja é se borrar todo na frente de todo mundo, não é mesmo? Bem, se a sua palestra for maçante isso pode até acrescentar alguma emoção ao espetáculo.

Não chegou a acontecer comigo, mas em uma ocasião cheguei a combinar com o grupo de teatro, que se apresentaria depois de mim, para inventar alguma intervenção em minha palestra caso eu desse sinal de tsunami iminente. Felizmente consegui controlar durante a hora e meia da palestra, permanecendo quieto no palco e com os pés bem juntinhos.

No caso da pedra no rim eu não tinha muito o que fazer. Foi hospital mesmo, seguido de uma semana de molho até a dita cuja decidir sair. Por isso o palestrante deve ter um bom plano de saúde e se informar se poderá utilizá-lo em caso de emergência em qualquer lugar do país. Alguns planos permitem serviços adicionais, como internações e tratamentos mesmo longe de casa.

É importante o palestrante ter em sua bagagem algumas coisas básicas, como analgésicos, anti-térmicos e outros apetrechos que podem ser úteis em emergências. Em minha mala até protetor auricular eu carrego, mas é só para dormir em voos barulhentos. Antes que me pergunte, é inútil em caso de diarréia.

17/04/2009

Um palestrante que ensina outros palestrantes?

Isso mesmo, esta é a surpresa de alguns quando visitam este blog. Por que razão eu estaria "entregando o ouro para o bandido", ou seja, dando dicas para aqueles que podem ser meus concorrentes?

A verdade é que neste segmento sempre existe lugar para mais um, pois não depende apenas de conhecimento, mas de talento. E sempre há alguém mais talentoso do que eu para ensinar aquilo que eu mesmo não tive oportunidade de aprender. Talvez você seja alguém assim.

O estilo também é importante na atividade do palestrante, e isso funciona um pouco como na música. Você pode ter um milhão de amigos cantando músicas do Roberto Carlos, mas Rei só tem um. Alguém que tente fazer uma palestra exatamente com o conteúdo de uma palestra minha certamente não irá ser a mesma coisa. Poderá até sair-se melhor do que eu para outro evento, outro público e outro cliente, mas nem tanto para o meu público ou o segmento que eu atendo.

Por isso dou dicas, ensino e não me preocupo muito com essa neura de estar entregando o ouro ao bandido. Mas eu não seria sincero se fosse só esta a razão de ensinar palestrantes. É claro que existe outra, menos nobre. Quem você gostaria que fizesse aquela cirurgia em seu coração, um cardiologista ou um professor de cardiologia?

Agora, para não dizer que não ensinei nada aqui, anote esta dica:

Crie temas adequados às necessidades das empresas e dos clientes pensando também nas datas importantes. Por exemplo, "Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho", "Semana do Meio Ambiente", "Semana da Enfermagem", "Semana da Administração", "Semana de Contabilidade" e por aí vai. Gostou da dica? Então pode começar a trabalhar seus temas e providenciar para que sejam encontrados em seu site.

04/04/2009

Imprevistos, do palestrante ou do evento

Imprevistos acontecem, e o palestrante deve estar pronto a evitá-los e contorná-los. Obviamente até palestrantes são seres humanos, sujeitos a doenças, acidentes e até à morte, portanto sempre existe a possibilidade de você não conseguir cumprir algo que prometeu. Mesmo assim, horários devem ser vistos como sagrados na carreira do palestrante, mas é importante saber administrar o horário também de outras pessoas para não queimar o seu filme.

Em uma palestra aberta ao público, quando viu que o número de pessoas presentes ao evento era pequeno, o promotor me segurou nos bastidores o máximo que pode esperando que mais gente chegasse. Com isso fiquei mais de uma hora preso no camarim e o público que efetivamente tinha chegado no horário ficou o mesmo tempo esperando. Adivinha quem eles pensavam que tinha se atrasado quando apareci no palco? O palestrante, evidentemente.

Em outro evento, um treinamento para profissionais liberais das 14 às 18 horas, o promotor me pegou no aeroporto insistindo que era seu costume levar o palestrante para almoçar em um ponto turístico da cidade, a uma distância considerável do local do evento. O restaurante atrasou o almoço, pegamos trânsito na volta e entrei na sala do treinamento correndo, suado, envergonhado e com as idéias em turbilhão. Cerca de 40 pessoas me esperavam há 30 minutos.

Em um evento com vários palestrantes, o palestrante que daria a primeira palestra da manhã simplesmente sumiu. Segundo o hotel, ele nem tinha dormido em seu quarto. Felizmente eu e outros palestrantes já estávamos ali e o cliente conseguiu alterar a grade de palestras do evento, o que de certa forma desapontou muitos participantes que vinham apenas para ver uma ou outra palestra de seu interesse e não encontraram o que queriam no horário planejado. Eu mesmo, que faria minha palestra à tarde, acabei fazendo de manhã, antes do almoço.

O palestrante sumido só foi aparecer na hora do almoço, com a roupa toda amassada, a barba por fazer, acompanhado de uma "amiga" que trouxe da noite. Nem preciso dizer que seu nome foi riscado da agenda do cliente. Fica aí o alerta para quem gosta de conhecer a noite de uma cidade estranha na véspera de uma palestra. Não digo que você irá agir de forma irresponsável como esse palestrante, mas sempre existe o risco de um assalto, um acidente ou uma comida diferente fazer mal bem na hora de sua palestra no dia seguinte.

Portanto, procure ao máximo minimizar os riscos e administrar seu tempo e também o das pessoas que acabarão interferindo no seu. Não aceite informações sem verificar. Eu mesmo caí numa armadilha quando acordei cedo no hotel onde seria um treinamento, desci à sala para preparar meu material e equipamento, e a encontrei fechada. Pedi informações na recepção e avisaram que a empresa tinha solicitado a sala a partir das 9 horas da manhã, ao contrário da informação que eu tinha, que era de iniciar às 8 horas. Como ainda eram 7 horas, voltei ao quarto. Retornei à sala cinco minutos após as 8 horas, só para encontrar todos os participantes presentes e me aguardando.

Até hoje só precisei cancelar uma presença em evento, apesar de muitas chegadas em cima da hora por culpa de vôos que atrasaram ou de situações como as que mencionei no início. A única vez em que precisei ligar para o cliente e suspender um treinamento que seria no dia seguinte foi quando minha mãe estava prestes a morrer vítima de câncer. Quando percebi que sua hora se aproximava, liguei para o cliente que entendeu perfeitamente a situação e conseguiu renegociar com o hotel e o buffet uma nova data. No dia seguinte, no horário do evento cancelado, eu estava ao lado de minha mãe quando ela deu o seu último suspiro.

14/03/2009

Apresentacoes em palestras

Não vou ensinar aqui como o palestrante deve preparar sua apresentação em Power Point pois há muitos sites que falam disso. O palestrante deve ter bem claro em mente o tipo de suporte que pretende utilizar para sua palestra. Eu uso apenas uma apresentação em Power Point porque isso inclusive me ajuda a ordenar minhas ideias e mantém um começo, meio e fim para a palestra.

Há quem utilize outros recursos como vídeos, sons, luzes e buzinas, mas eu me limito ao Power Point sem som porque é este o meu estilo. Apenas em treinamentos prolongados eu uso breves trechos de filmes famosos para promover discussões entre os participantes do treinamento. No mais, minha palestra é sustentada mesmo no gogó. Lembre-se de que se você usar obras inteiras, como músicas ou filmes, terá de pagar direitos autorais pois deixará de ser apenas uma citação ou amostra da obra. Consulte o ECAD se pretende fazer palestras com fundo musical.

Sons e efeitos visuais numa apresentação em Power Point podiam ter algum impacto quando a tecnologia surgiu, mas agora o palestrante que utiliza recursos assim pode atrapalhar sua mensagem. Esqueça aqueles efeitos de letrinhas aparecendo ao som de máquina de escrever ou vão pensar que você é do tempo delas. Sons tipo abertura do Windows a cada slide que é trocado também cansam. Tente outra coisa para acordar seu público.

Minhas apresentações são basicamente slides com frases ou textos interessantes que servirão de base para o que vou falar. Palestrantes que colocam tudo o que falam na forma de textos nos slides podem mandar sua palestra por email para o público ao invés de tirá-los de casa para escutarem sua leitura monótona no auditório. Portanto, aprenda isso: a apresentação em Power Point não é o conteúdo de sua palestra, é apenas sua espinha dorsal, sua cola ou lembrete. Você não está ali para mostrar que sabe ler, mas para apresentar ideias que pareçam tiradas na hora do forno do cérebro, não textos copiados.


As imagens que uso são de minha autoria. Fui cartunista nos tempos de faculdade, portanto é fácil para mim criar bonecos que ilustrem a ideia principal de cada slide da palestra. Os personagens que desenho também ajudam a despertar interesse e criam uma uniformidade visual, já que todos têm o mesmo estilo. Se você decidir usar desenhos e fotos de bancos de imagens, veja se não precisa comprá-las antes. Não vá falar de ética nos negócios pirateando o trabalho de outros sem autorização.

Alguns palestrantes morrem de medo que sua apresentação em Power Point caia nas mãos do contratante ou do público. Levam seu próprio notebook ou exigem que o cliente apague a cópia usada durante a palestra, como se aquela coleção de slides com frases do Einstein e da Madre Teresa, enfeitadas com clip art do Windows, contivessem a fórmula da bomba atômica.

Eu não me importo nem um pouco que copiem minhas apresentações, porque não dá para fazer muita coisa sem o o palestrante que as criou. Além disso, minhas ilustrações têm um estilo tão peculiar que se outro palestrante tentar usá-las acabará fazendo propaganda minha. Portanto, não fique estressado se a sua apresentação "vazar" e for parar na Internet. Eu já vendi palestras justamente por isso.

06/03/2009

Críticas ao palestrante ou à palestra

Não pense que tudo são flores na carreira de palestrante. O palestrante também enfrenta o descontentamento do público, como qualquer outro profissional que vende algum produto ou presta algum serviço. É claro que se esse descontentamento for generalizado é melhor você conferir seu trabalho, pois pode precisar reformular seus temas, sua forma de apresentar ou até mesmo o público ao qual dirige seus serviços.

Sim, o palestrante pode estar equivocado quanto ao público que deseja atingir e isso pode levá-lo ao desastre. Públicos diferentes têm expectativas diferentes, e se você não atendê-las irá causar frustração. É como você sair de casa para ouvir o Zeca Pagodinho e descobrir que naquela noite é uma orquestra sinfônica que toca. O contrário também gera frustração, principalmente se você for o único em roupa de gala numa roda de pagode.

Por isso é bom conversar antes do evento para descobrir o perfil do público e também quais são as expectativas da empresa que está contratando. Às vezes o fracasso se deve a uma falta de alinhamento entre os interesses da empresa contratante e do público. A empresa pode estar fazendo um evento para seus clientes e achar que seu público pode querer uma coisa e você acaba ficando dividido: se for pelo público, decepciona o anfitrião. Se for pelo anfitrião, decepciona o público.

O palestrante precisa ter um sexto sentido aí, um faro a mais para detectar possíveis causas de frustração e anulá-las de antemão. Mas nem sempre é possível conseguir isso.

É claro que há também as críticas que vêm dos críticos de carteirinha, aqueles que ficarão descontentes até se você distribuir automóveis para os presentes. Ele vai sair reclamando da cor.

Em meu vídeo "Não seja um banana qualquer", que já teve mais de 50 mil views, apareceram dois assim. Um deles deixou um comentário me chamando de "porco capitalista" e dizendo ter certeza de que "a platéia é formada pelos proletariados, sonhando um dia serem capitalistas ricos e bem sucedidos, e o palestrante já vem realizando o seu sonho (de) enganar e fazer os trabalhadores acreditarem que no capitalismo o sol brilha para todos; uma mentira".

Eu não escutava expressões como "porco capitalista" e "proletariado" desde a bancarrota da União Soviética. E depois tem gente que ainda não acredita na possibilidade de encontrar viajantes no tempo! Outro comentou que já viu mais de 200 apresentações de caras como eu que se deram mal na vida profissional e agora saem por aí encontrando platéias que pagam para ouvir bobagens. Ele deve saber do que fala, pois eu mesmo, tirando minhas próprias palestras, não acredito ter assistido 200 palestras de outros.

Mas é isso, acostume-se com críticas. Felizmente no meu trabalho elas têm sido exceção, mas mesmo assim preciso continuar me aprimorando para não deixar a peteca cair. Palestrante parado é palestrante morto. Ah, talvez você queira saber o que respondi ao que viu 200 palestrantes:

"Tem razão, muitos palestrantes sofreram reveses na vida profissional. Esses têm uma experiência valiosa para quem também sofre os mesmos reveses e precisa se recolocar no mercado, pois afinal ser palestrante também é uma opção profissional. Se você for executivo de uma grande empresa, e for dispensado por causa da crise, irá entender melhor esses 200 palestrantes que disse ter visto".

16/01/2009

Técnicas para falar em público

Fui entrevistado pelo site Bolsa de Mulher para uma matéria sobre falar em público. Como o tema é particularmente útil para palestrantes, decidi publicar a íntegra da entrevista aqui.

Por que é tão importante saber falar em público e por que há tantas pessoas que têm tanta dificuldade para fazê-lo?


Palestrante - A comunicação sempre foi importante, pois sem ela não teríamos a civilização que temos hoje. Um dos grandes diferenciais da raça humana é sua capacidade de se comunicar, de articular seus pensamentos, de transmitir idéias de forma ordenada. Cada vez mais somos solicitados a falar em público, seja em uma festa familiar, em uma reunião no trabalho ou em um evento qualquer. Qualquer pessoa deveria dominar essa técnica.

Obviamente ninguém precisa ser um palestrante profissional para falar em público, e nem a audiência espera isso da pessoa. Quanto maior sua capacidade na profissão ou atividade que você exerce, maior o desconto que sua audiência dará para possíveis falhas em seu modo de falar. Portanto, se você tem coisas importantes para dizer, vá em frente e diga, sem se torturar com a possibilidade de não ser 100% em sua capacidade de oratória. Quando você põe isso em mente deixa de fazer aquela cobrança excessiva de si mesmo na hora de falar, e reduz o estresse. Em suma, sua oratória até melhora quando você não se estressa por causa de sua oratória.

A dificuldade da maioria das pessoas está no medo, mas ele não deve ser eliminado e sim administrado e transformado em aliado. Quem fala deve aprender a transformar a adrenalina, liberada pelo medo, em energia e vigor para a comunicação. Os atletas se superam quando existe pressão, e não é diferente na atividade de falar em público.

Uma boa técnica para se eliminar o medo é não começar logo com o assunto, mas começar falando de si mesmo, de sua família, de seu time de futebol e outras amenidades. Essa técnica reduz a tensão do orador e também permite que o público o enxergue como um ser humano e passe a relevar suas falhas.

Além disso, se você começar falando daquilo que você está acostumado a falar, daquilo que é capaz de falar até dormindo, irá evitar aquele branco na memória que é o pavor de qualquer um na hora de falar em público. Tudo fica mais fácil quando você começa falando de um assunto corriqueiro. Depois desse aquecimento fica fácil fazer a transição para o assunto da palestra.

Suas características naturais também podem servir como uma moldura para o seu discurso. Se você tem um perfil bem-humorado e costuma contar piadas para os amigos, pode usar essa característica, mas nem tente ser engraçado em público se não for esse o seu modo de agir naturalmente quando está entre amigos.

Como uma pessoa extremamente tímida, que precisa se apresentar para garantir um emprego, por exemplo, pode superar seus medos e se sentir mais confiante?


Palestrante - O que mais atrapalha é o medo de se expor, de achar que as pessoas estão reparando naquele fio de cabelo fora do lugar, no gaguejar ou nas mãos trêmulas. Quem fala tem uma percepção muito maior desses detalhes do que sua audiência, que está prestando atenção na mensagem. A mensagem, esta sim, é o recheio de uma apresentação e deve ser interessante o suficiente para atrair e cativar a audiência.

Se a preocupação é com as falhas, o melhor mesmo é que o seu público fique sabendo delas logo de início. Se você falar de seus defeitos, seu público não terá a chance de descobri-los, portanto é você quem está no controle. Vale a pena assistir o filme "8-Mile A Rua das Ilusões" para ver como o cantor supera seus medos ao se abrir diante do seu público. Quando não temos mais nada para esconder, perdemos aquele medo de que as pessoas percebam que exista alguma coisa de errado conosco.

Quais são as principais técnicas e dicas para uma boa apresentação em público?


Palestrante - Analisar bem o público, a ocasião, os objetivos. Quem fala em público está ali como quem vai vender um produto, que são suas idéias. Isso deve ser feito da maneira que gerar uma maior satisfação para os ouvintes.

Você pode também treinar diante de um espelho, para analisar postura, expressões, timbre de voz, articulação das palavras. Se puder gravar ou filmar a si mesmo, o que hoje dá para fazer até com um celular, você poderá analisar o resultado, fazer correções e pedir críticas e sugestões a algum amigo. Nos meus treinamentos de comunicação verbal eu costumo pedir aos participantes que venham à frente para falar sobre algo enquanto são filmados e depois analisamos juntos os resultados.

Há diversas dicas práticas que a pessoa que fala em público pode conseguir com a ajuda de um profissional ou lendo livros sobre o assunto. Uma é trabalhar a entonação da voz e aprender a fazer uso do silêncio para sublinhar suas palavras. Outra é decidir se deve falar de improviso, usar anotações ou slides, ou ainda ler um texto corrido. Cada forma tem vantagens e desvantagens.

Se você decidir ler um texto, nunca faça isso segurando uma folha de papel na mão, pois ela fatalmente irá denunciar qualquer tremor e comprometer a segurança que a sua fala deveria transmitir. Aconselho o uso de pequenos cartões, que não revelam que as mãos estão tremendo.

Há fatores físicos que podem comprometer ou colaborar com o desempenho da pessoa?


Palestrante - Sim, tudo pode acontecer durante uma palestra. O uso de microfones e o manuseio das apresentações no computador são coisas que precisam ser treinadas de antemão, para não correr o risco de ter problemas de som ou perder minutos preciosos tentando entender o equipamento. Microfones podem se transformar em instrumentos de desastre, quando não são usados da forma correta.

As falhas técnicas acabam desviando a atenção do público, e o mesmo acontece com vícios de linguagem, como o uso excessivo de expressões como "ou seja", "sendo assim", ou então sons como "hããã", "né". Movimentos estranhos com o corpo, com os pés e com as mãos também são inimigos do orador por desviarem a atenção.

Quem fala em público deve se imaginar na tela de uma TV apresentando um telejornal. Isto implica manter o público atento à sua boca e expressões, e aos movimentos de suas mãos, que devem ser mantidas dentro dessa "tela" de TV imaginária. As mãos só devem enfatizar a fala quando mantidas acima da cintura para não desviar a atenção para muito longe do rosto do orador.

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