Não são poucas as situações em que o palestrante passa por constrangimentos. Não estou falando de sua palestra ter sido tão ruim que você acabou voltando para casa com o suficiente para o sustento do mês: tomates, ovos, pepinos, abobrinhas, repolhos etc.
Falo de situações constrangedoras criadas independentemente do palestrante ou de seu desempenho. Uma bastante comum é alguns funcionários da empresa acharem que o palestrante é uma espécie de padre para quem devem contar os pecados - dos colegas. Você será capaz de prever se isto irá acontecer só pelo clima de animosidade entre os funcionários.
Minha sugestão é que você aprenda a dizer "Hum... Hum..." a todo tipo de reclamação que trouxerem a você. Lembre-se de que você não sabe quem são as pessoas e nem qual é a situação da empresa. Apenas escute educadamente e não dê palpite. Meia hora depois você estará tomando café com a vítima dos comentários e esta, por sua vez, terá também seu rosário de reclamações dos colegas.
Outro constrangimento ocorre quando algum gerente, diretor ou dono da empresa acha que é palestrante. Faz uma palestra de abertura péssima, mas é aplaudido de pé por quem tem o emprego na berlinda. Então vem você e faz uma palestra fantástica e o cara muda de feição. Mal se despede de você. Sim, pode apostar que existe ego em situações assim também.
Algumas empresas oferecem mimos ou presentes ao palestrante, e geralmente é algo típico da região. Portanto, você que tomou o cuidado de levar cueca tamanho pequeno para não viajar com bagagem para despachar é capaz de voltar com uma cesta imensa de frutas da região, licores em garrafas de vidro ou uma linda faca de churrasco que vai enroscar no Raio X. Vou deixar para sua criatividade descobrir como despachar tudo isso sem ter levado mala, ou como passar pelo Raio X sem ser preso.
Existe ainda um constrangimento ligado aos mimos. Falo daquela entrega pomposa do presente feita no palco diante de uma plateia de quinhentas pessoas, seguida de um discurso de como decidiram escolher um presente para seu cônjuge. Tudo isso sem o mestre de cerimônia saber se o seu estado civil é casado, viúvo ou divorciado. Meu conselho? Não diga nada. Apenas sorria e aceite o presente.
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25/09/2010
O palestrante constrangido
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