Depois da morte e de sobrar no altar de buquê na mão, o terceiro pavor que assola o ser humano é dar um branco na memória na hora de falar em público. Para o palestrante, então, isso equivale a morrer no altar de buquê na mão.
A principal causa do branco é o medo, o que é natural quando o palestrante enfrenta uma audiência desconhecida e aparentemente hostil. O palestrante experiente sabe administrar o inevitável medo e transformá-lo em adrenalina, como fazem os atletas em dia de olimpíada. Não é no treino que eles batem recordes, mas na hora "H", quando estão sob pressão.
O medo, do palestrante ou não, é coisa velha. Vem dos tempos de Adão, quando aquele que nasceu nu e sempre viveu assim descobriu o óbvio: que estava nu. Então tentou se esconder, primeiro de si mesmo com um precário avental de folhas de figueira, depois de Deus, entre as árvores do Éden. Nada funcionou. Por isso hoje, basta o avental do palestrante perder uma folhinha diante de um público de trocentas pessoas e todas partem pelo mesmo caminho, como pérolas de um colar de fio partido.
Perder o fio da meada é um desnudamento catastrófico para qualquer palestrante. É expor algo que ele gostaria que ficasse escondido atrás de um avental de folhas de figueira - ou de bananeira, se possível. É o receio de que as pessoas descubram aquilo que ele sempre soube: que ele não é perfeito e está sujeito a falhas. Todos os outros medos são, de certo modo, consequência deste.
Mas o que o palestrante pode fazer para não sofrer desse terrível medo que vem quando ele menos espera? E por que isso ocorre em uma ocasião e em outra não? O que pode transformar esse terror no branco que o leva a esquecer de onde veio e para onde vai em sua apresentação diante de uma multidão de desconhecidos?
Se eu disser que esqueci você acreditaria? Bem, seja como for, prometo lembrar que voltarei aqui para contar. Não vá você se esquecer de voltar.
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