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26/11/2009

O palestrante que constrange

Um dos temas de meu cardápio de palestras é voltado para eventos comuns às médias e grandes empresas: segurança no trabalho e meio-ambiente. Essas empresas realizam todos os anos a SIPAT - Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho e a Semana do Meio-Ambiente.


Embora eu não seja técnico ou engenheiro de segurança do trabalho ou meio-ambiente, é na qualidade de profissional de comunicação que sou contratado. Grandes empresas têm seus técnicos e engenheiros de segurança que treinam regularmente suas equipes. A última coisa que desejam é alguém de fora que venha ensinar procedimentos técnicos de segurança ou meio-ambiente que, embora corretos, podem não ser exatamente os adotados pela empresa em suas particularidades.

Então me contratam para falar, não de como usar um EPI (Equipamento de Proteção Individual), mas da importância disso para sua vida e saúde. São palestras motivacionais visando promover uma atitude e um comportamento seguro ou de respeito ao meio-ambiente.

Em alguns casos os eventos incluem também atrações mais lúdicas como peças de teatro ou shows de mágica, sempre com objetivos comportamentais. Em qualquer situação percebo que essas empresas também estão preocupadas com uma questão importante: o constrangimento de seus funcionários pelo palestrante ou pelos atores de teatro que às vezes os convidam para o palco e os transformam no palhaço da vez.

Algumas empresas que me contratam contam que tiveram experiências ruins com palestrantes ou profissionais de teatro que constrangeram seus funcionários, expondo-os ao ridículo diante de seus colegas. Isso nem sempre termina no final do evento, mas aqueles funcionários podem ser obrigados a conviver depois com brincadeiras e gozações dos colegas por terem sido vítimas de um palestrante sem tato.

Portanto, se você for o palestrante de um evento motivacional, lembre-se disso: nem todo mundo gosta de pagar o mico de ser colocado sob os holofotes. As pessoas devem ser respeitadas, e se o palestrante pretende zombar de alguém deve zombar de si mesmo. Se o palestrante acha que alguém tem de pagar algum mico, que seja ele o tal.

Para quem vive nos palcos é muito fácil e simples ser motivo de riso, porque a profissão de palestrante também tem um pouco de ator e comediante, mas para quem nunca subiu num palco, uma experiência assim pode deixar marcas profundas e desagradáveis.

Isso pode variar bastante de público para público e coisas como nível cultural ou profissão também têm uma grande influência. Às vezes é possível brincar com um público de vendedores, pois gostam de brincadeiras e têm "pele grossa", por estarem o dia todo em situações de constrangimento levando a porta na cara. Mas um público de operários, por exemplo, que têm um trabalho mais reservado ao ambiente de produção e com poucos contatos com pessoas de fora, pode ser extremamente constrangedor ser alvo de brincadeiras em público diante de colegas e chefes.

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