Se você deseja seguir a carreira de palestrante, é importante entender que o palestrante é um contratado da empresa e a empresa é sua cliente. Parece óbvio o que digo, mas não é quando você passar a se achar a última bolacha do pacote.
O "vício" de ensinar pessoas pode fazer você sentir-se superior e acabar tratando as próprias pessoas que contrataram sua palestra como um bando de ignorantes que não têm direito a questionar o palestrante. Eles devem simplesmente engolir o que o palestrante ditar. Quando perceber que este sentimento se formando em você, é hora de fazer uma auto análise.
Procure verificar se você fica alterado quando alguém questiona o que disse. Geralmente isso pode ocorrer com maior frequência nos workshops e treinamentos, quando existe um número menor de participantes e uma interação maior com o palestrante ou facilitador. Às vezes em palestras você consegue detectar um rosto avesso ao que disse, mas se os outros se mostrarem concordes, não se preocupe. Aquele deve ter nascido assim, com o rosto no avesso.
Você já procurou perceber se ocorre uma alteração em sua própria face quando alguém contesta o que você disse ou diz algo que você não gosta? Pense nas pessoas que você conhece. Eu conheço algumas que sei claramente quando discordam de mim, ainda que não o digam. Uma leve alteração de suas feições durante uma conversa denuncia isso claramente. Seu público também será capaz de perceber se você se alterar por discordar da opinião de alguém da audiência, e isso não é bom.
Lembre-se de que na cabeça da audiência (estou falando de empresas que contrataram o palestrante) existem duas classes de pessoas: nós (a equipe de colaboradores da empresa que está gastando dinheiro com o palestrante) e você (o palestrante que acha que sabe mais do que nós que trabalhamos aqui todos os dias). Você não irá querer criar um enfrentamento com seus clientes, não é mesmo?
Aqui vai uma dica: Procure reagir sempre sorrindo, mas não um sorriso sarcástico, nem amarelo. Um sorriso condescendente, do tipo "eu poderia concordar com você" irá ajudar a resetar suas feições quando elas se programarem para a indignação. Ao se programar para sorrir diante de toda situação de enfrentamento você acaba enganando suas expressões e as linhas de seu rosto "se esquecem" de marcar uma cara indignada, de nojo, asco, repulsa, soberba etc. etc. Você pode até ficar com cara de bobo, mas é melhor se passar por bobo do que perder o cliente.
Se for um workshop, você pode tirar a atenção de sobre si e, diante da contestação de alguém, passar a bola para todos os outros, com algo do tipo "O que vocês acham da opinião do Teodósio? É válida ou não?". Nessa hora podem aparecer simpatizantes de sua opinião e contrários ao Teodósio e você poderá medir o quanto de sucesso terá numa tentativa de réplica.
Antes que eu me esqueça, esta dica é contra indicada em empresas onde o Teodósio é gerente, diretor ou presidente. Nestes casos é melhor você se sair com um "Sabe que eu não tinha pensado nisso?!" Afinal, prudência e caldo de galinha nunca fizeram mal a ninguém.
Dicas do palestrante Mario Persona para palestras, palestrantes, mestres de cerimônia, comediantes, oradores, conferencistas, professores, advogados, políticos, estudantes, apresentadores, líderes, repórteres, jornalistas, formadores de opinião...
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30/01/2011
O palestrante irado
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