Em seu excelente boletim "The Monday Morning Memo", Roy Williams fala do escritor como um colecionador. Ali ele cita alguns autores, como Marcel Prost, que disse que "o dever e tarefa de um escritor é de interpretar", e Arthur Shopenhauer, que escreveu que "o negócio do romancista não é relatar grandes eventos, mas tornar as pequenas coisas interessantes".
Então Roy continua falando de suas coleções de fotos e coisas nas quais ele enxerga algum significado latente. Assim é o trabalho de um palestrante, e se você quiser se tornar um é bom começar a colecionar frases, coisas e histórias.
Não quero dizer com isso que palestrante precise ser um papagaio de frases alheias, mas ele deve saber aplicar essas frases, coisas e histórias na forma de parábolas, ilustrações e analogias para tornar seu assunto interessante. O melhor mesmo é quando esses itens colecionados não têm nada a ver com o assunto.
Eu costumo contar a história de minha criação arruinada de abelhas quando quero mostrar a importância da comunicação e trabalho em equipe. Uma simples caneta tirada do bolso se transforma em um Spitfire enquanto conto a história do garotinho e de seus arremedos de imaginação. Uma das histórias mais solicitadas é da experiência que tive em um restaurante nos Jardins, em São Paulo, na hora da sobremesa.
O segredo não está nas frases, coisas e histórias, mas na habilidade do palestrante aplicá-las na formação do conceito que pretende passar. Mas isso não vem sem esforço ou simplesmente confiando em uma memória prodigiosa. É preciso um trabalho prévio.
O meu trabalho prévio é uma coleção de anos de anotações imediatamente na hora do fato. Qualquer coisa interessante -- uma frase, um detalhe no atendimento, um acontecimento real -- é imediatamente anotada e guardada para ser usada quando eu puder. Tenho uma lista de "causos" anotada na forma de uma simples linha, apenas para me lembrar do episódio.
Eventualmente eu desenvolvo o "causo", acrescento cores e aromas, e fico imaginando nas possibilidades em que pode ser utilizado. Vendas? Comunicação? Relacionamentos? Segurança no trabalho? Meio ambiente?... e por aí vai. Eventualmente eu encontro uma utilização e ele acaba indo morar em uma de minhas palestras.
Mas lembre-se de que não são coisas grandes, mas coisas pequenas de onde posso extrair grandes ideias ou ao menos ilustrá-las. Se você costuma ler meu blog www.mariopersona.net verá que cada crônica traz um "causo" assim. Portanto, comece já sua coleção, pois amanhã você poderá precisar tirar da manga uma parábola, analogia ou ilustração para temperar sua palestra.
Como lição de casa sugiro uma visita à página da Wikipedia que relaciona as dezenas de figuras de linguagem, dentre as quais a metáfora e a analogia são apenas duas: http://pt.wikipedia.org/wiki/Categoria:Figuras_de_linguagem
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07/01/2012
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