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15/01/2012

O relacionamento do palestrante com a imprensa

Este texto originalmente fazia parte de uma entrevista que dei sobre o assunto, porém com foco na profissão do médico. Mas os princípios que regem o relacionamento do médico com a imprensa são os mesmos para outras profissões, daí serem importantes que o palestrante também esteja ciente deles.



A profissão do médico impõe limites quanto ao nível e tipo de exposição que pode ter, por isso ele acaba ficando em desvantagem em relação a outros profissionais que têm liberdade para fazer propaganda de seus serviços sem qualquer restrição. Muitas formas de propaganda na área de saúde acabam esbarrando no código de ética da profissão.

Por isso o médico deve saber aproveitar muito bem as possibilidades de se expor e promover sua capacidade profissional, sem caracterizar isso como propaganda ou se transformar numa máquina de lavar roupa ou em um pacote de sabão em pó aos olhos de seu público. O relacionamento com a imprensa é importantíssimo neste sentido.

As pessoas querem saber mais sobre saúde, e a imprensa é a ponte que liga o público leigo ao profissional de saúde, portanto ela deve ser vista sempre como aliada do médico. Mas, para que a imprensa saiba que o médico existe e se interesse em entrevistá-lo, é preciso que ele já tenha alguma exposição na mídia.

Isso pode ser facilmente conseguido hoje, pois há muitas revistas e jornais regionais ou locais, além de sites na Web, dispostos a ceder espaço para colunas de saúde. Se o médico souber se articular bem e, principalmente, traduzir seu conhecimento para a linguagem do leitor comum, ele pode conquistar esse espaço. Mesmo que não seja um exímio escritor, ele sempre pode lançar mão de um ghost-writer para ajudá-lo nessa tarefa.

Outra possibilidade é ter um site ou blog na Web e alimentá-lo regularmente com informações relevantes. Não estou falando de atender clientes, consultar ou ensinar as pessoas a fazerem curativos ou cirurgias na mesa da cozinha, mas de informações básicas e interessantes sobre os cuidados com a saúde, prevenção de doenças ou as conseqüências da falta desta.

Sei que há médicos que desdenham e chamam esse tipo de comunicação de "medicina-pop", algo como baixar o nível da medicina para o patamar do cidadão comum. Considerando que é o cidadão comum quem paga suas contas, o profissional deve procurar uma forma de fazê-lo sem diminuir a importância de sua profissão ou cair na vala comum do curandeirismo ou da banalização daquilo que é complexo.

A dificuldade em enxergar o valor disso está na concepção errônea que muitos têm da medicina, que por séculos foi tratada como uma atividade para curar doenças e não para preservar a saúde e ganhar em qualidade de vida. Esta é a abordagem à qual me refiro quando o assunto é exposição e comunicação com o público.

A grande vantagem de ter um site é que os jornalistas, quando têm uma pauta sobre um determinado assunto, se valem da Internet para suas pesquisas, e se a página do médico lhe ajudar na hora de escrever sua matéria, o jornalista poderá acabar entrando em contato com o médico para uma entrevista. Quando o jornalista fica satisfeito com a qualidade da fonte, acaba anotando aquele nome em seu caderninho e voltando a procurá-lo sempre que tiver uma pauta relacionada a saúde.

Nem é preciso falar que no relacionamento com a imprensa o médico deve ser o mais claro e simples possível em sua comunicação. Jargões médicos precisam ser traduzidos em linguagem do dia-a-dia, até para não correr o risco de serem erroneamente interpretados pelo jornalista, que não é um profissional de saúde. Se o assunto for complexo, é melhor que o médico peça ao jornalista para enviar as perguntas por e-mail e fazer a entrevista por escrito, para evitar perder algum conceito importante ou que a mensagem chegue distorcida ao receptor.

Como durante esse processo de entrevista, tradução e preparação de uma matéria podem ocorrer equívocos, o médico não deve se desesperar caso descubra que o que disse foi distorcido ou publicado com erros. Antes de qualquer coisa ele deve analisar se foi um erro grave ou algo que poderá passar despercebido pela maioria das pessoas.

Se foi grave, ele pode pedir a publicação de uma errata, mas isso também precisa ser feito com muito tato para não criar uma animosidade com a imprensa. Lembre-se de que estamos falando de criar um bom relacionamento com a imprensa para ser sempre procurado e seu nome estar sempre em evidência, não em brigar com ela para acabar riscado do caderno dos jornalistas.

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