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30/05/2012

O palestrante surfista

Espero que não tenha se assustado com o título, "O palestrante surfista", mas não quis dizer que eu seja um palestrante surfista. Sou apenas palestrante e estou mais para rolar na onda do que ficar sobre ela. O palestrante surfista é aquele que sabe escolher as ondas certas para que suas palestras não se transformem em fracas marolas. Nesta profissão, quanto menor o impacto de sua onda, mais rápido o público se esvai para fora do auditório.



Gráfico de Atenção/Retenção X Tempo de Palestra
Costumo utilizar o gráfico acima na preparação de minhas palestras, nas palestras e treinamentos de oratória (falar em público). Também o mantenho projetado na tela que tenho na testa pelo lado de dentro de meu crânio durante a palestra. Todo palestrante precisa saber organizar seu tempo e dividi-lo bem para criar ondas regulares com picos de interesse.

Primeiro é preciso prever o tempo de palestra. Se você tem 40 minutos ou uma hora talvez não seja conveniente passar um vídeo longo e cansativo, ou você terá uma linha de atenção batendo no fundo do poço de interesse da platéia. Uma palestra de três horas também é difícil de levar na base do impacto ou show. Nem mesmo um filme de Hollywood desse comprimento nós conseguimos assistir de uma tirada só.

Então um bom tamanho é até uma hora a uma hora e trinta minutos de palestra, para dar tempo ao palestrante de gastar alguns minutos na abertura fazendo o aquecimento, e também no fechamento, que pode ser um wrap-up (embrulha tudo, resumão geral), uma história marcante e comovente, ou um caso de humor que ilustre todo o tema.

Entre uma coisa e outra é preciso que o palestrante crie picos de interesse, que podem ser "causos" interessantes, atividades lúdicas ou tiradas cômicas que acordem a audiência. A distância de um pico ao outro pode variar conforme a palestra e o público. Enxergue a parte de baixo da onda verde como o "tutano" do tema, que geralmente causa uma certa queda de atenção (para não dizer sono profundo). O glacê do bolo está nos picos (amenidades, humor etc.). 

Dependendo da audiência, a linha verde pode se inverter. Se você for falar de um assunto muito específico para uma plateia muito específica (tipo a descoberta de um universo paralelo para doutores em física quântica), pode ser que qualquer gracinha só venha a estragar o interesse. Ao invés de criar picos de atenção suas gracinhas podem criar fossos de desapontamento. Portanto, não tome este quadro como uma regra. Use a inteligência, que costuma ser o melhor equipamento que o palestrante deve carregar. 

Enfim, alguém já disse que as melhores palestras devem começar com uma abertura extraordinária e terminar com um fechamento bombástico, deixando estas duas partes o mais perto possível uma da outra.


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