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14/07/2012

O palestrante ao vento

Recebi um email de um leitor preocupado por ter encontrado um de meus vídeos em um site alheio. Ele sentiu-se no dever de me avisar por achar que eu estava sendo lesado. Segundo ele, o mesmo site já havia publicado um material sua sem pedir permissão e nem sequer respondeu os emails que enviou protestando.


A questão do direito autoral na era Internet é complexa e não quero discutir isso aqui. Quero apenas falar do palestrante, que hoje tem esta ferramenta fantástica que permite levar seu nome e sua expertise a milhões de pessoas a um custo praticamente zero. E quem leva? Milhões de pessoas... se você deixar.

Desde o início da Internet -- sou um dinossauro no pedaço -- percebi que o velho aviso de "Copyrights" colocado em alguns sites não passava de um grande empecilho para quem quisesse exposição para o seu trabalho. Então, em um dos primeiros boletins eletrônicos que criei e chegou a ter alguns milhares de assinantes, acrescentei o aviso:

"Informação livre. COPIE, IMPRIMA, DISTRIBUA, envie por e-MAIL, CARTA, FAX, RÁDIO, TV. Ou pombo-correio! Mantenha a fonte."

 E os leitores obedeceram e minhas crônicas viraram arroz de festa. Logo o meu nome estava em mais de 500 sites, jornais e revistas, dentro e fora da rede. De um ilustre desconhecido eu me tornei um levemente notório palestrante. E para não perder o costume, sempre que faço palestra em uma empresa aviso que podem copiar minha apresentação e distribuir à vontade em sua rede e fora dela. Já fui contratado por uma empresa que encontrou uma cópia "pirata" de uma apresentação minha, "contrabandeada" para lá por alguém que tinha trabalhado em outra empresa onde me apresentei.

Se você ainda é da época em que se colocava cadeado na informação e insiste em ameaçar processar os leitores que entram em seu site, meus pêsames. Você ainda não entendeu que velhas práticas morreram e é um palestrante às antigas. Tudo bem, o material é seu e você faz o que quiser com ele, mas está perdendo uma oportunidade e tanto com essa mentalidade retrógrada. É melhor ler Seth Godin e outros que pensam diferente de você.

Se pensar bem, a grande maioria dos palestrantes não vive do material que produz para a Internet e talvez nem mesmo de seus livros e vídeos, mas sim de suas consultorias, palestras e treinamentos presenciais. Proteger com copyrights e ameaças um artigo, livro ou vídeo que não lhe dá um centavo de retorno não é tão inteligente quanto deixar que as pessoas copiem livremente até que isso caia nas mãos de alguém que irá querer contratá-lo.

Está ventando lá fora? Então saia e rasgue seu travesseiro de plumas do conhecimento. Permita que o vento carregue. Um dia você será chamado por alguém querendo contratá-lo e verá na testa de seu novo cliente uma peninha sua grudada. Você não saberá como ela chegou lá, mas eu sei.

Visite este site:
http://www.creativecommons.org.br/

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