Em minhas palestras costumo usar humor. Sou bem humorado por natureza e considero o humor uma espécie de adesivo mental. Se você escutar um texto técnico de uma página, dificilmente será capaz de repetir aquilo cinco minutos mais tarde. Se escutar uma piada de igual tamanho, saberá repeti-la palavra por palavra cinco anos depois.
O humor estimula nosso colorido hemisfério direito, enquanto a mensagem lógica e racional passa batida pelo permeável e monótono hemisfério esquerdo sem deixar muitos resíduos. Se quiser que as pessoas se lembrem do que você disse, ofereça uma mescla de informação técnica, lógica e racional, misturadas com a dose certa de humor. Qualquer professor de cursinho vestibular sabe disso.
Mas, como já disse, se isso funciona com gregos, pode não funcionar com troianos e vice-versa. Eu tenho ciência de que nem todo mundo gosta de minhas palestras, mas raramente as opiniões negativas chegam até mim. Até hoje registrei apenas duas empresas que expressaram seu descontentamento, e percebi que em ambos os casos minha mensagem não estava alinhada à cultura da empresa por eu ter usado humor.
Curiosamente, poucos dias depois recebi de um colaborador de uma dessas empresas um email que dizia: "Assisti sua palestra aqui na [empresa] e achei uma palestra muito interessante, por isso entrei no seu site para obter algumas informações".
Se o cliente que expressou seu descontentamento era grego, esta pessoa da audiência era troiana e queria um orçamento de palestra para um evento em sua universidade. Torço para dar certo. Sempre quis conhecer Troia para ver de perto Diane "Helena" Kruger e Brad "Aquiles" Pitt. Além do cavalo, claro.
Para entender como a questão da cultura em relação ao humor é forte nas empresas, veja estes trechos que selecionei do livro "Marketing Internacional", de Philip Cateora e John Graham, que traduzi em 2008 e foi publicado no Brasil em 2009 pela LTC Editora do Grupo Gen:
"Os consumidores japoneses realmente leem os manuais de software, e alguns consideram isso até uma diversão, por isso os manuais costumam incluir personagens de cartum e outras formas de entretenimento... Até mesmo interfaces de programas são animadas... E engenheiros japoneses altamente técnicos não se consideram infantilizados quando veem ou interagem com essas animações... Se você colocar esses personagens engraçadinhos nos manuais de outros países o cliente irá duvidar da seriedade da empresa... Os alemães irão rejeitar manuais que contenham humor".
Fique atento à cultura da empresa onde pretende fazer sua palestra, mas mesmo assim esteja ciente de que mesmo em sua audiência haverá gregos e troianos. Mesmo que a direção siga a cultura da empresa, isso não significa que todos os seus colaboradores estarão no mesmo clima, portanto pode ser que agrade a uns e desagrade a outros. Antes que me pergunte, as duas empresas onde o humor na palestra não agradou não eram gregas, troianas ou japonesas. As duas eram alemãs.
Vivemos um período de profundas mudanças e a globalização dos mercados cresce em meio à aceitação universal do modelo democrático da livre iniciativa e das novas tecnologias de comunicação, entre elas o telefone celular e a Internet. O Marketing Internacional ganha papel fundamental neste tempo de comércio sem fronteiras e afetado por questões como equilíbrio demográfico, aquecimento global e meio ambiente, avanço das ciências biológicas, tecnologia e poderio militar, entre outros. A obra acompanha estas transformações no marketing global, aborda seus aspectos cultural e ambiental, analisa novas oportunidades e o impacto resultante das três tendências importantes do mercado atual: a expansão dos emergentes, o crescimento do segmento de classe média e a criação dos grupos regionais. Esta edição traz novidades: enfatiza as questões da competição, as mudanças nas estruturas do mercado, a ética e a responsabilidade social, as negociações e a preparação do administrador para o Século 21. Outras inovações são os mapas em cores, a abertura dos capítulos com uma Perspectiva Global, um exemplo real de experiências corporativas; a valorização da Internet como ferramenta (sempre que cita dados obtidos na Web aponta o endereço de origem); os novos Exemplos e Ilustrações, os boxes Atravessando Fronteiras, com questões contemporâneas que visam estimular o pensamento crítico do leitor e a Agenda do País, uma ferramenta online que permite uma completa investigação de um mercado-alvo no exterior.
Philip R. Cateora é professor emérito da University of Colorado at Boulder. Concluiu seu doutorado na University of Texas at Austin. Em sua careira acadêmica na University of Colorado foi chefe da Divisão de Marketing, coordinador do Programa Internacional de Negócios e reitor. Leciona um variado leque de cursos de marketing e negócios internacionais - dos fundamentos da matéria até a ementa ministrada em doutorados. É membro honorário da Academy of International Business.
John L. Graham, Ph.D, é reitor e professor de Negócios Internacionais e Marketing da Graduate School of Management da University of California, em Irvine. Já lecionou em inúmeras instituições, como Georgetown University School of Business, Madrid Business School (Espanha) e University of Southern California, entre outras.
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