Obviamente, para ser palestrante é preciso saber se comportar diante de uma audiência, o que inclui oratória, linguagem corporal e outras coisas. Nunca fiz um curso de oratória formal, mas sempre estudo o assunto, leio, pesquiso. Falar em público é um pouco como ser ator. Há técnicas de entonação de voz, do uso do silêncio estratégico, do movimento das mãos e do corpo. Há expressões que devem ser usadas em alguns momentos, gaguejos. Até a parada para beber água deve ser estudada.
O importante em tudo isso não é criar uma imagem toda-poderosa de alguém que deseja subjugar a platéia, mas criar empatia. Fazer o palco descer ao nível da platéia ou, na maioria dos casos, fazer a platéia subir. É importante que vejam na frente um igual e que aquilo está sendo uma troca. Eu troco meu conhecimento por sua atenção. Ambos têm algo de valor que pode ser trocado.
Jamais o palestrante pode se colocar na posição de quem sabe tudo, ou mesmo que sabe tudo sobre aquele assunto que está abordando. Ninguém sabe tudo. Aliás, acredito que os bons palestrantes são os que sabem menos que os especialistas, mas são capazes de traduzir o que um especialista falou ou escreveu. Durante uma palestra falei algo que fez um senhor levantar a mão na primeira fila. Eu havia citado uma determinada lei das probabilidades e ele me corrigiu, apontando uma falha em minha explicação.
Voltando-me para a platéia, disse a eles que eu tinha vindo ali para ensinar mas tudo indicava que tinha chegado minha hora de aprender. E estimulei aquele senhor, um professor universitário, a falar mais sobre o assunto. Aquilo trouxe um enriquecimento a todos, inclusive a mim. É importante reconhecer nossas limitações e considerar qualquer aparte como uma ajuda para enriquecer o evento, e não um motivo para discutir ou tentar defender uma reputação.
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20/02/2007
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